Razões do Blog


Este blog foi criado para apoiar a candidatura de José Serra à presidência do Brasil, por entendermos ser o candidato mais preparado, em todos os aspectos pessoais, políticos e administrativos. Infelizmente o governo assistencialista de Lula e a sua grande popularidade elegeram Dilma Rousseff.
Como discordamos totalmente da ideologia e dos métodos do PT, calcados em estatismo, corporativismo, aparelhamento, autoritarismo, corrupção, etc., o blog passou a ser um veículo de oposição ao governo petista. Sugestões e comentários poderão ser enviados para o email pblcefor@yahoo.com.br .

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Serra é mais preparado e mudará para melhor


César Augusto Machado de Sousa

O que muda se Serra suceder Lula?

29/12/09

Com a aproximação de 2010, o cenário político nacional vai se tornando cada vez mais interessante e é inevitável ponderar sobre os possíveis rumos que o País pode tomar dependendo de como serão contornadas as coligações e de que nomes serão os escolhidos do eleitorado. 

Aécio Neves abandonou a corrida ao ser claro que é a vez de José Serra. O governador de São Paulo, que já se destacava nas pesquisas de opinião tem agora a chance de avançar mais na preferência do brasileiro. Na verdade, este é um indicativo de que a mensagem da necessidade de alternância dos grupos no poder se consolida na cabeça do eleitor. Se você acompanha esta coluna, sabe que venho defendendo que só esta alternância mantém a democracia viva e vibrante.



Pois bem, mas se Serra ganhar, o que acontece ao ótimo trabalho que Lula vem fazendo quanto a condução das políticas econômicas, quanto a distribuição de renda e justiça social, quanto aos projetos de desenvolvimento já traçados para o país? Lembro de uma atriz, que durante a campanha de 2002, dizia ter medo de uma possível vitória de Lula, como se a mudança do governo e a subida do PT ao poder fossem significar uma reviravolta.

A história recente comprova que o governo Lula se encarregou de consolidar as bases lançadas pelo tucano Fernando Henrique Cardoso. Não houve nenhuma guinada política e econômica. Não se pode esquecer que o alicerce para uma economia que hoje se gaba de resistir as crises, foi lançado com o Plano Real e que as primeiras febres da moeda foram acompanhadas por outros pais. Da mesma forma, os primeiros passos em busca de uma efetiva política social foram dados ainda antes do PT chegar ao Planalto. Os genéricos do então ministro da saúde, José Serra, é um exemplo claro de uma tendência a quebrar as históricas vantagens do Capital em benefício do trabalhador e dos mais carentes.

Pois agora, não acredito em diferenças maiores. Vai tudo muito bem com o país e ninguém tirará essa locomotiva acelerada dos trilhos já estabelecidos, mesmo porque, o grande oponente dos planos de Lula, traz a mesma origem e o mesmo DNA do presidente.

Serra é tão de esquerda quanto Lula. Os dois despontaram na história do país na defesa da mesma bandeira: a democracia, a justiça social, a liberdade e o desenvolvimento do nosso povo. Uma diferença que vejo nos dois perfis é que José Serra é intelectualizado, valorizou ou conhecimento e o estudo e que essa não foi a prioridade de Lula — que também não precisou disso para se tornar o homem do ano na opinião dos jornais europeus e de renomados chefes de Estado.



Com o conhecimento que tem, José Serra não se deixa confundir com o canto da sereia do populismo que tem avançado nos países da América Latina. O grupo que o apoia dificilmente invocaria o discurso de conservação do poder pelo bem da pátria, diferente de alguns segmentos mais radicais do atual governo que se aproximam e demonstram apoiar o que acontece na Venezuela, na Bolívia, e que não se incomodaram com a embaixada em Honduras transformada em albergue de gente de ideologia duvidosa.

Talvez esse aspecto seja o único que se possa apresentar como diferença entre a política de Lula e a que poderia ser adotada por Serra caso ele chegue à presidência. As duas personalidades tem em comum a disputa travada pelo cargo e por isso, veríamos um José Serra mais amadurecido ao posto, tanto quanto o foi o Lula de 2002.

Tenho lido a respeito da negociação para que Marina Silva seja o nome à vice-presidência de uma chapa liderada pelo tucano. Arrisco-me a dizer, depois de pensar nessa mistura, que uma aliança como essa sepultaria de vez as chances da ministra Dilma ser eleita. Explico: há nessa potencial combinação elementos para conquistar a confiança da elite formadora de opinião, dos ambientalistas que não se agradam de Dilma, dos mais pobres que manteriam no governo alguém em quem se espelhar, dos mais jovens que teriam um progressista, social-democrata e uma articuladora do desenvolvimento sustentável reconhecida internacionalmente trabalhando juntos para criar oportunidades e estímulos ao empreendedorismo responsável. Os mais conservadores poderiam se sentir confortáveis, tanto quanto os movimentos populares que teriam na possível vice-presidente uma apoiadora.

É interessante considerar que com uma vitória dessa suposta aliança Serra-Marina Lula não sairia de todo derrotado, mesmo não sendo apoiador dessa ideia. Essa combinação daria as mesmas garantias de conservação das metas e políticas públicas do governo, e manteria na liderança do país pessoas que tem a mesma imagem da esquerda  brasileira que lutou contra a ditadura, e do sobrevivente que se supera e avança contra toda resistência.

Na verdade, confirmada essa tendência e mantida a ascensão nas pesquisas de opinião, o que pode acontecer é Lula trocar com o PSDB os governo do país pelo de São Paulo. Não sei se Geraldo Alckmin terá força para resistir ao PT paulista se não tiver uma rede de apoio forte. Por outro lado, se Lula e o PT insistirem numa candidatura de Dilma, podem estar entregando a eleição no bico dos tucanos. Quem sabe não é um trato?


Marina vice? Serra prefere aguardar mais


Serra quer Marina mas…

SEG, 28/12/09
POR PAULO MOREIRA LEITE |
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O blogue apurou junto a assessores de confiança de José Serra que o PSDB  tem sim interesse em contar com Marina Silva como vice numa chapa presidencial. O blogue também apurou que a discussão é real mas não é para agora.  Bem José Serra.
A dúvida entre assessores do governador é se a oferta seria politicamente viável. Explico: depois de romper com o governo Lula e lançar-se em faixa própria para disputar a presidência da República, Marina estaria colocando sua biografia de liderança popular — em muitos aspectos muito mais à esquerda de Lula — para sentar-se no banco de reservas da candidatura do PSDB.
Será que isso faria bem a uma candidatura que se construiu como adversário do agro-negócio e dos grandes capitalistas de olho na Amazonia, combateu a soja transgênica e tantas novidades que muito sucesso fazem na bancada do PSDB e do DEM?
Em função de divergências importantes, cuja relevância sempre deu um caráter respeitável a biografia política de Marina, ela poderia ficar com receio de ser colocada numa posição quase decorativa nos debates reais da campanha e de um eventual governo.
Ponderações desse tipo levam assessores de Serra a desconfiarem da viabilidade dessa aliança — por mais que reconheçam sua utilidade eleitoral.
Outro aspecto é a oportunidade. A cúpula tucana está convencida de que Martina pode até gostar da idéia e mesmo pode aceitá-la — mas se fosse forçada a definir-se neste momento, quando a campanha sequer começou, seria obrigada a dizer não. Por isso, como sempre, a campanha de Serra prefere aguardar.

São Paulo: Programa Município Verde


Município Verde

Parceria entre Estado e municípios a favor do meio ambiente


Em 2008, após um ano de trabalho do projeto Município Verde, a secretaria do Meio Ambiente divulgou o ranking ambiental dos municípios paulistas. Ao todo, 332 municípios foram contemplados com uma nota ambiental de avaliação de em dez diretivas que regem o projeto: Esgoto Tratado, Lixo Mínimo, Recuperação da Mata Ciliar, Arborização Urbana, Educação Ambiental, Habitação Sustentável, Uso da Água, Poluição do Ar, Estrutura Ambiental e Conselho de Meio Ambiente.
Lançado em junho de 2007, o projeto, que tem como proposta descentralizar a agenda ambiental paulista, considerando que a base da sociedade está nos municípios. A expectativa era de que, no máximo, 200 municípios aderissem. Atualmente, 634 assinaram o termo de adesão.


