Razões do Blog


Este blog foi criado para apoiar a candidatura de José Serra à presidência do Brasil, por entendermos ser o candidato mais preparado, em todos os aspectos pessoais, políticos e administrativos. Infelizmente o governo assistencialista de Lula e a sua grande popularidade elegeram Dilma Rousseff.
Como discordamos totalmente da ideologia e dos métodos do PT, calcados em estatismo, corporativismo, aparelhamento, autoritarismo, corrupção, etc., o blog passou a ser um veículo de oposição ao governo petista. Sugestões e comentários poderão ser enviados para o email pblcefor@yahoo.com.br .

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Governador Cid Gomes fala sobre eleição presidencial


Contra a polarização
Carta Capital 28/10/2009 13:22:22

Cid Gomes defende a candidatura do irmão Ciro à Presidência e diz que embate PT vs. PSDB impede mais avanços no Brasil


O tom da voz e a maneira de expor as ideias ressaltam as semelhanças com o irmão mais famoso, o deputado federal e duas vezes candidato à Presidência da República, Ciro Gomes. Mas o tímido Cid, governador do Ceará filiado ao PSB, rechaça logo as comparações: “Não tenho a verve dele”. É verdade, em termos. Como o irmão, Cid não titubeia, como se verá nas definições dos governadores José Serra (“truculento”) e Aécio Neves (“grande brasileiro”). Defensor da candidatura de Ciro em 2010, o governador cearense falou também de pré-sal, reformas estruturais e sobre o futuro do Nordeste.

CartaCapital: O senhor é um dos principais defensores da candidatura à Presidência do seu irmão Ciro, não?
Cid Gomes:
 O PSB tem hoje uma representação importante. Tem três governadores de estado e, como qualquer partido, almeja conquistar a Presidência da República. Acho que o partido permite e o Ciro tem um histórico. Foi duas vezes candidato à Presidência e acumulou uma experiência como prefeito, deputado estadual, deputado federal, governador, ministro. Reúne as condições para disputar e, sendo eleito, fazer um bom governo. A visão e o conhecimento que ele tem do País... Acho que poucos candidatos têm um grau de conhecimento tão vasto do que o Brasil precisa. O Brasil mantém muitas desigualdades e essa questão, a meu juízo, se coloca como principal desafio: reduzir as desigualdades regionais. O Ciro tem profundo compromisso com isso.

CC: Como o senhor vê a hegemonia paulista na política?
CG:
 É natural que o estado mais populoso, de economia mais representativa, tenha uma participação maior na política nacional, mas essa disputa de poder entre o PT e o PSDB a partir de São Paulo tem feito muito mal ao Brasil. O PSDB de outros locais é bem menos radical nessa linha de polarizar com o PT e vice-versa. O PT na Bahia fez, por exemplo, uma aliança com o PSDB. Isso atrasa alguns avanços que o Brasil precisa alcançar.

CC: Qual seria o ponto mais importante de uma candidatura Ciro Gomes?
CG:
 Ele dará a certeza, a tranquilidade aos brasileiros, de que as conquistas do governo Lula serão mantidas e que avanços em outras áreas serão buscados. O Brasil ainda precisa avançar em alguns pontos, como na reforma previdenciária, um problema anunciado para o governo em todos os níveis. É uma bomba que vai explodir. A grande mídia no País procura- imprimir no Ciro algo que não cola – talvez cole na elite, mas não no povão. A imagem de um cara radical, brigão. Basta ver o seu passado. O Ciro governou o Ceará com o apoio de 36 dos 46 deputados estaduais. Quando foi prefeito, também conseguiu uma boa relação com o Parlamento, tinha uma maioria sólida. O Ciro é forjado no diálogo. Por não fazer parte dessa estrutura bipolar (que, se o PSDB se elege, o PT é contra, e vice-versa), acho que poderia transitar em vários segmentos e conseguir avanços que hoje são muito difíceis de ser alcançados.

CC: Além da Previdência, quais as outras reformas importantes?
CG:
 A política. A gente reclama do sistema representativo brasileiro, o tempo passa e permanece o mesmo modelo. É crucial a mudança.

CC: Sob que termos?
CG:
 Acontece hoje um certo engessamento da atribuição legislativa, principalmente da Câmara. O Senado até que tem regimento. O Parlamento é uma representação da sociedade e as decisões devem ser tomadas por maioria. A Câmara virou um espaço em que só se delibera se for em consenso, mas o Brasil é um país muito diversificado para se conseguir tudo por consenso. Tem muita coisa que vai ter de ser decidida pela maioria, que é o princípio da democracia. O regimento da Câmara precisa ser mudado. Não sei se eles não mudam para se proteger, mas, para mim, é um absurdo que o regimento impeça qualquer decisão que não seja por consenso. Democracia é a prevalência da vontade da maioria.

CC: Até onde iria a capacidade de transferência de votos do Lula?
CG:
 Dou um exemplo pessoal. Quando prefeito, durante os quatros anos a minha administração não teve avaliação positiva inferior a 92%. Cheguei a alcançar 96% de aprovação. Mas o candidato que apoiei obteve 53% dos votos. Por que não 90%? O fato de o eleitor aprovar uma administração não quer dizer que votará no candidato governista. Qual seria o porcentual de transferência? É difícil dizer. Mas uma certeza eu tenho: não é 100% e a rigor fica longe disso. A transferência não é instantânea. O Lula é uma grande liderança, a maior que o Brasil teve nos últimos 40 anos. Talvez vá superar JK, seguramente, é o maior nos últimos 50 anos, mas o poder de transferência é limitado.

