QG de Serra ouvirá mil eleitores por dia até a eleição
Angeli
Submetido a um cenário de disputa apertada, o Quartel General da candidatura de José Serra decidiu realizar mil entrevistas diárias com eleitores.
O eleitor será ouvido por telefone, numa modalidade de pesquisa que os marqueteiros chamam de “tracking”.
Busca-se rastrear os movimentos do eleitorado em todas as regiões do país. O comitê de Serra já vinha fazendo esse tipo de sondagem desde 5 de julho.
A diferença está no tamanho da amostra. Até aqui, ouviam-se 500 eleitores por dia. A partir de agosto, o número de entrevistas vai dobrar.
O objetivo é o de refinar a pesquisa, tornando-a menos imprecisa. Os números servem de matéria-prima para a produção de dois informes.
Num, faz-se a consolidação das últimas 2 mil entrevistas. Permite medir o percentual de itenções de voto atribuídas a cada candidato.
Com 500 entrevistas, essa consolidação era feita a cada quatro dias. Com mil, a periodicidade cairá para dois dias.
Noutro relatório, os responsáveis pela pesquisa anotam uma “média móvel”. Também considera um volume de 2 mil entrevistas.
A diferença é que a sondagem é atualizada em ritmo diário –os dados do primeiro dia de cada ciclo vão sendo substituídos pelas informações do último dia.
No formato anterior, as 500 entrevistas coletadas no primeiro dia eram substituídas pelas 500 do quinto dia.
Com a elevação do volume das amostras, a pesquisa será atualizadea com informações “frescas” a cada três dias.
A “média móvel” permite ao comitê de campanha detectar o eventual surgimento das chamadas “ondas eleitorais”.
Tenta-se captar a intenção de voto em pleno movimento. Suponha, para efeito de raciocínio, que o candidato apareça com 40% no primeiro lote de mil entrevistas.
Se ele cai para 35% no segundo dia e se mantém nesse patamar inferior nos dias subsequentes significa que foi engolfado por uma onda de baixa. E vice-versa.
Nas palavras de um dos responsáveis pelo marketing tucano, o tracking das últimas semanas revela um quadro de “rigoroso empate” entre Serra e a Dilma Rousseff.
A despeito do apoio de Lula à candidata rival, Serra segura-se em patamares superiores a 35%. Quanto a Dilma, depois de experimentar uma onda de crescimento na sondagem do comitê tucano, estacionou.
O cenário de empate orna com o quadro pintado pelo último Datafolha, que atribuiu 37% a Serra e 36% a Dilma.
Na guerra de pesquisas em que se converteu a sucessão, o comitê de Dilma sustenta que a candidata de Lula já ultrapassou Serra.
O comitê petista serve-se de pesquisas encomendadas ao Vox Populi. E se fia na última sondagem desse instituto, na qual Dilma (41%) aparece oito pontos à frente de Serra (33%).
Além das pesquisas quantitativas, os dois comitês realizam sondagens qualitativas. Nessa segunda modalidade, os eleitores são reunidos em pequenos grupos.
Em troca de brindes, salgadinhos e regrigerantes, os eleitores se dispõem a discutir temas propostos por um representante do comitê. O debate é observado pela turma do marketing a partir de um vidro semelhante aos que existem nas delegacias de polícia, para a identificação de criminosos.
Quem está de fora, vê o que se passa do outro lado. Quem está na sala não enxerga as pessoas que observam o grupo através do vidro.
Os debates resultam na produção de relatórios que condensam as opiniões de cada nicho de eleitores. Informados, os candidatos embrulham essas opiniões para presente e as devolvem aos eleitores na forma de discurso próprio.
O PSDB aproveita das suas “qualitativas” as dúvidas do eleitor em relação a Dilma e às parcerias ideológicas do PT. E Serra põe-se a criticar, por exemplo, o MST e o governo companheiro da Venezuela.
O PT recolhe das suas pesquisas de grupo aquilo que lhe interessa: o apreço do eleitor por Lula e o desejo de continuidade.
E o presidente da legenda, José Eduardo Dutra, repisa o discurso segundo o qual a campanha de Dilma será “propositiva, sem cair nas provocações dos adversários”.
Nesse vaivém de pesquisas e declarações, a sucessão atual desce ao verbete da enciclopédia como a mais disputada do Brasil redemocratizado. Caminha-se para uma definição na fase televisiva da campanha, a ser iniciada em 17 de agosto.
Escrito por Josias de Souza
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