Líder do PT chama Ciro de ‘falastrão desequilibrado’
Roosewelt Pinheiro/ABrCiro Gomes (PSB) tornou-se, para o PT, um “aliado” indesejável.
As ressalvas ao deputado, antes feitas entre quatro paredes, ganharam o meio-fio.
Líder do PT na Câmara, o deputado Fernando Ferro (PE) trouxe à borda do caldeirão o caldo que ferve no fundo.
Chamou Ciro de “falastrão”, “desequilibrado”, “desesperado” e –a mãe de todas as ofensas— “meio-tucano”.
Os ataques de Fernando Ferro foram pronunciados nesta quinta (25), em entrevista ao programa “Opinião”.
É veiculado pela Rádio Comunidade FM de Santa Cruz do Capibaribe, de Pernambuco. O signatário do blog ouviu a entrevista.
Ferro disse que, “quanto mais o Ciro Gomes fala, pior pra ele”. Afirmou que o presidenciável do PSB “já criticou todo mundo”.
Acha que Ciro ganhou uma aparência de “adolescente rebelde, que está com raiva do mundo”.
Embora ninguém considere a hipótese a sério, Ferro rechaçou a possibilidade de Ciro ser guindado à condição de companheiro de chapa de Dilma Rousseff.
“Ele não vai ser vice na nossa chapa, porque o PSB, com todo respeito, não tem estatura para ser vice na nossa chapa, não tem dimensão nacional”.
Avalia que “Ciro perdeu uma oportunidade de ser candidato a governador em São Paulo”, com o apoio do PT e de outras legendas governistas.
“Agora quer ser candidato a presidente da República. Afunda nas pesquisas. Não tem perspectiva. Brigou com todo mundo...”
“...Brigou com o PCdoB, com o PDT, atacou o PT, atacou o PMDB. Ele quer ser a palmatória do mundo...”
“...Fica fazendo elogios a Aécio [Neves] e aos tucanos. Ele é, na verdade, um meio-tucano”.
Ferro despejou sobre o microfone da rádio pernambucana um par de perguntas: “O Ciro tá fazendo o jogo de quem nessa eleição? Vai dividir o governo?”
Insinua que o quase-ex-aliado veste a camisa do inimigo: “Se ele fosse do nosso time não tava divindindo a nossa candidatura, tava ajudando”.
Ajudaria “como nós estamos ajudando o governador [pernambucano] Eduardo Campos [presidente nacional do PSB]”.
Para Ferro, se insistir na trilha presidencial, Ciro deslizará nas pesquisas para patamares inferiores aos 13% atuais. Vai a “7%, 8%”.
Pior: “Vai encerrar uma carreira que poderia até ser brilhante. É uma pessoa inteligente, um bom quadro político”.
Perde-se porque “tem a língua muito grande, é muito falastrão. E política não pode ser feita como fígado, com raiva, com grito, com ameaças, só com acusações”.
O líder petê diz que Ciro está “desesperado”. Imagina-se “maior do que é”. Acha que o PSB não vai “insistir nessa aventura”. Seria “pior para eles”.
Refere-se à candidatura presidencial de Ciro como um “capricho pessoal”. E insinua que o governador Eduardo Campos, o mandachuva do PSB, está noutra canoa.
“Pelas conversas que tenho com o governador Eduardo, essa candidatura não é unanimidade no PSB. Ele sabe que o importante é a nossa aliança”.
Declara que o presidente do PSB “está fazendo um trabalho para ver se retira essa aventura de Ciro Gomes para presidente”.
O entrevistador lembrou a Ferro que Ciro dissera que seus passos são combinados com Eduardo Campos.
E o líder petista: “Não é isso que a gente conversa com o governador Eduardo Campos. Ele tem um certo constrangimento”.
Acrescenta: “O que o Ciro fala, pela boca, ele solta muita labareda. Eu acho que ele, lamentavelmente, virou um falastrão que não tá sendo levado a sério...”
“...Todo mundo tá achando que ele é apenas uma pessoa que tá querendo brigar com Deus e o mundo. Tá meio revoltado”.
Avalia que Ciro passa à opinião pública a imagem de “alguém que tá desesperado, que tá aperreado, tá nervoso e desequilibrado”.
Afirma, de resto, que, para ser presidente da República, “tem que ter equilíbrio” e “cabeça fria”.
Do contrário, “não aguenta, pipoca, renuncia, chora, se destrói”. Evoca o exemplo de Lula: “Tem cabeça fria, ouve, recebe críticas de todo jeito...”
“...Mas tem a capacidade de perdoar, de amenizar. E reage quando é preciso, mas sem perder o equilíbrio...”
“...O Ciro, lamentavelmente, é uma figura desequilibrada. E com deesequilibrio não tem condições de assumir uma presidência da República”.
É de perguntar: com aliados assim, quem precisa de inimigos?
Escrito por Josias de Souza às 06h23
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