Serra, finalmente, em clima de campanha
Jornal do Brasil - 01/04/2010 |
O governador de São Paulo e pré-candidato do PSDB à sucessão, José Serra, anunciou quarta-feira sua despedida do cargo, a fim de cumprir a exigência legal da descompatibilização, em um discurso emocionado para mais de 5 mil convidados no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. De maneira semelhante aos adversários petistas, o tucano destacou realizações de sua gestão à frente do estado e fez críticas indiretas aos seus adversários políticos. A saída oficial do cargo, contudo, deve ocorrer apenas sexta-feira. Sem mencionar nomes, Serra criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a pré-candidata do PT Dilma Rousseff. – Já fui governo e já fui oposição, mas de um lado ou de outro, nunca me dei à frivolidade das bravatas – disse Serra, que também disparou críticas contra o aparelhamento da máquina pública. A oposição acusa o governo de distribuir cargos entre sindicalistas e apadrinhados. – O nosso governo serve ao interesse público, e não à máquina partidária. Nós governamos para o povo – afirmou Serra, destacando o caráter técnico de seu governo. O tucano ressaltou que, nos cargos administrativos do estado, “deu prioridade ao conhecimento, e não a indicações políticas”. – Sempre tive aversão à tese do dividir para governar. Mantendo o discurso indireto, o tucano também não poupou críticas ao que entende ser uma tendência do governo federal de exagerar suas realizações. Serra lembrou que, ao longo de sua carreira política, foi aconselhado a ser mais “atirado”, a “buscar mais holofotes”, a “ser notícia”. Afirmando que prefere manter suas convicções, disso que seu estilo não se presta a isso. – Repudiamos sempre a espetacularização, a busca pela notícia fácil, o protagonismo sem substância. Este é um governo de caráter, não cedeu à demagogia, à soluções fáceis e erradas para problemas difíceis, nem se deixou pautar por particularismos e mesquinharias – disse o ex-governador. – Procuro ser sério, mas não sisudo. Realista, mas não pessimista. Calmo, mas não omisso. Otimista, mas não leviano. Monitor, mas não centralizador. Em mais de 50 minutos de discurso, Serra, assim como Dilma em Brasília, chegou a embargar a voz e ensaiou um choro. Ao fazer uma longa lista dos feitos de seu governo, Serra defendeu o controle dos gastos públicos e a punição para corruptos. – Austeridade não é mesquinharia – afirmou. – Sou considerado um grande obsessivo, mas minha grande obsessão foi servir aos interesses gerais do meu estado e do meu país. Estou convencido que o governo, como as pessoas, tem que ter honra. Assim falo não apenas porque aqui não se cultivam escândalos, malfeitos, roubalheira. Mas porque nunca incentivamos o silêncio da cumplicidade e da conivência com o malfeito. Cercado de secretários, deputados, prefeitos de partidos aliados e militantes tucanos, Serra afirmou que está preparado para sua nova missão. Entre os que prestigiaram a cerimônia, estiveram o presidente do Democratas, deputado Rodrigo Maia (RJ), o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB) e o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). – Vamos juntos que o Brasil pode mais – conclamou Serra. – Por tudo que fizemos, sinto ganhar bastante força para esta etapa seguinte que nos espera. Vou ingressar nesta etapa com muita disposição, muita força, muita confiança, muita sinceridade e muito trabalho. |
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