Um banqueiro fracassado como político
Deu tudo errado para Henrique Meirelles em relação à eleição deste ano. Ele demonstrou que, enquanto político, é um ótimo banqueiro. Não vai mais se candidatar a nada e ficará na presidência do Banco Central.
A tentativa abortada de ser candidato a vice-presidente da República mostra que Meirelles tem conhecimentos limitadíssimos sobre como é a política brasileira. Trata-se de um mundo com o qual ele flerta, mas nunca consegue namorar ou casar de fato.
Em 2002, gastou uma fortuna para se eleger deputado federal pelo PSDB de Goiás. Nem assumiu sua cadeira na Câmara. Enfeitiçado pela proposta de presidir o Banco Central, renunciou ao mandato antes de tomar posse. Bandeou-se do tucanato para o petebo-lulismo.
Meirelles foi uma espécie de 3a ou 4a opção de Lula, pois ninguém em 2002 tinha coragem de assumir o Banco Central.
Durante os 7 anos do governo Lula, Meirelles soube vender muito bem a ideia (com a ajuda de parte da mídia amiga) de que teria sido o esteio da política econômica de estabilização. Bobagem. O grande fiador do modelo econômico lulista foi Antonio Palocci, como ministro da Fazenda. Se não fosse a habilidade política de Palocci, a permanência de Meirelles no BC teria sido muito mais curta.
Aliás, qual é a grande ideia original de Meirelles na área financeira-econômica nos últimos 7 anos? A "política de elevador" de subir e baixar os juros (às vezes nas horas erradas). Só isso. Sofisticação nunca foi o seu forte.
Ao tentar virar candidato a vice-presidente, Meirelles achou que sua fortuna e fama seriam suficientes para pavimentar um caminho suave no PMDB, partido ao qual se filiou. Mas só quem acabou de chegar de Alfa Centauro e nunca leu as seções de política dos jornais imaginaria que a vida dentro do PMDB seria tranquila. Ainda mais para quem entra dizendo que seu projeto é ser presidente da República.
Isso mesmo. Lá atrás, antes de 2002, quando se filiou ao PSDB, Meirelles teve uma conversa reservada com o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Indagado por FHC sobre quais eram seus planos, o hoje presidente do BC disse: “Ser presidente da República”.
Agora deu-se o óbvio. Plantador de notícias em todos os locais possíveis sobre a sua quase nomeação para a vaga de candidato a vice-presidente, Meirelles teve de se contentar com a dura realidade. Lula disse que não poderia garantir nada. Dilma Rousseff não se meteu. A cúpula do PMDB desdenhou Meirelles.
Ao comunicar o fracasso de seus planos políticos hoje (emblematicamente o dia 1º de abril...), Meirelles soltou uma frase inverossímil: “Nunca tive ambições políticas. Conclui que poderia contribuir mais ficando no Banco Central”.
Não tinha ambições políticas e filiou-se ao PMDB? Difícil explicar. Passou 7 anos no BC com uma agenda jeca-tatu de receber prefeitos do interior de Goiás e não tinha ambições políticas?
Agora, Meirelles vai de fato contribuir ficando no Banco Central: filiado ao PMDB e certamente sendo obrigado a elevar os juros nos próximos meses para tentar manter a inflação controlada.
Blog do Fernando Rodrigues
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