CC: Em 2010, teremos um comparativo entre as eras Lula e FHC ou os eleitores estarão preocupados com o futuro?
CG:
 Será um misto. Um garoto que tinha 10 anos na época de FHC será um eleitor. Você acha que ele estará preocupado com o comparativo ou mesmo se lembrará do que foram os anos de governo do PSDB? A grande maioria está preo-cupada em sobreviver, nem acompanha a vida política. O que é decisivo ali é a campanha, a empatia, as propostas.

CC: Os governadores nordestinos andam preocupados com alguns pontos do marco do pré-sal. Por quê?
CG:
 Não estamos querendo propor alterações no modelo de royalties existente, até porque ele já gerou compromissos, tem participação importante nos orçamentos futuros de alguns estados produtores. Mas o que se está tratando é de uma nova fronteira, o pré-sal, que atualmente não está gerando royalties. Portanto, ninguém vai perder nada. Não acho justa a manutenção do modelo anterior, concentrador de renda. Precisa ser partilhado pela totalidade dos estados e municípios brasileiros, dando mais a quem mais precisa. Quem mais tem, menos terá, quem menos tem, mais terá, proporcional à população e inversamente proporcional à renda. Quanto mais pobre, mais recursos.

CC: Nos últimos anos, o Nordeste cresce acima da média nacional. Mas boa parte dessa expansão se sustenta pela ampliação dos programas de transferência de renda. Como superar esse ciclo?
CG:
 O (Mário) Covas falou na campanha de 1989 que o Brasil precisava de um choque de capitalismo. As políticas de transferência de renda e de elevação do salário mínimo têm propiciado justamente isso, um choque de capitalismo. Na hora que se distribui mais a renda, cria-se uma massa de consumo e se desperta o setor industrial. O crescimento do Nordeste não é só em consumo, não. Há novas indústrias se instalando. Empresas antes instaladas apenas no Sudeste e no Sul estão descobrindo o potencial no Norte e Nordeste. Isso gera empregos, salários, o que por sua vez provoca mais consumo e aumenta a demanda. Sem falar nos investimentos estruturantes. O Nordeste tem grande potencial na geração de energia eólica. O Ceará, por exemplo, importava 100% de energia. Até o fim de 2010, ou meados de 2011, vai virar exportador de energia a partir de usinas eólicas e outros investimentos baseados lá em consequência da melhora da infraestrutura. No primeiro semestre de 2009, o PIB do Brasil caiu 1,5%, muito em razão do resultado ruim do último trimestre de 2008, mas o Ceará cresceu 2,8%. E é sustentável não só a curto prazo, mas ao longo do tempo. Há a Transnordestina, refinarias em Pernambuco, Ceará e Maranhão, siderúrgicas. A transposição do São Francisco tem um impacto imediato na mão de obra. O turismo continua a ter um potencial grande. Quatro capitais da região vão receber jogos da Copa de 2014, o que será uma nova fonte de investimentos.

CC: O planejamento da Copa não está atrasado?
CG:
 Há tempo de sobra. Muitas obras já estão em andamento. Teremos dinheiro do BNDES para os estádios. O Brasil tem, é verdade, um péssimo histórico de planejamento. Normalmente, aqui, as pessoas vão primeiro atrás do dinheiro e depois elaboram o projeto. Mas a Copa é uma oportunidade de superar esse problema. Será necessária uma estratégia conjunta capaz de enfrentar questões crônicas das metrópoles, como o da mobilidade urbana, segurança.

CC: O senhor já falou do Lula. Falemos de outras figuras públicas. O governador José Serra, para começar.
CG:
 O principal problema dele, e o que me deixa preocupado, é que ele não tem a visão do Brasil como um todo. Ele olha muito o Brasil a partir da ótica de São Paulo, e o Brasil é muito mais do que São Paulo. Em muitas questões, o interesse médio dos paulistas é conflitante com o interesse médio dos brasileiros. Temo que, na hora H, ele fique ao lado do interesse médio de São Paulo. O estilo do Serra de fazer política é muito truculento, de destruir o adversário. Para ele, a disputa não é entre oponentes políticos com visões de mundo diferentes. É uma coisa de inimigo e seu o objetivo é matar, destruir. Acho que, na Presidência, ele trataria qualquer oposição como alguém que precisa ser aniquilado. Como brasileiro e como político, me preocupa a possibilidade de o Serra comandar o Brasil.

CC: E o governador Aécio Neves?
CG:
 Um grande brasileiro, absolutamente diferente do Serra. É um homem de diálogo, que compreende o Brasil, tem sensibilidade com as regiões- menos desenvolvidas e, no que me consta, não tem o estilo de matar, destruir. E tem um grande mérito: sabe escolher bons assessores.

CC: A senadora Marina Silva?
CG:
 Tenho um grande carinho por ela.

CC: O senador Tasso Jereissati?
CG:
 Dos vivos, é o maior político cearense. Estamos em partidos diferentes e vamos ver como serão as coisas no futuro.



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