Lula anuncia PAC 2 com metade do PAC 1 por iniciar
Novo pacote de obras será desembrulhado nesta segunda
Prevê investimentos de R$ 1 trilhão para período ‘pós-Lula’
Prioriza educação, saúde, transporte e saneamento básico
Lançamento visa alavancar candidatura de Dilma Rousseff
Lula e Dilma Rousseff comandam nesta segunda (29) uma megacerimônia com a presença estimada de 1,2 mil pessoas.
Diante de uma platéia de governadores, prefeitos, congressistas, empresários e sindicalistas, a candidata e o cabo-eleitoral vão desembrulhar o PAC 2.
A cereja do bolo tem a forma de uma cifra vistosa. Coisa de R$ 1 trilhão. Dinheiro da União, de empresas estatais e da iniciativa privada.
O recheio é feito de projetos que priorizam a melhoria dos serviços oferecidos aos brasileiros urbanos, moradores das regiões metropolitanas.
Inclui empreendimentos voltados a setores variados: saúde, educação, cultura, esporte, transporte, moradia e segurança pública.
Decidiu-se dar especial realce às obras antienchente –um cutucão no grão-tucano José ‘Alagamentos’ Serra, rival de Dilma na sucessão presidencial.
O PAC 2 vai à vitrine como um mero vir a ser. Chega num instante em que o PAC 1 exibe indicadores claudicantes.
Em levantamento levado à web há seis dias, o sítio Contas Abertas informou que, a metade (54%) das obras do primeiro PAC não saiu do papel.
Perscrutadas 12.163 em 24 Estados, verificou-se apenas 11,3% (1.378) foram concluídas desde 2007, quando o PAC foi lançado.
É nesse cenário que o bolo de obras do PAC 2 foi preparado, a toque de caixa. Lula comandou pessoalmente cinco reuniões setoriais.
Há servidores fazendo hora-extra neste fim de semana. Corre-se contra o relógio para ajustar o tempo do governo ao cronograma da campanha eleitoral.
Na bica de deixar a chefia da Casa Civil, Dilma servirá como ministra o rocambole de obras que vai mastigar no palanque, como candidata.
A cerimônia desta segunda ocorre dois dias antes de Dilma se despedir do governo. Nos discursos soarão vocábulos que, depois, virarão motes de campanha.
Palavras como “planejamento”, “rumo” e, sobretudo, “continuidade”. Concebido no apagar das luzes da gestão Lula, o PAC 2 será vendido como herança bendita.
Prevê-se que a execução se estenderá por todo o mandato do próximo inquilino do Panalto –2011 a 2014.
Lula repisará um raciocínio que vem desfiando há meses. Diz que ao assumir, em 2003, encontrou as prateleiras vazias de projetos.
Deseja agora evitar que o sucessor –ou sucessora— desperdice o ano inaugural da nova gestão decidindo o que fazer. Quer legar, segundo diz, “um rumo”.
O gestor(a) do pós-Lula não terá senão o tabalho de dar “continuidade” ao já iniciado.
O presidente se esquivará de dizer que o PAC 1 espetará no caixa do próximo governo uma conta não liquidada de mais de R$ 35 bilhões.
Incumbiu-se Dilma de fazer a apresentação do novo programa na pajelança desta segunda.
Uma forma de acentuar que, depois de gerir o PAC 1, a ministra-candidata vai à eleição como uma espécie de encarnação da “continuidade”.
Já na fase de preparação, a cerimônia do PAC dois exalava um indisfaçável cheiro de eleição.
Nos subterrâneos, integrantes da equipe de Lula recordam que, em entrevista recente, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, tachara o PAC de “propaganda”.
Mais: o mandachuva tucano insinuara que, prevalecendo nas eleições, a oposição cuidaria de dar cabo do programa obreiro.
Assim, mais do que um programa para o próximo governo, o PAC 2 chega com cara de peça de campanha.
Por ironia, o anúncio do PAC 2 será feito no mesmo auditório alugado pelo PSDB para aclamar, em 10 de abril, José Serra como seu presidenciável.
Escrito por Josias de Souza às 04h21
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