Desses, 521 indicaram interlocutores - responsáveis por intermediar o diálogo entre Governo do Estado e as prefeituras. A boa nova é que 332 fizeram a lição de casa entregando o plano de ação completo, intitulado plano de metas, que permitiu à equipe do Município Verde avaliar o trabalho e atribuir uma nota que varia de zero a 100. As localidades com nota igual ou superior a 80 ganharam um certificado de Município Verde.
Além disso, a cidade com o melhor desempenho em cada Bacia Hidrográfica recebeu o prêmio André Franco Montoro - homenagem ao ex-governador do Estado de São Paulo que pregava a importância da descentralização como forma de ação política para o fortalecimento dos municípios, já que são neles que a comunidade vive e se identifica. Das 22 Bacias Hidrográficas do Estado, 16 foram contempladas com o troféu Franco Montoro. As cidades com melhor avaliação têm prioridade na obtenção de recursos junto ao Governo de São Paulo.

2009: Recorde de investimentos em SP


Serra diz ter investido R$ 20 bi em plena crise

O Estado de S. Paulo - 29/12/2009
No último programa "Conversa com o governador" de 2009, tucano sustenta que ação de seu governo propiciou criação de 800 mil empregos



O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), fez ontem um balanço da sua gestão em 2009. A maior realização apontada pelo tucano foi a marca de R$ 20 bilhões em investimentos em um ano de crise econômica mundial. "Conseguimos enfrentar os efeitos muito fortes da crise internacional. Conseguimos manter em São Paulo o nível de investimentos em R$ 20 bilhões", afirmou, em entrevista ao último programa de rádio Conversa com o governador de 2009, produzido pela assessoria de Serra e divulgado semanalmente no site do governo.

Provável candidato do PSDB à Presidência da República, Serra destacou a importância da cifra bilionária na geração de empregos. "Sabe o que isso significa? Em primeiro lugar, emprego. São mais de 800 mil empregos diretos e indiretos gerados pelos investimentos."

Em pouco mais de três minutos de conversa. O governador citou as principais ações da sua gestão e também aquelas ainda por concluir. "Não são abstrações. São coisas concretas: Rodoanel, mais linhas de metrô e CPTM, estradas pelas interior afora, 12 mil km de estrada vicinais que serão refeitas até o fim do governo, muitas duplicações; o ensino técnico e tecnológico, que estamos dando um empurrão definitivo, moradias são mais de 100 mil ao longo do governo, estamos reforçando a área da segurança", destacou.


Rodanel

Serra atribuiu parte das realizações nos três anos de governo a uma administração competente das finanças públicas. "Estamos atuando em todos os setores graças também ao fato que soubemos obter recursos, guardar e gastar com economia."

O governo Serra tem obtido os maiores níveis de investimentos da história de São Paulo. A maior parte deles está sendo custeada por empréstimos feitos pela atual gestão que serão pagos ao longo de vários anos. Outra fonte de recursos tem sido a alienação de bens públicos. A mais representativa delas foi a venda do banco Nossa Caixa ao Banco do Brasil. Somente essa transação renderá - o pagamento foi parcelado - aos cofres estaduais R$ 5,3 bilhões.


Para 2010, a previsão de investimentos é de R$ 21,9 bilhões. Transporte e moradia, áreas de forte apelo social, foram as que tiveram maior aumento de recursos de 2009 para 2010.

Num formato de programa semelhante àquele protagonizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Café com o presidente, Serra encerra a entrevista com votos de boas-festas e um discurso político afiado. "De mim vocês devem esperar sempre muito trabalho, dedicação e sinceridade."SILVIA AMORIM

FRASES

José Serra (PSDB)
Governador de SP

"Conseguimos enfrentar os efeitos muito fortes da crise internacional. Conseguimos manter em São Paulo o nível de investimentos em R$ 20 bilhões"

"Sabe o que isso significa? São mais de 800 mil empregos diretos e indiretos gerados pelos investimentos"

"De mim vocês devem esperar sempre muito trabalho, dedicação e sinceridade"

Lula frustrou muitos sonhos


Os sonhos não envelhecem

Autor(es): Marcio Vieira Muniz
Jornal do Brasil - 29/12/2009

Sempre que um novo ano acontece, pomo-nos a refletir sobre nossas vidas. A vida pessoal, familiar, profissional e até a política.

No Brasil, parte da população tem o hábito de criticar os políticos, generalizando, ofendendo quem merece e atingindo de raspão quem não está incluído no desvio de conduta.

– Separar o trigo do joio é preciso.

Quando o povo substituiu o professor, consagrado mundo afora, Fernando Henrique Cardoso, pelo operário, líder sindical, optou por grandes mudanças. Esperança de atitudes revolucionárias e modificações estruturais sensíveis. O tempo passou e, ao completar sete anos no governo, avanços são notados, principalmente no relacionamento internacional e na distribuição de “vales”.

Muitas dessas ajudas aplicadas com correção; outras, porém, eleitoreiramente, demagogicamente.

Lamentável mesmo é o que não foi feito nos sete anos de governo.


Valores desanimadores para os salários de médicos mais antigos e demais profissionais do Ministério da Saúde, bem diferentes dos recebidos por outros servidores de outras áreas . Emergências sem profissionais e resolutividade adequadas.

Clamor diário por vagas para exames, consultas especializadas e internações e muito mais.

Pelo que ouvimos das lutas do passado do então líder sindical Lula da Silva, bastava aplicar em seu governo tudo aquilo que tanto reivindicou dos outros presidentes, que, certamente, aqui seria a filial do paraíso.

O assistencialismo não pode substituir a oportunidade de trabalhar e produzir de cada cidadão, ganhando cada um seu próprio sustento, conquistando seus próprios recursos e não permitindo que se crie uma categoria de acomodados com a situação oferecida.

A propalada e reivindicada distribuição de renda, presente nos discursos dos anos 80, precisa ser desenvolvida com oportunidades de trabalho. Estradas reformadas e duplicadas poderiam gerar empregos.

Aumento das linhas de trem pelo Brasil. Hospitais, à semelhança do Fundão-UFRJ, jamais poderiam estar sucateados, como se apresentam atualmente. A distribuição da população por nosso amplo território nacional, com oportunidades concretas, poderia desafogar os grandes centros urbanos, estimulando o De Volta para Casa, com dignidade e qualidade de vida.

Não se devem negar as qualidades do presidente, seu progresso pessoal, mas é preciso coerência entre o discurso e a prática, entre as promessas e bandeiras do passado e a realidade administrativa.

– Quando poderíamos imaginar o Lula da Silva com 72% de aprovação, alinhado com o Sarney e o Collor ? Arrancaram o Collor do poder com marchas, caras-pintadas, quase no sopapo. Recentemente, reeleito pelo povo, volta o falso caçador de marajás, junto com seu amigo Renan, fazendo parte da base de apoio do atual presidente. Tudo isso muito pouco debatido pela comunicação nacional, mutante e curiosa.

Se em determinados momentos tentam elevar o presidente atual à categoria de quase-deus, também sabemos que Deus é insubstituível e insuperável. Deus não tem sucessor.

Deus é Deus.

Sendo assim, torcemos muito para que nossa gente não desanime nem desista da importância de votar e bem em 2010, escolhendo os melhores possíveis.

É preciso alguém com coragem de reformular os poderes para agilizar as ações em favor de nossa população.

O Brasil merece mais do que a pequenez da mente de poucos em detrimento do coração carinhoso e valente da grande maioria de nossa gente.

“Os sonhos não envelhecem”.

Marcio Vieira Muniz é titular da Academia Brasileira de Medicina Militar.

Recessão no Brasil foi curta, mas a maior dos últimos 25 anos


Bem mais que 'marolinha'!!!

