Mercadante: Ciclo tucano ‘gera fadiga e acomodação’
Fábio Pozzebom/ABr
Em entrevista à revista ‘Linha Direta’, uma publicação do PT-SP, Aloizio Mercadante esboçou o discurso que levará ao palanque.
Em entrevista à revista ‘Linha Direta’, uma publicação do PT-SP, Aloizio Mercadante esboçou o discurso que levará ao palanque.
Insinua que o PSDB de São Paulo já deu o que tinha que dar, como se diz: “São mais de 26 anos. Isso vai gerando certa fadiga e acomodação...”
“...Sinto que, na falta de perspectivas, o Estado vem perdendo posições no crescimento do país”.
Mercadante exagera ao falar de “26 anos”. Em verdade, contando-se desde Mario Covas, eleito em 1995, são 15 anos.
O diabo é que Mercadante, como que decidido a esticar o que já é longo, inicia a contagem dele na administração tucana de Franco Montoro (1983-1987).
Recorda que José Serra e o atual secretário paulista de Educação, Paulo Renato, integraram a equipe de Montoro.
Lembra, de resto, que o tucano Aloísio Nunes Ferreira (ex-PMDB), secretário da Casa Civil de Serra, foi vice-governador na gestão de Antonio Fleury (1991-1995).
Mercadante diz enxergar uma “crise aguda na educação”. Vê deterioração nos índices de violência:
“O problema da segurança pública se inte riorizou, deixando de ser uma preocupação da Capital, para tornar-se um desafio mais abrangente”.
Considerando-se o último Datafolha, o candidato petê terá de gastar alguma saliva para convencer o eleitor da tese da “fadiga”.
Medido pela pesquisa, o humor do eleitorado não parece tão azedo com o PSDB. Geraldo Alckmin amealha 52% das intenções de voto. Mercadante, 13%.
A despeito disso, o senador exala otimismo. Para adoçar as próprias previsões, convive com três Alckmins.
Em vez de concentrar-se no adversário atual, observa um par de Alckmins do passado.
Recorda o Alckmin da sucessão presidencial de 2006. Na passagem do primeiro para o segundo turno, perdeu algo como 3 milhões de votos.
Verdade. Mas o adversário desse Alckmin era Lula, não Mercadante.
O senador também se lembra do Alckmin de 2008. Subiu ao ringue com 45% de intenção de voto e foi à lona com 22%.
Verdade. Mas, nessa eleição, o eleitorado era o da capital, não do Estado todo.
No mais, Mercadante escora o otimismo na “unidade” do PT, na “frente” que se dispõe a apoiá-lo, em Lula e no suporte do aparato sindical e social. Pergunta:
“O Brasil demorou tanto tempo para acreditar que Lula poderia fazer um bom governo. Por que São Paulo não pode dar uma oportunidade para o PT governar o Estado?”
Lula perdeu três vezes antes de ganhar a primeira. Mercadante, por ora, perdeu apenas uma eleição para governador. Vai à segunda tentativa.
O senador fala como se já desse de barato que Dilma Rousseff vai prevalecer sobre José Serra.
A contabilizar o ovo por ser botado, Mercadante vende como “projeto alternativo” para São Paulo a parceria do Estado com Brasília. E Desanca Serra:
“Não faz o menor sentido criar o Renda Cidadã, que atende 140 mil famílias, para competir com o Bolsa Família, que atende 1,1 milhão só em São Paulo. Tem que ter complementaridade, não concorrência”.
Diz que as obras da CDHU, a Cia habitacional de São Paulo, “não dialogam com o Programa Minha Casa, Minha Vida”.
Marta Suplicy, que herdou de Mercadante a candidatura ao Senado, também falou à revista do PT-SP. Referiu-se à eleição de 2010 como “uma batalha-chave”.
Vai ao front, segundo disse, “como soldado”. Um “soldado” ávido por ajudar a “derrotar o que há de mais conser vador e retrógrado no PSDB”.
As candidaturas de Mercadante e de Marta serão formalmente lançadas num encontro do PT marcado para 24 de abril.
- Serviço: Pressionando aqui, você chega à versão eletrônica da revista petista “Linha Direta”. Mercadante fala na página 18. Marta, na 19.
Escrito por Josias de Souza às 09h37
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