iNDEFINIÇÃO
Tensão pré-eleitoral ataca governo e oposição
Publicada em 24/10/2009 às 18h27m O Globo
BRASÍLIA - O quadro de incerteza da sucessão nacional começa a contaminar os palanques regionais, onde a cada dia se acirram mais os conflitos entre caciques locais, seja da base governista ou da oposição. O resultado é a indefinição generalizada nos estados, com negociações sendo adiadas para o ano que vem. Como o PT já mostrou disposição de garantir a todo custo o apoio do PMDB à candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, os candidatos petistas serão os mais sacrificados para dar espaço a peemedebistas, conforme mostra a reportagem de Gerson Camarotti e Maria Lima na edição deste domingo do jornal O GLOBO.
Na base do governo, de acordo com a reportagem, a principal indefinição é motivada pela possibilidade de mais de uma candidatura aliada, já que o PSB tenta consolidar o nome do deputado e ex-ministro Ciro Gomes. No Ceará, Ciro garante que o palanque do irmão, o governador Cid Gomes (PSB), é só dele. Por isso a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), ameaça lançar um candidato e assegurar palanque para Dilma.
- A Luizianne tem dito que, se eu for mesmo candidato, o PT terá candidatura própria ao governo. Mas o quadro eleitoral nos estados só vai ser definido em maio do próximo ano. Isso porque as pessoas querem ver primeiro a variável nacional - avalia Ciro, repetindo a todo momento que não vai desistir de sua candidatura a presidente.
Se não resolver logo a aliança nacional, um projeto muito bom pode não engrenar
Já na oposição, o principal nome da disputa presidencial, o governador José Serra (PSDB-SP), está sendo pressionado a decidir até janeiro. A demora angustia não só o outro pré-candidato do PSDB, Aécio Neves (MG), mas tucanos país afora, além de dirigentes e líderes do DEM, principal aliado dos tucanos. Até políticos mais moderados e cautelosos alertam para o risco de a oposição perder o tempo das decisões.
- Se não resolver logo a aliança nacional, um projeto muito bom pode não engrenar. Em Pernambuco o quadro ainda está muito desarrumado - alerta o senador Marco Maciel (DEM-PE), que pode integrar uma coligação branca com o PMDB para lançar a candidatu$dissidente do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), ao governo de Pernambuco.
O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), é mais categórico:
- No momento em que há indefinição no plano nacional, os estados vão assumindo compromissos e fechando alianças. Quando a candidatura nacional sai rapidamente, é possível fazer sintonia de palanques. Mas, quando demora, o palanque nacional fica atre$à sobrevivência local.
Mesmo cientes das dificuldades para a definição dos palanques regionais, os aliados de Serra preferem o discurso cauteloso do governador paulista.
- Primeiro, temos que esperar a definição de 2010. Os deputados pressionam, estão preocupados com sua sobrevivência, mas este não é o tempo da sucessão presidencial. Serra está da seguinte forma: parado, ele está andando - afirma o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).
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