Dornelles volta a ser principal opção de vice de Serra
Fábio Pozzebom/ABrO pequeno PP converteu-se num partido estratégico na sucessão de Lula. Administra o súbito prestígio que adquiriu ganhando tempo.
O senador Francisco Dornelles (RJ), presidente do PP, voltou a frequentar os subterrâneos como principal alternativa de vice de José Serra.
Invadido pelo cheiro de queimado, o comitê de campanha de Dilma Rousseff tenta apressar a adesão do PP à coligação governista.
Assediado pelos dois lados, o PP marcou uma reunião de sua Executiva nacional para a próxima quarta-feira (28).
Antes do encontrou, marcaram-se as cartas. Está combinado que o PP decidirá não decidir. Agendará novo encontro para fins de maio.
Até lá, o PP vai gerir o cerco duplo com um olho grudado no desenrolar da pré-campanha e outro na evolução das pesquisas.
São três as razões que levam o tucanato a fazer carga para que Dornelles aceite compor a chapa de Serra:
1. Embora faça política no Rio, Dornelles é da família de Aécio Neves. Como vice, reforçaria os laços de Serra com o grão-duque do tucanato de Minas.
2. Atraindo Dornelles, Serra se livra de ter de engolir um vice do DEM –opção da qual prefere se abster.
3. O PP de Dornelles alargaria em algo como 2,5 minutos a vitrine televisiva de Serra. Uma necessidade, já que Dilma tem, hoje, quase o dobro de tempo do rival.
As negociações com Dornelles são feitas em segredo. Procurado pelo repórter, um dirigente tucano mediu as palavras.
Limitou-se a dizer que chances de Dornelles virar vice de Serra são, hoje, menos negligenciáveis do que já foram.
Um integrante da cúpula do DEM informou ao blog que sua legenda não teria dificuldades em abrir mão da vaga para Dornelles.
E quanto a Dornelles, o que pensa sobre o tema? Bem, o senador é um político da escola de Tancredo Neves. Segue a cartilha de Minas.
Significa dizer que Dornelles vai procurar não parecer o que é enquanto se mantiver a suspeita de que o outro pode não ser o que parece.
Dito de outro modo: Dornelles tenta não ficar tão próximo que amanhã não possa estar distante, nem tão distante que amanhã não possa se aproximar.
Em público, o senador chama de “boato” a hipótese de se compor a chapa de Serra. Instado a dizer algo que soe peremptório, Dornelles recorre a uma frase que pode significar qualquer coisa:
“Na política, se vendem histórias. Quando um boato ganha força própria, não adianta confirmar nem desmentir. De modo que prefiro não comentar”.
No final do ano passado, em consulta aos diretórios estaduais, o PP concluíra que a maioria pendia para Dilma. Decidiu refazer a sondagem interna.
Por quê? Dissemina-se na legenda a impressão de que a coisa pode ter mudado. Entre os Estados importantes, só na Bahia o PP parece 100% fechado com Dilma.
Nos demais, o partido ou migrou para Serra ou escalou o muro. A eventual conversão de Dornelles em vice do tucano tende a unificar a legenda.
Como a decisão só precisa ser tomada em convenção prevista para junho, o PP decidiu acionar a barriga. Empurrou a encrenca para maio.
Neste domingo, saiu nova pesquisa. Foi feita pelo Ibope. Serra aparece com 36% das intenções de voto. Dilma, com 29%. Diferença de sete pontos percentuais.
Retirando-se Ciro Gomes (8%) da cédula, Serra vai a 40%. Dilma sobe para 32%. Oito pontos de diferença. Num eventual segundo turno, o tucano prevalece sobre a petista: 46% a 37%.
Conservando-se na dianteira até o fim de maio, Serra aumenta as chances de atrair o PP, um partido que se guia pelo aroma do poder.
Escrito por Josias de Souza às 04h57
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