Oposição arma-se para explorar blecautes contra Dilma
Caio Junqueira, de Brasília |
Valor Econômico - 30/03/2010 |
Após passar os últimos sete anos ouvindo críticas sobre o apagão energético ocorrido no governo do tucano Fernando Henrique Cardoso, a oposição busca adequar a estratégia da "guerra de biografias" na disputa presidencial entre José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) ao debate sobre a infraestrutura do setor energético do país. O que tem servido de base para a construção desse discurso são os sucessivos miniapagões que o país tem sofrido nas últimas semanas, o que, segundo a oposição, já seriam mais graves que o ocorrido em 2001. Conforme demonstrou o Valor ontem, a duração total dos miniblecautes em São Paulo, Rio e Brasília aumentou de 50% a 70% neste verão em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em novembro, um blecaute deixou sem luz 18 Estados. "Um tema fundamental na campanha é nossa capacidade de infraestrutura para suportar um crescimento de 5% ao ano e esses apagões entram nesse item", afirmou o líder do PSDB na Câmara, João Almeida (BA). A idéia é mostrar que o sistema de distribuição de energia no Brasil é falho e carente de investimentos e que só Serra conseguirá fazê-los, já que Dilma, no poder, não os fez. O apagão tucano, por sua vez, seria mostrado como um modelo de como se deve reagir a uma crise de energia. Serra se safaria de possíveis efeitos dele, uma vez que era ministro da Saúde e não tinha relação com a área. Almeida vê diferenças entre o apagão tucano e os atuais. Para a oposição, naquela ocasião o governo demonstrou como se deve reagir a uma crise de energia. "Lá atrás o governo assumiu o problema e buscou solução. Não mentiu nem escondeu. Ao contrário, conclamou a população a participar da solução. Agora o governo não assume, nem demonstrou ação para evitar futuros apagões. " O líder do DEM, Paulo Bornhausen (SC), avalia que os apagões do atual governo se devem à falta de investimento na manutenção das redes de distribuição e que isso será uma das "heranças malditas" da era Lula. "Este ano vamos crescer 6%, mas a infraestrutura não aguenta isso. Os miniapagões terão que ser colocados na eleição ao lado dessa incompetência de gestão". Também seguiu a linha de que "Serra tem mais experiência e preparo para propor soluções do que Dilma". Bornhausen aponta ainda a existência de um "loteamento" do setor energético no governo Lula como uma das causas dos apagões, tendo na candidata governista a principal responsável: "Quem fez isso foi a ministra Dilma". O deputado se refere a Furnas, apontada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) como a responsável pelo apagão de novembro. Furnas é uma das maiores áreas de influência pemedebista no governo federal e seu fundo de previdência fechada, o Real Grandeza, é controlado por um aliado do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e movimenta cerca de R$ 6,5 bilhões anuais de 12,5 mil associados. Procurado ontem, ele não quis falar sobre o assunto: "Não tenho condições de responder sobre o que Furnas faz ou não faz", afirmou. Para o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), falar de apagão na campanha prejudicará a oposição. "Se eles quiserem fazer isso, vão se dar mal." |
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