Recessão foi a mais intensa desde 1980
Autor(es): Francisco Góes
Valor Econômico - 29/12/2009
A redução dos juros, a expansão do crédito, os incentivos fiscais e os gastos do governo, sobretudo em custeio, ajudaram o Brasil a sair mais rápido da recessão no início deste ano. Foi uma das recessões mais curtas vividas pelo país nos últimos 30 anos. Durou apenas dois trimestres - do quarto trimestre de 2008 ao primeiro trimestre de 2009. Apesar de rápida, foi severa. O Produto Interno Bruto (PIB) dessazonalizado a preços de mercado, medido pelo IBGE, caiu 3,8% no acumulado dos dois trimestres. A redução média por trimestre foi de 1,9%, a mais intensa entre as oito recessões registradas pelo Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) a partir de 1980.
"Não foi uma parada sem custos", diz Regis Bonelli, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV. Bonelli é um dos sete membros do Codace, órgão independente que segue método de trabalho semelhante ao do comitê de datação americano, criado em 1978. Ontem, o Codace divulgou relatório no qual compara a recessão vivida pelo país entre o fim de 2008 e o início de 2009 com períodos anteriores de retração econômica.


A base de comparação trimestral, a partir de 1980, indica que só em dois períodos anteriores à recessão de 2009 houve retrações tão curtas - de dois trimestres cada uma. Uma delas ocorreu entre o segundo e o terceiro trimestres de 1995, logo depois da crise do México, no fim de 1994. A outra verificou-se entre o primeiro e o segundo trimestres de 2003, período que se seguiu à aceleração inflacionária de 2002 que obrigou o Banco Central a elevar os juros para frear a economia.
A partir do terceiro trimestre de 2003 até o terceiro trimestre de 2008 (por mais de cinco anos), o PIB cresceu por 21 trimestres seguidos, observa Bonelli. A expansão foi resultado do fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não ter feito grandes mudanças na política econômica quando assumiu o governo. Foi o período mais longo de expansão do PIB da série do Codace. O crescimento acumulado nos 21 trimestres foi de 29,7% (média trimestral de 1,2%).

Foto Destaque

A partir do quarto trimestre do ano passado, porém, veio a crise e o país entrou em recessão, que conseguiu superar rapidamente. O crescimento acumulado no segundo e terceiro trimestres de 2009 foi de 2,4% (média de 1,2%). A desaceleração econômica foi acentuada no setor industrial, diz o Codace em seu relatório. O PIB industrial brasileiro reduziu-se em 12,2% nos dois trimestres da recessão, queda bem superior à redução média de 0,6% do PIB do setor de serviços.
Na visão de Bonelli, a recessão foi curta, pois as ameaças que se configuraram com a restrição de crédito, a partir de setembro de 2008, foram sendo dissipadas. "A economia mundial, embora não tenha voltado à normalidade, recebeu injeções de liquidez substanciais." Ele avalia que o fato de o Brasil ainda ser uma economia relativamente fechada, na qual as exportações não têm peso elevado em relação ao PIB, ajudou o país a se recuperar de forma mais rápida em um cenário de forte redução dos fluxos comerciais.
A política fiscal do governo também pesou, na visão de Bonelli. "O governo manteve o pé no acelerador da política fiscal." Ele lembrou que os gastos do governo aumentaram em várias rubricas, sobretudo no custeio. Bonelli citou ainda a redução da taxa básica de juros e dos compulsórios dos bancos, medidas que injetaram uma "montanha" de liquidez na economia. Também contribuiu para o cenário de recuperação o aumento do crédito dos bancos oficiais e a isenção do IPI sobre automóveis, linha branca e construção civil.

Aliança Kassab-Serra se intensifica em 2010


Kassab ajusta gestão para ajudar Serra

Kassab inicia investida para reverter desgaste
Autor(es): Ana Paula Grabois e Caio Junqueira
Valor Econômico - 29/12/2009


São Miguel Paulista é uma das subprefeituras mais ao leste da cidade de São Paulo. Antigo reduto petista, deu vitória ao prefeito Gilberto Kassab em 2008. Foi naquela região, ainda parcialmente submersa desde as chuvas do início do mês, que Kassab deu a partida, na manhã de ontem, à ofensiva para reverter o desgaste acumulado em seu primeiro ano como prefeito eleito.
Anunciou a construção de 3.265 casas populares que ficarão prontas em 2012 e serão financiadas pela Caixa Econômica Federal, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida, uma das prováveis vitrines da campanha da candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). A Caixa vai financiar R$ 160 milhões, o equivalente a 70% do projeto. A prefeitura vai arcar com os 30% restantes e deve, no total, desembolsar cerca de R$ 160 milhões, incluindo a desapropriação de terrenos e o pagamento de aluguel aos desabrigados.
Na cerimônia de apresentação do projeto, o prefeito agradeceu a Caixa e o governo federal, mas não se ouviu nenhuma citação ao Minha Casa, Minha Vida. Destacou, porém, "a importância da parceria com o governador José Serra", que deve construir outras 2,5 mil habitações populares aos moradores da região do rio Guarulhos, onde houve a maior parte das inundações na região metropolitana.
O anúncio veio no dia seguinte à divulgação da pesquisa Datafolha que revelou piora na avaliação do governo Kassab. A taxa de aprovação (ótimo ou bom), de 45% em março, caiu para 39%. Já a avaliação negativa (ruim ou péssimo) passou de 19% para 27%. O desgaste de Kassab começou ao assumir o cargo, em janeiro, com problemas financeiros que acabariam por repercutir politicamente.
A crise econômica internacional forçou um corte de 15% no Orçamento e acabou afetando a aliança do DEM com o PSDB locais. Com menos receita tributária e transferências, Kassab tentou fazer caixa aumentando impostos ou cortando despesas. Assistiu, porém, a bancada do PSDB na Câmara Municipal liderar derrotas a projetos impopulares que poderiam atrapalhar a campanha de Serra em 2010. Por outro lado, os tucanos viram o prefeito tirar aos poucos o poder de seus cargos de alto escalão ao ampliar espaços do DEM na prefeitura e preparar quadros para a sucessão de Kassab em 2012.


A diferença de estratégias entre as duas principais figuras dos dois partidos no Estado foi, junto com a crise, o que agravou o quadro. Serra prepara-se para o último ano de gestão e quer passar a imagem de tocador de obras em todo o Estado, onde pretende impor uma diferença de 4 milhões de votos sobre Dilma para compensar a força eleitoral de Lula no Norte e Nordeste. Não o fará se o prefeito paulistano permanecer em curva decrescente de popularidade. Por sua vez, Kassab enfrentou seu primeiro ano como prefeito eleito durante forte crise econômica e se viu diante da necessidade de segurar recursos para não comprometer a administração nos próximos anos.
Em algumas ocasiões, enquanto Kassab impunha medidas impopulares, o governador, temendo desgaste em 2010, usava de sua ascendência sobre o prefeito para que recuasse daquela medida. Foi assim, por exemplo, com a votação do reajuste do IPTU. Desatualizada desde 2001, a Planta Genérica de Valores, que dá base ao cálculo do tributo, precisava de reajuste tanto quanto os cofres municipais de recursos para compensar as perdas da crise.
Kassab anunciou, então, um reajuste de até 40% para imóveis residenciais e 60% para os não residenciais. Foi bombardeado pela imprensa e pelo Palácio dos Bandeirantes, que chegou a sugerir reajuste de 20% ao longo de cinco anos. A bancada tucana na Câmara foi acionada e liderou um acordo que obrigou Kassab a recuar. O reajuste máximo acabou sendo de 45% para os imóveis comerciais e 30% para os residenciais.
Em setembro, ocorreram outros dois casos semelhantes. Para cortar gastos, anunciou que as crianças das creches paulistanas teriam uma refeição a menos das cinco que há anos costumam ter todos os dias. A justificativa era a redução na carga horária escolar de 12 para 10 horas. A repercussão foi tão negativa quanto as tentativas de explicação da prefeitura. "Tecnicamente, existe uma exposição de motivos que mostra que as crianças não podem ter uma alimentação superdimensionada. Faz tão mal à saúde comer demais quanto comer de menos", disse Kassab à época.
Dias antes, uma decisão do prefeito para economizar foi um tiro no pé. Ele anunciou corte de recursos da limpeza urbana e as empresas contra-atacaram com a ameaça de demitir quase 2 mil garis em três meses. Os garis fizeram greve de um dia, o que emporcalhou a cidade e levou o prefeito a recuar.


