Dilma avança?

ARTIGO

Momento decisivo para Dilma

A campanha de Dilma Rousseff passa por aquele momento que precede uma grande decisão. Em tratamento de saúde até o final de setembro, ela havia suspendido as viagens pelo país.

Os aliados do governo não demonstravam empolgação com sua candidatura. Resultado: Dilma começou a cair nas pesquisas e a perder espaço para Ciro Gomes (PSB-SP).

O quadro agora começa a mudar a favor da ministra. Há três semanas, ela intensificou o contato com os partidos da base – PMDB, PDT e PR.

Com a candidata a tira-colo, na semana passada, o presidente Lula foi para o Nordeste acompanhar as obras de transposição das águas do Rio São Francisco. Houve ampla repercussão na mídia.

Além da própria ministra, o presidente Lula e aliados começam a se movimentar com o objetivo de turbinar a campanha de Dilma.

A movimentação de Dilma começa a preocupar a oposição. Podendo, até mesmo, provocar a antecipação da definição da candidatura do PSDB.

Os movimentos de Dilma também afetam a base governista. Na última quarta-feira, PT e PMDB assinaram pré-compromisso para a eleição presidencial.

O acordo, ainda que não seja definitivo, é uma boa notícia para o presidente Lula e para a sua candidata. Ele tem algumas conseqüências importantes no cenário de curto prazo.

De cara representa um reforço politico importante para a candidatura governista. O PMDB é o maior partido político do país. Não é à toa que o presidente Lula estava articulando pessoalmente essa adesão à candidatura de Dilma.

Por outro lado, a aproximação entre as duas legendas pode desencadear uma disputa interna no PMDB pela vaga de vice na chapa com o PT.

O presidente da Câmara, Michel Temer, do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, são os mais cotados. No entanto, o que preocupa mais no casamento do PT com o PT é a composição nos estados onde os partidos disputam o poder.

No Congresso, a aproximação entre PT e PMDB pode ajudar na aprovação de projetos importantes. Na segunda semana de novembro, está prevista a votação da regulamentação do pré-sal na Câmara.

O Orçamento será votado em dezembro. Com o PMDB mais próximo de Lula, o desgaste político para o governo tende a ser menor.

Além dos partidos, o governo também trabalha articulada em favor da ministra Dilma Rousseff, que cumpriu mais um compromisso de pré-campanha viajando ao Vale do São Francisco em companhia do presidente Lula.

Com isso, o balanço das notícias da semana passada foi favorável à candidata do governo. Mesmo com as questões do roubo das provas do Enem e a polêmica do restituição do Imposto de Renda da Pessoa Física.

Para compensar, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, anunciou a criação recorde de empregos em setembro, Guido Mantega voltou atrás e determinou que a Receita restitua o IRPF ainda neste ano e o presidente Lula editou MP autorizando a Caixa a usar R$ 6 bilhões para garantir financiamentos em 2010 e 2011 e sancionou lei permitindo o uso de FGTS em consórcios.

O presidente está disposto inclusive a prorrogar a redução do IPI para produtos da linha branca, mesmo diante da resistência da Fazenda.

A pauta do Congresso para este ano

Dois meses antes do recesso (22 de dezembro), há um conjunto de projetos com chances razoáveis de avanço no Congresso.

Na Câmara, os projetos do pré-sal, resíduos sólidos e regulamentação do lobby e a PEC dos Precatórios. No Senado, reformulação do sistema de defesa da concorrência, repatriamento de capitais e a PEC que reduz o percentual da DRU destinado à educação. No Congresso, o Orçamento de 2010 é o principal assunto.

Murillo de Aragão é cientista político

Fonte: Blog Noblat