Para evitar ‘fiasco’, Lula cancela ida a obra inacabada
O vídeo acima foi gravado em fevereiro de 2009. Exibe discurso de Lula num pa©lanque montado na cidade pernambucana de Salgueiro.
Lula acabara de vistoriar as obras da ferrovia Transnordestina. Pendurado ao microfone, enalteceu o zelo de sua gestão com o Nordeste.
Mencioniou “feitos” variados –da transposição das águas do rio São Francisco à abertura de escolas.
Disse que voaria para Brasília “orgulhoso” e “esperançoso”. Prometeu retornar em breve:
“Quando eu voltar aqui outra vez, a gente já vai ter feito mais um pedaço da rodovia [sic]”. O gogó do presidente já ouvia até o apito da locomotiva:
“Quando eu voltar aqui depois de 2010, eu já vou poder dar uma volta no trem, que vai passar por aqui apitando [...]”.
No último mês de janeiro, de passagem por Paulista, outra cidade pernambucana, Lula marcara o mês de sua volta a Salgueiro: março.
O presidente dissera que inauguraria na cidade a “maior fábrica de dormentes do mundo”. Entregaria também uma fábrica de brita.
Deu chabu. Marcada para esta terça (30), a viagem de Lula a Salgueiro teve de ser cancelada.
As fábricas que o presidente planejara inaugurar não ficaram prontas. Apito de trem? Nem pensar.
Dilma Rousseff acompanharia Lula. Seria a última aparição dela num pa©lanque antes de deixar a chefia da Casa Civil para embrenhar-se na campanha.
Nas pegadas do anúncio do PAC 2, nada parecia mais conveniente do que a visita à Transnordestina.
Uma obra do PAC 1, assentada no Estado natal de Lula, onde sua aprovação roça a unanimidade.
Uma obra do PAC 1, assentada no Estado natal de Lula, onde sua aprovação roça a unanimidade.
Até o final da tarde desta segunda (29), a Secretaria de Comunicação da Presidência ainda mantinha no seu sítio na web um aviso relacionado à viagem.
O texto fornecia detalhes sobre a entrega de credenciais aos repórteres interessados em testemunhar as inaugurações de Salgueiro.
Àquela altura, porém, já havia sido deflagrada a desmontagem do circo montado na cidade para recepcionar o cabo-eleitoral e a candidata.
Para não fornecer munição à oposição, Lula deu meia-volta. A primeira vítima do cancelamento foi a rede hoteleira local, que já superfaturava as diárias.
Repórteres que já haviam percorrido os 520 quilômetros que separam Recife de Salgueiro viram-se compelidos a retornar.
Entre eles 13 profissionais da estatal Empresa Brasil de Conunicação. Emissoras de rádio que haviam recebido a promessa de uma entrevista com Lula, desmobilizaram-se.
O vaivém do “inaugura-não-inaugura-mais” impôs um custo à Viúva, cujo valor não foi divulgado.
Como ocorre em todos os deslocamentos do presidente, o Planalto mobilizara o seu aparato de viagens.
Agentes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e do cerimonial da Presidência encontravam-se desde a semana passada.
Prepararam, nos mínimos detalhes, a viagem que não ocorreu. Um contribuinte mais exaltado poderia perguntar: quem vai restituir esses gastos?
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