Todas essas medidas foram justificadas como meio de apaziguar os efeitos de um corte de R$ 3,2 bilhões e uma queda na arrecadação de 1% em relação a 2008, já descontada a inflação do período. Outros casos semelhantes mostram como as necessidades imediatas dos dois partidos - o PSDB quer voltar ao Palácio do Planalto em 2010 e o DEM, segurar o único cargo executivo relevante que tem em mãos depois das denúncias que tiraram do partido o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda - acabaram por criar rusgas entre ambos. "O Kassab precisa pilotar o Orçamento e o PSDB municipal olha primeiro o Serra", disse o cientista político da Fundação Escola de Sociologia e Política Rui Tavares Maluf.
Outra medida que deve afetar ainda mais a imagem do prefeito junto ao eleitorado paulistano é o aumento de 17,4% na passagem de ônibus em 2010. Em 2009, cumprindo promessa de campanha criticada pelos tucanos, Kassab congelou o preço da tarifa e agora foi obrigado a conceder reajuste maior às empresas de ônibus a partir do ano que vem.
O autor da maioria das propostas polêmicas municipais é "super secretário" de Kassab, Alexandre de Moraes (DEM), que acumula os cargos de secretário de Transportes, presidente da São Paulo Transporte (SPTrans), da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e, desde fevereiro, a Secretaria de Serviços (responsável pela limpeza e iluminação urbana e pelos serviços funerários). Sua última ideia, também impopular, foi reduzir a tarifa dos táxis nos fins de semana e nos horários de pico, o que causou indignação em parte dos mais de 30 mil taxistas da cidade.
Moraes é a principal aposta de Kassab para sucedê-lo no cargo e o que melhor representa o crescimento do poder do DEM na administração municipal, ao mesmo tempo em que o PSDB perde força e espaço. O último a sair foi Manuelito Magalhães, que ocupava a Secretaria de Planejamento. O ex-secretário acompanha Serra desde a época em que o atual governador foi ministro da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso. Deixou o cargo há menos de um mês. Andrea Matarazzo, ex-ministro e embaixador do Brasil na Itália no governo FHC, estava na prefeitura desde o início da gestão Serra, em 2005. Em setembro, pediu demissão da Secretaria da Coordenação das Subprefeituras.
As diferenças entre os dois partidos, no entanto, devem ficar limitadas à esfera municipal. Partidários dos dois lados confirmam o mal-estar geral que a crise provocou, mas garantem que a aliança segue forte. "Nosso caminho é o PSDB. Não temos nome para presidente e não tem lógica apoiar o PT", afirmou o líder do DEM na Câmara Municipal de São Paulo, Carlos Apolinario.


Carlos Apolinário
O secretário de Finanças da cidade, Walter Aluisio Rodrigues, nega atritos na aliança. "Tudo que aconteceu foram problemas pessoais. Kassab continua extremamente leal a Serra", disse o secretário, que está na prefeitura desde que o governador era o titular e Kassab, vice. Um indicativo disso é que secretarias importantes continuam com os tucanos, como Educação, Saúde e Casa Civil.
No próximo ano, a expectativa de crescimento econômico pode amenizar as disputas internas na administração municipal. "Foi um ano difícil, mas não ficamos devendo a ninguém. Vamos fechar o caixa de 2009 com cerca de R$ 100 milhões, incluindo os restos a pagar", disse o secretário. Para 2010, a estimativa é cumprir o Orçamento de R$ 27,9 bilhões, com a esperança de alta na arrecadação e a projeção de crescimento de 3,6% para o PIB nacional.
Segundo o vereador Antônio Donato (PT), o Orçamento aprovado para 2010 tem cerca de R$ 1,5 bilhão de receitas não computadas, como os R$ 700 milhões referentes ao contrato da folha de pagamento de pessoal do administração municipal com o Banco do Brasil. O recurso será todo investido nas obras de ampliação do metrô paulistano, em parceria com os governos Serra e Lula. O contrato ficou de fora da contabilidade do Orçamento porque ainda não foi assinado, argumentou o governo Kassab. Outros R$ 750 milhões, de convênios federais, também não foram incluídos, como obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e projetos na área de Segurança e Habitação. "É uma maneira de diminuir o grau de congelamento de receitas e acelerar a liberação de recursos para obras sem licitação", disse o vereador petista.
Se Kassab enfrentou contratempos para adequar seu Orçamento em ano de crise ao calendário eleitoral de Serra, também foi capaz de fazer os primeiros ajustes com vistas a 2012, ano de sucessão na prefeitura. Um exemplo disso foi a verba de R$ 126 milhões para publicidade eleitoral aprovada no Orçamento de 2010, um valor denunciado pela oposição como muito acima da média histórica, de R$ 38 milhões. Pela Lei Eleitoral, segundo Donato, o gasto com propaganda no último ano de governo deve corresponder à média dos últimos três anos da administração.

Desatre nas contas públicas do Brasil


Rombo nas contas públicas sobe 278%

Rombo nas contas públicas cresce 278% e derruba meta de déficit zero
Autor(es): Fernando Nakagawa
O Estado de S. Paulo - 29/12/2009


Governo projetava déficit nominal zero para 2010, mas rombo cresceu de R$ 36,4 bi para R$ 137,9 bi em 12 meses


Foi para o arquivo a expectativa de a equipe econômica atingir o déficit nominal zero em 2010, último ano do segundo mandato do governo Lula. De outubro de 2008 para outubro passado, o déficit nominal cresceu 278%, de R$ 36,4 bilhões para R$ 137,9 bilhões. Em proporção do Produto Interno Bruto (PIB), o índice saltou de 1,27% para 4,61% do PIB no período.


Em meados do ano passado, com a arrecadação batendo recordes e a crise global ainda restrita a um problema em bancos financiadores do setor imobiliário dos EUA, a equipe econômica anunciou, mais de uma vez, a intenção de levar as contas a atingir em 2010 o déficit nominal zero, isto é, com receitas suficientes para cobrir todas as despesas públicas, inclusive gastos com juros da dívida. Em novembro de 2008, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, chegou a dizer que a meta - ainda que informal - poderia até ser atingida "antes de 2010".

"Os resultados de 2008 mostram que o País está caminhando para o déficit nominal zero, e o resultado pode ser atingido antes de 2010", disse Augustin após uma audiência na Comissão Mista de Orçamento do Congresso. De 2007 para 2008, ante o ritmo da evolução da saúde fiscal, até o ministro da Fazenda, Guido Mantega, alinhou-se à ideia que ele criticara anos antes, no início do governo Lula, quando o assunto foi discutido pelo então ministro Antonio Palocci, pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e pelo ex-ministro Delfim Netto.

O MENOR DA HISTÓRIA 

Há pouco mais de um ano, em outubro de 2008, as contas públicas não haviam sentido o impacto brutal da crise financeira, que ganhara proporções globais. Naquele mês, o Brasil apresentou o menor déficit nominal da história: o equivalente a 1,27% do PIB no acumulado em 12 meses. Isso quer dizer que o setor público economizou dinheiro, pagou todos os compromissos e juros da dívida e as contas fecharam com déficit de R$ 36,4 bilhões em um ano.

Pode parecer muito, mas o governo comemorava a cifra porque o crescimento da economia - que aumentara a arrecadação de impostos - reduziu o rombo à metade, já que em outubro de 2007 o buraco era de R$ 73,3 bilhões, ou 2,85% do PIB. No início daquele mês, Mantega disse que havia possibilidade de o Brasil atingir o déficit nominal zero a partir de 2010.

