Trechos da coluna de Cesar Maia na Folha de SP (24).
1. Outro dia, Lula disse que essa será a primeira eleição em que a direita não terá candidato. A menos que o voto seja restrito, como no século 19, ela votará e escolherá um dos candidatos. Mas o que representam esses eleitores de direita? Há anos que pesquisas vêm estudando esse voto "ideológico". São duas formas básicas de avaliação. Uma, clássica, quando se oferece ao eleitor uma régua de 1 a 10 e se indica direita, centro-direita, centro, centro-esquerda e esquerda e se pede que o eleitor se posicione. Na pesquisa seguinte, inverte-se a ordem -esquerda-direita- e se a compara com a anterior.
2. Sempre os que marcam direita são em porcentagem maior que os da esquerda. E, se somarmos direita+centro-direita e esquerda+centro-esquerda, a vantagem à direita permanece. Quando se cruza com as avaliações de governo ou até intenções de voto, se vê que o eleitor que se diz de esquerda está mais próximo de seu candidato que o de direita, que vota de forma mais pragmática. O eleitor que se diz de direita, com uma margem de flutuação maior, pode ser enquadrado entre os potencialmente indecisos, devendo ser um alvo prioritário dos candidatos.
3. Mas a surpresa vem quando se listam temas sempre atribuídos ao pensamento de direita ou de esquerda e se pede ao eleitor que faça sua opção numa tabela de opostos, que vai desde os costumes até o eixo Estado-mercado. A tabela apresenta uma lista de alternativas. Depois elas são colocadas num gráfico, onde os que defendem o mercado são classificados como de direita, e os que defendem o Estado, de esquerda. E da mesma forma em relação a valores: família, religião, costumes, propriedade, lei... A opção conservadora é listada como de direita; a "liberal", de esquerda.
4. Meses antes da última eleição francesa, a Ipsos fez uma ampla pesquisa assim, de forma a definir ideologicamente o eleitor francês sem que ele se autoclassificasse. O resultado não correspondeu a nenhum dos partidos. O eleitor francês era majoritariamente conservador em relação aos valores e estatizante na economia. Ou seja, era de direita em relação aos valores e de esquerda em relação à economia. Esse era o "partido" majoritário na França.
5. O GPP repetiu a mesma pesquisa no Brasil. Aqui também, e até em maior proporção, o eleitor é de direita em relação aos valores e de esquerda em relação à economia. Em 2010, quem quiser que recuse o voto da direita.
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