Marina fala para 2 mil em evento nos EUA; em artigo, condena construção de Belo Monte
Apresentada como "a heroína da floresta", a senadora Marina Silva, candidata do PV à Presidência, discursou ontem à tarde em Washington para uma plateia de mais de 2 mil pessoas no National Mall. "Sou Marina Silva, da Amazônia, Brasil", disse a senadora em português, durante o show de comemoração dos 40 anos do Dia da Terra. O público não entendeu muita coisa do que ela falava, porque o intérprete ao lado de Marina engasgou algumas vezes e deixou de traduzir vários trechos de seu discurso. Mas a senadora falou sobre o comprometimento do Brasil com redução de emissões de poluentes e manifestou apoio à Lei do Clima que será votada nos Estados Unidos. Ela foi descrita como a "pessoa-chave para redução do desmatamento" no Brasil.
"O futuro de nossos filhos depende do que fizermos agora", disse. "Estamos diante de um momento histórico - o povo americano já fez coisas boas em muitos momentos, em favor de humanos, e agora é hora de assumir esse mesmo compromisso em relação à trajetória do planeta."
Desconhecida. Marina foi bastante aplaudida, mas a grande maioria das pessoas presentes não sabia quem ela era. A senadora e presidenciável nem sequer estava listada nos folhetos de apresentação do evento. Os informativos se limitavam a anunciar a apresentação de sindicalistas como Richard Trumka, do reverendo Jesse Jackson, decano do movimento dos direitos civis, e do advogado e ambientalista Robert Kennedy Jr., filho de Bob Kennedy.
"Fiquei muito impressionada com a história dela, que não sabia ler até os 15 anos e depois virou ministra, mas não, nunca tinha ouvido falar nela", disse Abby Marshak, de 23 anos.
Robert Kennedy posou para uma foto ao lado de Marina e garantiu: "Todo mundo que lê jornal sabe quem é a Marina Silva. O Brasil é uma das maiores economias e deu exemplo ao resto do mundo ao ter descarbonizado o sistema de transporte, mas também tem grandes problemas." Segundo Kennedy, há dois futuros para o Brasil, um de economia de mercado que seja impulsionada pelo conservacionismo e pela sustentabilidade, e a outra de uma economia que só enriquece alguns por meio do empobrecimento de muitos. "E Marina está do lado certo desse debate."
O curto discurso de Marina, de pouco mais de dois minutos, veio antes de apresentações de artistas como Sting, John Legend, Joss Stone e Jimmy Cliff. À noite, a pré-candidata do PV se encontraria com o diretor do filme Avatar, James Cameron. O diretor canadense é ativista ecológico e protestou contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte no Brasil. Marina é fã dos filmes de Cameron. "Assisti duas vezes ao Avatar e gostei muito", disse a senadora.
Hoje pela manhã ela dará uma entrevista para jornalistas americanos. Depois, queria aproveitar intervalos de seus compromissos para visitar papelarias e comprar algumas lapiseiras. A candidata tem xodó por lapiseiras. "Como só escrevo a lápis, é fundamental", justificou. "Outro dia o Millôr Fernandes fez um artigo lindo, dizendo que o lápis é um computador perfeito, com a borracha você deleta e com a ponta faz a digitação; quando li isso, eu disse: encontrei meu libertador."
REPORTAGEM PUBLICADA NO ESTADO DE SÃO PAULO
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