Com o gasto público em ritmo acelerado nos últimos meses, o objetivo deve ser postergado em pelo menos cinco anos, dizem analistas. O efeito da turbulência global sobre as contas foi nefasto: pouco mais de um ano após o agravamento da crise, em outubro passado, o déficit nominal já somava R$ 137,9 bilhões, 278% mais do que um ano antes. Diante do impacto da crise na arrecadação e bem antes do resultado das contas no trimestre passado, Mantega admitiu: "Teremos de esperar um pouco mais (para atingir o déficit nominal zero)".

"As contas públicas foram afetadas porque a receita diminuiu pela menor atividade econômica, o que reduziu a arrecadação de impostos. Ao mesmo tempo, o governo passou a tomar medidas para amenizar o efeito da crise e, por isso, começou a gastar mais e a desonerar impostos", diz o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. "As desonerações não são ruins, mas houve uma mudança no perfil do gasto com aumento do valor destinado ao pagamento de pessoal e custeio. Esse é um gasto que não tem como reverter."

"SÓ EM 2016"


Para Felipe Salto, economista da Tendências Consultoria, o Brasil perdeu pelo menos meia década de esforço fiscal. "O déficit nominal zero só vai, agora, ser atingido em 2016, nas atuais condições da economia", afirma Salto. "Se o governo fizer reformas estruturais, será possível acelerar a obtenção dessa marca. Mas, se as bases continuarem as mesmas, será difícil antes de 2016." A previsão é reforçada por Campos Neto: "No mínimo, serão cinco anos para atingir o déficit nominal zero".

Salto avalia que a equipe econômica fez escolhas equivocadas na crise, como o aumento das despesas correntes - salários de servidores públicos e Previdência Social. "Se o governo tivesse usado a maior parte da redução do superávit primário para investir em infraestrutura, o cenário seria muito mais benéfico porque daria espaço para a economia continuar crescendo sem pressão inflacionária. Mas foi feito o contrário."

No governo, o tema é tratado com discrição. Para a equipe econômica, o tema saiu da pauta porque a situação exigia medidas anticíclicas e, agora, não existe prognóstico sobre quando esse nível deve ser atingido. O uso de metas flexíveis de superávit primário e a mudança de governo em 2011 deixam o tema "congelado" até que haja um cenário mais claro sobre como será a recuperação brasileira em 2010 e nos anos seguintes.

FRASES

Arno Augustin
Secretário do Tesouro

"Os resultados de 2008 mostram que o País está caminhando para o déficit nominal zero, e o resultado pode ser atingido antes de 2010"

Felipe Salto
Tendências Consultoria

"O déficit nominal zero só vai, agora, ser atingido
em 2016, nas atuais condições da economia"

Propaganda eleitoral da CEF


O PT PRIVATIZOU A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

Blog Reinaldo Azevedo
terça-feira, 29 de dezembro de 2009 | 2:59
Assistia a um filme com as minhas filhas (Dona Reinalda preferiu um livro),  que foi interrompido por uma propaganda da Caixa Econômica Federal  - uma das incontáveis intervenções  de estatais ou do próprio governo . O país permite esta sem-vergonhice, que é a propaganda oficial. Governos, nas três esferas, deveriam “se comunicar” com a população para anunciar serviços ou dar instruções a respeito deles. Nada mais. Mas não faremos a coisa certa nisso também. Se falta o devido apuro ético para acabar com essa bandalheira, ele não excederia na propaganda propriamente dita, não é mesmo?

E lá foi ao ar a mensagem da Caixa, exaltando as “conquistas” do pré-sal e a Olimpíada de 2016. E então me indagou a mais velha, indagação já com uma ponta de escárnio, com aquela inclinação, felizmente, para o maldizer: “O que é que o pré-sal e a Olimpíada têm a ver com a Caixa? Isso não é campanha eleitoral, Reinaldo Azevedo? Deveria ser proibido fazer propaganda para não anunciar nada”.
Ela me chama de “pai”, claro. O “Reinaldo Azevedo” de sua fala era parte da ironia; ela faz assim quando brinca de convocar, em família, o meu lado, digamos, “profissional”. E eu: “Sim, senhora M…C…, trata-se da mais descarada, óbvia e indecente campanha eleitoral. Até porque, se você reparar, daqui a pouco, entra a propaganda de uma mineradora e depois a de um banco privado. E todos eles exaltando, em consonância com a patriotada oficial, os valores do povo.  Parece que nem o banco nem a CEF vendem produtos bancários; parece que a mineradora não tira ferro da terra; até parece que todos eles estão ocupados unicamente em dar lições de moral, civismo, nacionalismo - e, obviamente governismo”.
Mas, aos 15 anos, os espíritos são realmente inquietos: “Isso não é ilegal, não?” E eu respondi que sim. “Entendi. Então vai ver eles fazem por isso. Se fosse legal, acho que eles não fariam”. Eu juro! As coisas aconteceram assim mesmo. Essa é a minha filha cética. Já contei aqui. Leu Hamlet para a escola e achou Polônio um bobalhão. “Mas M… C…, você não reparou que ele era um cara racional, um negociador, em meio a um monte de gente atormentada?”, perguntei, um tanto orgulhoso do meu papel de instrutor de uma jovem fazendo suas descobertas políticas. A resposta, confesso, me deixou mudo por alguns instantes: “Ah, pai, dava pra sacar que, com Hamlet, não iria adiantar, né? Era perda de tempo.” Era perda de tempo.

Aprendi, assim, que, com efeito, não adianta mobilizar os idiotas para a causa da razão. Como não adianta convocar um exército de injustos para a causa da justiça. Mas isso fica para outra hora. Volto para a questão da propaganda. Depois da CEF, da Vale, do Bradesco, do Banco do Brasil, da Ford, da Brahma, entre outras, a exaltar o Brasil grande, único, sem par, que parece ter sido fundado ontem, veio a inserção sobre Lula, O Filho do Brasil, que estréia no dia 1º. É aquela fita que dispensou incentivos da Lei Rouanet porque as empresas que amam o Brasil, muitas delas pertencentes a setores altamente regulados, faziam fila para dar a sua contribuição à arte.  Ainda não vi. Mas até amigos de esquerda ficaram com vergonha.
Não quero me desviar do principal. As empresas privadas - ou quase - façam o que quiserem do seu dinheiro. Indecente é que empresas publicas levem ao ar uma propaganda que repete a linguagem - incluindo as palavras de ordem - da propaganda oficial e do próprio PT em suas inserções na televisão. Trata-se, obviamente, de um abuso.
Aí os petralhas tentam zombar, com aquele senso de humor que lhes brota entre o casco e a ferradura “Mas você não se cansa de denunciar abusos?” Não!  Não enquanto “eles” não se cansarem de praticá-los. Imaginem se o Ministério Público já não teria gritado “Fogo, fogo na floresta!” se os petistas estivessem na oposição.
Nunca antes nestepaiz o estado e as empresas estatais foram tão instrumentalizadas a serviço dos poderosos da hora. E nunca é “nunca” mesmo - incluindo as ditaduras do Estado Novo e militar. Quando não fala a propaganda oficial, fala o próprio dirigente de uma estatal, a exemplo  daquela “entrevista” concedida por Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras, ao Estadão.
Qual a utilidade de escrever textos como este? Dizer a verdade e deixar o registro histórico!!! Para um jornalista, é o bastante. Os homens de estado e os políticos que se encarreguem de tomar as providências legais.

