Fogaça deixa cargo e faz mistério sobre apoio
Sérgio Bueno, de Porto Alegre |
Valor Econômico - 30/03/2010 |
Pré-candidato do PMDB ao governo do Rio Grande do Sul, o agora ex-prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, transmitiu o cargo ontem à noite ao vice José Fortunati (PDT) sem definir se abrirá o palanque para a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), ou para o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), na disputa à Presidência. A passagem do comando da prefeitura ocorreu quatro dias depois de os pedetistas confirmarem o apoio a Fogaça e garantirem a indicação do deputado federal Pompeo de Mattos como vice. Fortunati, que deixou o PT em 2001 depois de ter sido preterido como candidato na eleição municipal do ano anterior em favor de Tarso Genro, hoje pré-candidato do partido ao governo gaúcho, cita a aliança nacional entre o PDT e os petistas para defender o apoio a Dilma. Já boa parte do PMDB gaúcho, mais alinhada com os tucanos, quer ceder palanque para Serra, enquanto o próprio Fogaça já admitiu que vai seguir a orientação do diretório nacional a respeito do assunto. Para o professor de ciência política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), André Marenco, a definição sobre para qual lado o pemedebista irá pender poderá demorar um pouco mais depois que a última pesquisa do Datafolha apontou o crescimento de Serra na região Sul. Conforme o levantamento, o tucano somou 48% na região, depois de ter caído de 39% para 38% entre dezembro e fevereiro, enquanto Dilma recuou de 24% para 20% (em dezembro ela tinha 19%). "Agora o PMDB do Rio Grande do Sul deve ficar em compasso de espera", comentou o professor. Para ele, o resultado da pesquisa (que também registrou alta nacional de 32% para 36% para Serra e oscilação de 28% para 27% para Dilma) é uma "incógnita", porque a reversão da tendência foi muito forte no Sul sem qualquer fato novo que justifique o movimento: "Não dá para entender a lógica." O presidente estadual do PT, deputado estadual Raul Pont, também considerou os números "estranhos". "Não tivemos fato novo, mudança de rumo ou qualquer crise neste período e a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está cada vez maior", disse. Segundo ele, as pesquisas internas do PT indicam que Dilma mantém uma trajetória ascendente e já está bem próxima do desempenho de Serra no Estado. Tanto para Marenco quanto para Pont é remota a hipótese de influência de uma eventual recuperação dos níveis de popularidade da governadora Yeda Crusius (PSDB) no desempenho de Serra no Rio Grande do Sul. Nos últimos meses, a tucana conseguiu deixar para trás o bombardeio de denúncias de corrupção que enfrentou no ano passado, mas essa relativa tranquilidade tende a ter um efeito mais mitigado e lento nas pesquisas, entende o professor. Em dezembro, o Datafolha indicou que Yeda tinha 5% das intenções de voto, contra os 30% obtidos por Fogaça e Genro, mas o deputado federal e vice-presidente nacional do PSDB, Cláudio Diaz, acredita que a governadora conseguiu imprimir uma agenda positiva à administração nos últimos meses. De acordo com ele, nos levantamentos feitos pelo partido ela aparece em terceiro lugar com 14% a 18% das intenções de voto e também conseguiu reduzir o nível de rejeição (que já chegou a 60% em outubro de 2009, conforme o Ibope) para cerca de 40%. Na opinião de Diaz, o desempenho de Dilma na pesquisa revela a "exaustão do fôlego eleitoral" da ministra apesar dos esforços do presidente Lula em promover a candidatura dela pelo país. Ao mesmo tempo, segundo ele, o levantamento já reflete a decisão de Serra de oficializar a condição de pré-candidato. Conforme Diaz, a agenda positiva de Yeda incluiu ontem o anúncio de diversos investimentos com incentivos fiscais na cidade de Guaíba. O governo também anunciou um programa de refinanciamento de dívidas de ICMS que oferece descontos de até 60% nos juros e correção e de até 50% nas multas no pagamento de débitos vencidos até dezembro de 2009. |
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