ARTIGO
Até aqui, saldo é melhor para Dilma do que para Serra
Ao final de junho, a situação da campanha eleitoral é amplamente favorável a Dilma Rousseff. Nada que surpreendesse as expectativas da Arko Advice. Mesmo quando Dilma caminhava muito atrás de José Serra e de Ciro Gomes, entendíamos que as condições estruturais da campanha e o ambiente psicossocial iriam beneficiar a candidata governista.
Não queremos dizer que José Serra não tenha chance de vencer. No entanto, a situação, ao final de junho, confirma as expectativas que tínhamos tanto quanto ao desempenho de Dilma quanto ao seu favoritismo. No momento, as melhores chances de Serra estão em levar a disputa para o segundo turno e tentar reverter a liderança de Dilma, cooptando votos que irão para Marina Silva no primeiro turno.
O mês de junho, além de revelar a liderança de Dilma em todos os principais institutos, trouxe aspectos políticos relevantes. O PMDB fechou com Dilma e a coalizão resolveu o principal problema de entendimento entre os partidos em Minas Gerais. O PP – após flertar com Serra – decidiu pelo apoio informal a Dilma. Vinte diretórios do partido vão apoiar a candidata governista. Aécio Neves não topou a candidatura a vice na chapa com Serra. Pior, a escolha se arrastou por junho e terminou em conflito entre o PSDB e o DEM. Ainda a favor de Dilma, a popularidade de Lula é ampla e sólida, e o desempenho da economia continua muito positivo.
José Serra, pelo seu lado, além de perder a liderança, provocou um conflito com o DEM pela escolha de Álvaro Dias (PSDB/PR) para ser seu vice. Após namorar com o PP e até mesmo oferecer a vice para Francisco Dornelles, obteve o apoio de somente cinco diretórios. Depois de buscar apoios variados, conseguiu apenas manter o PPS e atrair Roberto Jefferson e o seu rachado PTB. No Rio de Janeiro, o palanque de Serra será dividido com Marina Silva. E, em Minas Gerais, já existem focos significativos de apoio à combinação Dilma-Anastasia.
Aparentemente, a situação ainda pode piorar para Serra ao longo de julho. Após a Copa do Mundo, o Brasil se voltará com mais atenção para o processo eleitoral. Com a campanha oficialmente em curso, Lula poderá ser mais enfático em seu apoio a Dilma. Ou seja, sem fato novo e extraordinário, as tendências apontam para a consolidação da liderança de Dilma na abertura oficial da campanha.
Apenas este ano, Dilma ganhou cerca de 10 pontos na preferência do eleitor, ao passo que Serra perdeu três. Não é muito. Mas é relevante o que Dilma ganhou.
Historicamente, quem lidera a pré-campanha tende a ganhar as eleições. Foi assim desde a eleição de Fernando Collor. De acordo com o Ibope, Dilma estaria a 3,3 pontos de liquidar a campanha em primeiro turno. O que antes parecia impossível, já passa a ser possível, ainda que não seja provável.
Murillo de Aragão é cientista político
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