24/10/2009 08:00:02
Entre Serra e Aécio
Líder nas pesquisas de intenção de votos para as eleições presidenciais de 2010, José Serra reluta em assumir a condição de candidato pelo PSDB. Pressionado pelos líderes do DEM, que lhe cobram uma definição imediata, e pelo governador de Minas, Aécio Neves, que também tem suas pretensões, ele faz cara de paisagem e desconversa. Com a experiência de uma derrota em eleições presidenciais no currículo, justamente para Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, o governador de São Paulo tem razões para ser cauteloso. Ainda faltam 11 meses para o primeiro turno das eleições de 2010. Nesse período, muita coisa ainda pode mudar.
No calendário de José Serra, a definição sobre o candidato da oposição à Presidência da República só deve ocorrer em meados de março do próximo ano. Será mais seguro para ele, será mais seguro para os próprios partidos de oposição. Para ele, porque até março o quadro de intenções de voto já estará um pouco mais amadurecido. O que acontecerá, por exemplo, com Ciro Gomes? Permanecerá candidato à presidência, dividindo os votos com Dilma Roussef, ou aceitará a oferta de Lula para participar da disputa pelo governo de São Paulo?
Curiosamente, Lula e o PT parecem insistir na candidatura de Ciro em São Paulo como forma de incomodar José Serra, candidato natural à reeleição. O favoritismo de Serra é tão grande que os potenciais candidatos ao governo pelo PT – caso, por exemplo, do senador Aluízio Mercadante – não parecem nem um pouco dispostos a assumir o desafio. Preferem se colocar como pretendentes ao Senado ou a algum posto de comando na campanha presidencial de Dilma Rousseff.
Ciro Gomes pode até não decolar, como candidato apoiado por Lula e pelo PT, mas terá o poder de irritar Serra e os tucanos. Sua candidatura, na visão de políticos ligados ao presidente, poderá até mesmo influenciar na decisão de Serra de deixar o governo para se candidatar à Presidência da República. Será? É o que veremos em meados de março do próximo ano. Em Brasília, os líderes dos partidos da base aliada parecem torcer para que o candidato do PDSB/DEM seja mesmo o governador de São Paulo, José Serra, favorito nas pesquisas mas considerado um político “difícil”.
Acredita-se que, na disputa polarizada por um eventual segundo turno, Serra teria dificuldade para aglutinar novos apoios e alianças. Ao contrário do outro pretendente tucano ao posto de candidato, o mineiro Aécio Neves, que apesar de mais jovem demonstra enorme jogo de cintura e capacidade de articulação política. Aécio parece ter herdado do avô, o saudoso presidente Tancredo Neves, o talento para a conciliação.
Na conjuntura atual, fica a impressão de que só Serra poderá desistir da candidatura Serra a Presidência pela oposição. No caso, para seguir a alternativa mais cômoda e segura de candidatar-se à reeleição como governador de São Paulo.
Álvaro Pereira
alvaropereira@apcomunicacao.com.br
Fonte: Diário de Marília
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