Divulgação das obras do governo de SP

SP lança ofensiva publicitária com sete campanhas na TV
Peças elogiam a administração de Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência 

Governo paulista afirma que o seu objetivo é informar a população e que propaganda respeita as regras, sem fazer promoção de autoridades CATIA SEABRA

DA REPORTAGEM LOCAL
Serra lança operação para assegurar saúde, transportes, segurança e água aos turistas no litoral

Na virada para o ano eleitoral de 2010, o governo de São Paulo lançou uma ofensiva publicitária na TV com sete campanhas que enaltecem a administração de José Serra (PSDB), principal presidenciável do PSDB.
Até o dia 31, o governo levará ao ar, por exemplo, duas diferentes propagandas sobre o Rodoanel e outra sobre as obras da Nova Marginal. As peças são produzidas por duas agências cujos contratos com o governo somam R$ 50 milhões por ano.
Só no Natal foram veiculadas 28 inserções, todas encerradas com o slogan: "Governo de São Paulo: trabalhando por você". Em alguns programas, como o "Mais Você" e o especial de Roberto Carlos, na Globo, foram exibidas duas campanhas num mesmo bloco de intervalos.
Além de duas peças de campanhas de longa duração -uma sobre a universidade virtual e outra sobre Imprensa Oficial- foram apresentadas propagandas sobre a qualidade das estradas de São Paulo, recuperação de adolescentes pela Fundação Casa, urbanização de favelas, PoupaTempo e corredor de ônibus.
À exceção da campanha sobre o PoupaTempo -que se encerra amanhã- todas têm vigência até o dia 31.
Oito das inserções do dia de Natal foram sobre o Rodoanel, que tem inauguração prevista para 27 de março, uma semana antes do prazo fixado para que o titular de um cargo eletivo se afaste para concorrer a outra vaga -como deve ser o caso do governador Serra.
Com vigência de 24 a 31 de dezembro, a campanha da Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado) ficará restrita às festas de fim de ano.
O governo não informou o custo, sob o argumento de que só é possível calcular após o encerramento das campanhas.
A Artesp acaba de concluir uma licitação para a contratação de uma agência, a um custo de R$ 10 milhões por semestre. A Fundação Casa também lançou licitação para contratação de agência de publicidade (de R$ 5 milhões semestrais).
Segundo a Secretaria de Comunicação do Estado, essas duas campanhas foram levadas ao ar agora porque "os processos licitatórios foram concluídos no final do ano".

Informação e balanço
A Secretaria de Comunicação do Estado afirmou, em nota, que "as campanhas têm por objetivo informar a população sobre as ações, programas e projetos implementados pelo governo de São Paulo". Segundo a nota, "seguem o calendário de anúncios e entregas do governo e os prazos das licitações realizadas nas diversas empresas, agências e fundações".
Essas campanhas, diz a nota, "também realizam balanço das ações de cada um dos seus órgãos, como é pertinente fazer ao final do ano". Na nota, o governo afirma ainda que "todas as campanhas respeitam estritamente as regras para a comunicação na área pública, delas não constando nomes ou imagens que caracterizam promoção pessoal de autoridades".
Segundo o governo, o gasto com comunicação representou 0,21% do seu Orçamento.
Foram veiculadas outras duas campanhas ainda neste mês, uma do Metrô e outra da Sabesp. São Paulo é apontada como plataforma de lançamento para Serra, caso ele decida disputar a Presidência.
O orçamento do Estado para publicidade em 2009 é de R$ 313,3 milhões. Há um ano, o governo paulista reúne grifes do marketing político. Ao lado de publicitários tradicionalmente ligados ao PSDB, estão Duda Mendonça, Nizan Guanaes, Fernando Barros e Paulo de Tarso Santos.

Política externa lulista completamente equivocada


Enviado por Ricardo Noblat - 







29.12.2009
 | 8h04m



DEU EM O GLOBO

Ventos de Teerã (Editorial)

Na entrevista concedida ao GLOBO e publicada na sexta-feira 25, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, aproveitou para reafirmar a defesa brasileira de seu novo aliado preferencial, o Irã de Mahmoud Ahmadinejad.
Por uma dessas trapaças do destino — mas que não pode ser creditada ao azar —, logo no domingo o regime dos aiatolás protetores do radical presidente iraniano, reeleito numa eleição fraudada, começou a desfechar nova onda de repressão à oposição interna, a mais violenta desde as manifestações ocorridas depois de anunciada a vitória contestada de Mahmoud Ahmadinejad.


Como o Irã foi tomado por uma atmosfera política inflamável, qualquer fagulha ameaça deflagrar explosões incontroláveis. A nova leva de protestos começou dias antes, com a morte de um dos clérigos dissidentes, o aiatolá Hossein Ali Montazeri.
E, ao manter a repressão nas ruas em um importante feriado religioso, o regime jogou mais combustível neste incêndio. Ler a entrevista do chanceler brasileiro enquanto se acompanha o noticiário de Teerã é esclarecedor, para se ter medida dos riscos que a diplomacia brasileira corre ao abrir um guarda-chuva sobre uma ditadura teocrática metida numa aventura nuclear — tudo em nome de um antiamericanismo de ocasião, provavelmente para Brasília, em período eleitoral, afagar frações aliadas mais à esquerda.
A perigosa aventura de Ahmadinejad, sob a proteção do aiatolá Ali Khamenei, é defendida por Amorim com o malandramente falso e cândido argumento de que quem tem arsenais deste teor não pode criticar o Irã (EUA, Rússia etc.).
O argumento cabe no figurino ideológico bolivariano do caudilho Hugo Chávez.


Uma coisa são nações que saíram da Guerra Fria com estes arsenais, mas que participam dos fóruns que tratam do assunto, e negociam acordos de redução no número de ogivas; outra, um país subjugado por uma ditadura de fanáticos religiosos, à margem de qualquer respeito à diplomacia multilateral.
Caso a situação política interna no Irã rume para a ruptura institucional, desaguando num massacre interno, o Brasil irá à ONU defender aiatolás corruptos, sanguinários, fanáticos e sua guarda pretoriana?
A julgar pelo silêncio de Amorim, na entrevista ao GLOBO, quando perguntado sobre a leniência brasileira com relação a Cuba, é provável que isto ocorra, infelizmente.


Aliás, é o que o Itamaraty tem feito quando se abstém de condenar nas Nações Unidas governos marginais como o do Sudão, em busca de votos para conseguir um assento no Conselho de Segurança.
Essa clivagem ideológica acentuada da diplomacia apenas sabota o projeto do próprio governo de elevar o status do país como parceiro global confiável. Os terceiro-mundistas, bolivarianos e defensores de Ahmadinejad estacionaram um poderoso carro-bomba dentro deste projeto.

Lula, desafeto da mídia brasileira


Antes de tirar férias, Lula reclama da imprensa

DEU EM O GLOBO

Presidente diz que mídia generaliza críticas a deputados; ministros também iniciam recesso

BRASÍLIA. Na véspera de encerrar o ano administrativo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se despediu das solenidades no CCBB criticando a imprensa. Na sanção do projeto de lei que beneficia os taifeiros da Aeronáutica, ele criticou a cobertura jornalística do trabalho dos deputados.

Na visão do presidente, a avaliação da Câmara feita pela mídia é sempre negativa.

— Se a gente for analisar o conjunto do trabalho produzido durante o ano, vai perceber que tem muito mais coisas positivas do que negativas — afirmou.


E disse que, se um deputado falta às votações, a imprensa mostra como se todos estivessem gazeteando. Reportagem do GLOBO flagrou dezenas de deputados marcando presença para garantir o pagamento de subsídios e partindo para o aeroporto, sem trabalhar.

— Lamentavelmente, a condenação é coletiva e o reconhecimento é individual. Esse é um problema que eu senti na Constituinte — condenou Lula.

O presidente tirará 11 dias de férias a partir de amanhã e volta em 11 de janeiro. Embora não haja definição oficial, Lula deverá passar o réveillon na Base Militar de Aratu, próximo a Salvador.
No ano passado, optou por Fernando de Noronha (PE) e depois Aratu. Mas o arquipélago pernambucano deve ser descartado, porque o presidente não pôde evitar fotos e entrevistas.
Lula e a primeira-dama, dona Marisa Letícia, querem um lugar mais reservado. Filhos, netos e amigos podem acompanhá-los.
Ontem, a filha de Lula, Lurian, chegou a Brasília. O governador da Bahia, Jaques Wagner, será um dos convidados.
Mesmo de férias, Lula continua como presidente. O vice, José Alencar, só assume em viagem ao exterior.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência, entrou de férias ontem e permanecerá afastada até 5 de janeiro. Outros ministros vão aproveitar para descansar.
O ministro Hélio Costa (Comunicações) vai tirar férias de 4 a 20 de janeiro; Paulo Bernardo (Planejamento), entre 4 e 12 de janeiro, e Fernando Haddad (Educação), entre 16 e 24 do próximo mês. Guido Mantega, da Fazenda, está de férias e volta a trabalhar dia 20.

Especulações sobre o PSDB em 2010


Raymundo Costa:: Aécio na vice só para decidir

DEU NO VALOR ECONÔMICO

Quase 100% dos tucanos defendem a chapa presidencial José Serra-Aécio Neves na eleição de 2010. Quase, porque Aécio não vê com muito entusiasmo a ideia de ser vice de José Serra. Essa é uma hipótese que o governador de Minas Gerais leva sim em consideração, mas só para a hipótese de ela vir a ser decisiva para assegurar a vitória do PSDB. Ele seria então um sócio com direito a voto na vitória serrista.

No momento, os olhos de Aécio Neves estão efetivamente voltados para Minas. Trata-se de uma necessidade.

É indispensável, para Aécio, manter a cidadela mineira em 2010. Para isso não basta que o atual governador do Estado se eleja senador, o que é considerado pule de dez.

Para Aécio Neves será também preciso eleger como sucessor no Palácio da Liberdade o seu atual vice, Antonio Anastasia, um candidato sem experiência em disputas eleitorais. Tarefa dura, quando se olha a concorrência, ao redor, recheada de veteranos mais ou menos vencedores.

Os dois pré-candidatos do PT são oponentes respeitáveis.

Um é o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), responsável por aquele que é o principal programa social do governo Lula, o Bolsa Família. O outro é Fernando Pimentel, que deixou a Prefeitura de Belo Horizonte, em 1º de janeiro de 2009, com índices na faixa dos 70% de aprovação nas pesquisas de opinião pública.

Patrus e Pimentel integram a linha do tempo de um ciclo bem avaliado do PSB e do PT em Belo Horizonte.

Além dos dois, tem ainda o pemedebista Hélio Costa, ministro das Comunicações, que é visto como o cavalo paraguaio da eleição, mas está à frente nas pesquisas para o governo estadual, aliás, muito à frente de Anastasia.

Manter Minas, para Aécio, é garantir-se no jogo, em 2014, entre aqueles que efetivamente integram ou virão a integrar a primeira divisão da política. Uma disputa que terá Lula como contendor, independentemente de quem seja o vencedor da eleição presidencial de outubro de 2010.

Aécio será carta fora do baralho da chapa de Serra tanto na pior como na melhor das hipóteses para o PSDB. A pior seria a derrota humilhante, cada vez mais distante à medida que Serra mantém-se estável nas pesquisas. A melhor, a vitória consagradora, caso em que o governador de Minas não faria diferença para a eleição de Serra.

No cálculo do PSDB, uma chapa Serra-Aécio daria a largada na eleição com 10 milhões de votos de diferença sobre a situação, ou seja, sobre a candidata do PT, Dilma Rousseff. A conta é que Serra, na pior das hipóteses, arranca de São Paulo com uma vantagem de 7 milhões de votos. Com Aécio na chapa, a diferença não teria como ser compensada pelo PT nas regiões Norte e Nordeste, os principais redutos eleitorais de Lula.

Os tucanos mais otimistas acreditam que os 7 milhões de São Paulo já bastariam para pavimentar a eleição de Serra, porque acham altamente improvável que Dilma tenha a mesma votação que Lula teve no Norte e no Nordeste. Além disso contam com a vitória em Minas Gerais (ao contrário da eleição passada), seja ou não Aécio o vice na chapa de Serra.

Aécio tem o tempo a seu favor. Ele pode esperar até o fim de junho, época em que os partidos realizam suas convenções, para decidir o que fazer em outubro - só não poderá concorrer ao governo estadual, cargo para o qual já foi duas vezes eleito.

Do ponto de vista tucano, a chapa Serra-Aécio é sinônimo de vitória, mas o Palácio do Planalto também estaria ao alcance com uma chapa puro-sangue ou em aliança com outra agremiação partidária.

Isso porque o PSDB supõe que chegará unido a 2010, o que não ocorre desde 2002, pelo menos. Argumento: essa é uma eleição que a oposição precisa ganhar, não será um processo de acumulação de forças; uma nova vitória do PT decretaria uma espécie de "mexicanização" da política brasileira.

O que o PSDB espera de Aécio é que ele componha com Serra, seja como vice, se for necessário para assegurar a vitória nas eleições de outubro próximo, seja como o tucano que efetivamente é: um político agregador capaz de ampliar o horizonte de alianças do partido. O que não deixa de ser uma novidade.

Em 2002 e 2006, nos meses que antecederam as eleições, havia entre os tucanos a certeza de traições a rodo, apesar das juras públicas de fidelidade. Hoje os pessedebistas contam como certo até o apoio do senador Tasso Jereissati (CE), que em 2002 preferiu ficar com o aliado e conterrâneo político Ciro Gomes.

O PSDB vê como jogo de cena eleitoral a satisfação com que o PT aparenta ter recebido a candidatura de José Serra, pois ela viria de encontro à estratégia traçada pelo presidente Lula como o inseto da teia da aranha, facilitando o jogo do "nós contra eles", a comparação entre os governos Lula e FHC.

Pode ser jogo de cena, mas no PSDB afirma-se que caminho de Dilma até a eleição tem mais dificuldades que o do PSDB.

Uma delas, atende pelo nome de Ciro Gomes (PSB).

A chapa Dilma-Ciro seria a melhor que o governo poderia compor, na opinião dos tucanos, assim como Serra e Aécio no PSDB. Mas ela teria um custo muito elevado: a inevitável defecção do PMDB da coligação governista. Um PMDB que já se acha apreensivo com a vontade manifesta do presidente Lula de interferir na escolha do nome do partido a ser indicado para candidato a vice-presidente na chapa de Dilma.

Dilma teria problemas com qualquer solução que vier a ser dada a Ciro Gomes: se for alijado da candidatura a vice-presidente, torna-se um risco político e eleitoral - temperamental, o deputado do PSB pode não aceitar passivamente a decisão, o que de forma alguma seria surpreendente. Já candidato ao governo de São Paulo, como quer Lula, deixaria para Serra e não para Dilma a maior parte de seus votos no Nordeste, segundo a contabilidade dos tucanos.

Raymundo Costa é repórter especial de Política, em Brasília. Escreve às terças-feiras

PSDB: abordagem nordestina em 2010


Brasília-DF :: Luiz Carlos Azedo

DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Guilherme Queiroz (Interino)

A questão Nordeste
Orientada a passar ao largo da discussão sobre a vice na chapa ao Palácio do Planalto, a executiva nacional do PSDB usará seu próximo encontro, em janeiro, para tratar do segundo item na lista de afazeres para as eleições de 2010: dar capilaridade à campanha presidencial no Nordeste. A preocupação no comando tucano é de que prefeitos e vereadores da oposição, atraídos pela popularidade do presidente Lula, esvaziem o palanque do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), como fizeram em 2006 na acachapante derrota de Geraldo Alckmin (PSDB) entre o eleitorado nordestino.
A direção do partido estuda uma maneira de cobrar dos filiados a presença no palanque tucano, sob argumento que o adversário de 2010 não será o popular Lula, mas a ainda não testada ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. “Naquele tempo, achava-se que fazer campanha contra o Lula seria perder votos. Hoje, ao subir no palanque do nosso candidato, nossa campanha avança”, avalia o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Conjunto
Ainda em janeiro, o PSDB promoverá um encontro regional no Nordeste — em Recife ou em Teresina — no qual serão reportadas as discussões do encontro da executiva nacional. Sérgio Guerra fará convite ao presidente do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), e ao do PPS, Roberto Freire, para que os outros dois partidos da oposição participem da reunião e iniciem 2010 em sintonia.

PSDB: 1ª Reunião de 2010 será em BH


PSDB tenta mostrar unidade

DEU NO ESTADO DE MINAS

Cúpula tucana marca para BH primeira reunião do partido no ano para tratar da sucessão presidencial. Encontro servirá para aparar arestas deixadas com a disputa entre Aécio e Serra

Juliana Cipriani
Leonardo Augusto

Depois da desistência do governador Aécio Neves de disputar com o governador de São Paulo, José Serra, a vaga de candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, a cúpula tucana decidiu trazer para Minas Gerais o primeiro encontro da legenda no ano que vem para discutir as estratégias para as eleições de outubro. O anúncio foi feito ontem pelo presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, que acertou a ida da Executiva a Belo Horizonte em janeiro com Aécio. A data e os detalhes da reunião serão definidos no dia 4 pelos dirigentes do partido.

A reunião em Belo Horizonte ocorre a pedido de Aécio, que no último encontro com Sérgio Guerra, quando anunciou que deixava a pré-candidatura à Presidência, colocou a vinda como um gesto simbólico do partido de apoio à candidatura do vice-governador Antonio Augusto Anastasia à sucessão do Palácio da Liberdade. De acordo com o secretário nacional do partido, deputado federal Rodrigo de Castro, virão nomes nacionais da legenda e será um momento de avaliar perspectivas.

A visita será ainda uma forma de aparar as arestas da disputa interna entre Serra e Aécio e é encarada pelos aliados mineiros como um ato de valorização do governador. “Serve também para mostrar que a Executiva valoriza o gesto dele e o reconhece como grande líder. E para ratificar que Minas é muito importante para definir a situação nacional”, avalia Rodrigo de Castro.

Com a indefinição do governador de São Paulo, que até então não assumiu a candidatura ao Palácio do Planalto, Rodrigo de Castro disse que o PSDB vai discutir a estratégia tucana para minimizar a perda de espaço enquanto a legenda não tem uma candidatura. Em almoço com Sérgio Guerra, no dia 4, para a qual serão chamados líderes tucanos, a cúpula deve acertar os detalhes do encontro em BH.

O presidente do PSDB em Minas, deputado federal Nárcio Rodrigues, afirma que a decisão do partido de marcar o encontro já para janeiro demonstra que os tucanos estão "tomando as rédeas" do processo eleitoral. "Na medida em que o governador Aécio Neves não é mais candidato, é preciso que o partido tome a iniciativa de colocar o bloco na rua, já que a Dilma (a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT em 2010) já está se movimentando", argumenta o parlamentar.

Homenagem
Para o deputado, a decisão do comando do PSDB de realizar a reunião em Minas Gerais é uma "homenagem natural à figura do governador". O parlamentar disse ainda que o estado sempre foi o local de discussão dos partidos às vésperas de campanhas presidenciais. "Na primeira campanha de Fernando Henrique Cardoso ao governo, a convenção do partido foi em Contagem. Na de Geraldo Alckmin também ocorreu um grande encontro em Minas", frisou.

Nárcio negou que a escolha do estado tivesse como objetivo amenizar os ânimos entre a cúpula do partido e os tucanos de Minas, depois da desistência de Aécio de manter a pré-candidatura à Presidência da República. O governador defendia que o partido decidisse rapidamente quem seria o candidato. Já José Serra, agora o único pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto em 2010, defendia que a escolha ocorresse somente em março. Para o presidente estadual do PSDB, a realização do encontro em janeiro é "prova de que o timing de Aécio estava correto".

Nárcio acredita que os principais líderes tucanos estarão presentes no encontro na capital, inclusive José Serra e Fernando Henrique Cardoso. Também em janeiro, FHC tem agenda programada para a capital mineira. Ele recebe o título de cidadão honorário de Belo Horizonte na Câmara Municipal.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Serra está chegando


O tempo de Serra

Nas Entrelinhas
Autor(es): Por Denise Rothenburg
Correio Braziliense - 27/12/2009

Ninguém do PSDB tem condições de concorrer em pé de igualdade com essa exposição de Dilma. Se o governador sair de São Paulo todos os fins de semana, será acusado de campanha antecipada.





Muito tem se falado sobre as dificuldades do governador de São Paulo, José Serra, em assumir de bate-pronto uma candidatura à Presidência da República. A cobrança — feita por setores do PSDB e, registre-se, muito mais de seus adversários do que de qualquer aliado — soa, no entanto, como uma armadilha sem precedentes, que pode inclusive levar a uma ação na Justiça por propaganda antecipada.

Hoje, o PSDB não tem dúvidas de que com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, dedicado a resolver os problemas mineiros, o nome para concorrer à Presidência é Serra. Aécio, por sinal, saiu do páreo porque tinha essa certeza. Serra, além da dianteira nas pesquisas de intenção de voto, tem se dedicado a uma intensa articulação nos bastidores, no sentido de preparar terreno para quando chegar a hora de deixar o Palácio dos Bandeirantes e se declarar candidato. Tem conversado com correntes dos mais variados partidos.

Da mesma forma silenciosa com que tem trabalhado a candidatura presidencial, tem acertado a vida dos tucanos paulistas. Alguns auxiliares do governador e mesmo integrantes da direção nacional do partido consideram praticamente fechado o nome de Geraldo Alckmin como candidato ao governo paulista. Pragmático, Serra, ainda que tenha mais afinidades com o seu secretário de governo, Aloysio Nunes Ferreira, não pretende deixar esse campo desarrumado, colocando no seu quintal um candidato que, embora tenha todas as qualidades para governar, não seja o que tem mais chances de vitória.



Se tudo está tão resolvido, então, perguntam muitos, por que Serra não sai logo da toca? A resposta a essa pergunta é mais simples do que se imagina: Porque não chegou a hora. Nos últimos meses, eleitores de todos os estados foram brindados com a presença constante do presidente Lula levando a tiracolo a sua ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Nas mais diversas oportunidades, o presidente se refere à sua ministra como a mulher que coordena os programas de governo e torna as coisas possíveis. Nas mais variadas vezes, a solenidade tem cara de campanha mesmo.

Até o momento, ninguém reclamou das viagens de Dilma. Como ministra da Casa Civil, ela está em todas, e o governo torce o nariz para quem critica a sua presença nos palanques. Ela aparece fiscalizando obra, lançando pedra fundamental, inaugurando casas do Minha Casa, minha Dil… digo, Minha Vida. E dê-lhe chapéu de mestre de obras, sorrisos, discursos em quase todas as solenidades. Ela é ministra, está no seu papel de executiva do governo e ponto. Se isso render alguns pontinhos a mais nas pesquisas, dizem os governistas, não é nada proposital. É apenas resultado do trabalho.


O PSDB não tem como fazer o mesmo. Suas estrelas não podem sair pelo país inaugurando obras, vacinando criancinhas, entregando casas. Ninguém tem condições de concorrer em pé de igualdade com essa exposição de Dilma. Se José Serra sair de São Paulo todos os fins de semana ou montar um quartel-general no Nordeste no mês que vem, será acusado de campanha antecipada, de colocar o carro na frente dos bois.

Por isso, que ninguém espere um movimento brusco de Serra neste fim de ano, ou em janeiro, quando grande parte dos brasileiros está curtindo as férias de verão, ou ganhando dinheiro com os turistas que lotam nossas belas praias. Ele só fará qualquer movimento mais incisivo depois do carnaval, quando, reza a lenda, começa o ano no Brasil. O PSDB calcula que, lá por março, é que seu pré-candidato terá mais chances de tentar concorrer em pé de igualdade. Pelo menos, assim esperam os tucanos, já que a possibilidade de o governo usar a sua máquina em favor da sua candidata é enorme.


Um exemplo desse uso foi o Natal de Lula com os catadores de papel, em São Paulo. Os tucanos ficaram pasmos com o fato de o presidente dizer que poderia fazer promessas, dependendo de quem estivesse ao seu lado, no ano que vem, no papel de presidente eleito. Não faltou quem lembrasse que Fernando Henrique Cardoso não usou o cargo em favor de José Serra na época da campanha — registre-se, não tinham nem uma popularidade tão alta para isso. Mas o fato é que, tudo que é demais, diz o ditado, é sobra. Se continuar nesse ritmo, é bem capaz de Lula saturar a imagem de Dilma antes que o eleitor acorde para a proximidade do pleito.