Mercadante e Alckmin entram no jogo
Maior colégio eleitoral do País deve repetir a polarização entre o PT e o PSDB na disputa em São Paulo, que há 15 anos é governado pelos tucanos
Alan Rodrigues e Luiza VillaméaARRANJOS
O senador (à esq.) e o ex-governador: indicado por Lula e aprovado por Serra
Um almoço na casa do senador Aloizio Mercandante (PT-SP), no bairro paulistano de Alto dos Pinheiros, refletiu na terça-feira 23 a intensa movimentação nos bastidores da política no maior colégio eleitoral do Brasil. O cardápio foi um singelo estrogonofe de frango, mas o apetite dos 20 convidados de Mercadante estava mesmo voltado para o Palácio dos Bandeirantes, há 15 anos comandado pelo PSDB. Ao final do encontro, o grupo comemorava o apoio de cinco partidos que fazem oposição ao governador tucano José Serra ao senador petista. Representantes do PC do B, PDT, PRB, PPL e PR também teriam decidido que o vice de Mercadante na chapa será indicado pelo PDT. No campo oposto, o ex-governador Geraldo Alckmin conseguiu consolidar seu nome na disputa interna do PSDB e espera apenas o lançamento oficial da candidatura de Serra à Presidência para deslanchar a sua própria campanha. Mas Alckmin não espera sentado em seu gabinete. Investido da autoridade de secretário estadual de Desenvolvimento, tem circulado pelo interior paulista com disposição de candidato.
A frenética agenda do secretário inclui visita a 24 municípios paulistas em apenas 15 dias. A maior pausa prevista é também a mais emblemática. Na tarde da quarta-feira 31, Alckmin estará perfilado junto a Serra na cerimônia do balanço dos dois anos e três meses de sua gestão. Embora destacando que trata-se de um ato de governo – e não um ato político –, o diretório estadual da legenda está mobilizando todos os filiados para que participem do “momento marcante e histórico”. Ainda esta semana, Alckmin e outros secretários que vão disputar cargos eletivos em outubro deixam seus postos no governo estadual. Pelo acerto entre a cúpula tucana e os Democratas, o vice de Alckmin será o atual secretário de Emprego e Relações do Trabalho de Serra, o democrata Guilherme Afif Domingos. Outro secretário a se afastar do cargo será o chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, que pretendia ser o cabeça da chapa tucana ao governo, mas acaba de avisar aos aliados que concorrerá a uma vaga no Senado. A outra chapa será disputada pelo peemedebista Orestes Quércia. A aliança com o DEM e o PMDB garantirá ao PSDB cerca de 60% do tempo do horário eleitoral gratuito no rádio e na tevê.
O arranjo, porém, não deixou o ninho tucano em completa harmonia. Um dos problemas que Alckmin terá pela frente é convencer o deputado José Aníbal (PSDB-SP) a abrir mão da disputa à vaga ao Senado, como deseja o parlamentar. Nas hostes petistas, a situação é ainda mais complicada, embora Mercadante, mesmo dentro de casa, convalescendo de uma cirurgia na próstata, tenha conseguido amealhar o apoio de cinco partidos. Na prática, a situação política de Mercadante é marcada pela fragilidade. Pesquisa interna encomendada pelo PT apontou que, caso ele se candidatasse, não se reelegeria senador. A alternativa de “partir para o sacrifício” e tentar impedir que o PSDB conquiste o quinto mandato consecutivo em São Paulo, poderia garantir uma saída honrosa a Mercadante. No meio do caminho, no entanto, está o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que tem mandato até janeiro de 2015, mas quer ser candidato a governador.
Desde novembro, Suplicy segue à risca as orientações do diretório estadual para os petistas que desejam concorrer à sucessão de Serra. Ele inclusive protocolou 3.530 assinaturas a favor de seu nome – mais do que a porcentagem exigida pelo partido. Estaria disposto a abandonar seus planos estaduais caso o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), atendendo a apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, transferisse seu título de eleitor para São Paulo e se tornasse o candidato da coligação capitaneada pelo PT. Como a proposta não sensibilizou Ciro, Suplicy quer que o partido faça uma pesquisa comparando quem tem mais chances de vencer o candidato tucano. “Estou disposto a dar todo o meu apoio ao Mercadante caso os resultados de uma pesquisa indicarem chances similares”, diz Suplicy. “Mas, se porventura surgir uma vantagem para o meu nome, o partido precisaria discuti-lo antes de tomar uma decisão definitiva.”
O arranjo, porém, não deixou o ninho tucano em completa harmonia. Um dos problemas que Alckmin terá pela frente é convencer o deputado José Aníbal (PSDB-SP) a abrir mão da disputa à vaga ao Senado, como deseja o parlamentar. Nas hostes petistas, a situação é ainda mais complicada, embora Mercadante, mesmo dentro de casa, convalescendo de uma cirurgia na próstata, tenha conseguido amealhar o apoio de cinco partidos. Na prática, a situação política de Mercadante é marcada pela fragilidade. Pesquisa interna encomendada pelo PT apontou que, caso ele se candidatasse, não se reelegeria senador. A alternativa de “partir para o sacrifício” e tentar impedir que o PSDB conquiste o quinto mandato consecutivo em São Paulo, poderia garantir uma saída honrosa a Mercadante. No meio do caminho, no entanto, está o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que tem mandato até janeiro de 2015, mas quer ser candidato a governador.
Desde novembro, Suplicy segue à risca as orientações do diretório estadual para os petistas que desejam concorrer à sucessão de Serra. Ele inclusive protocolou 3.530 assinaturas a favor de seu nome – mais do que a porcentagem exigida pelo partido. Estaria disposto a abandonar seus planos estaduais caso o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), atendendo a apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, transferisse seu título de eleitor para São Paulo e se tornasse o candidato da coligação capitaneada pelo PT. Como a proposta não sensibilizou Ciro, Suplicy quer que o partido faça uma pesquisa comparando quem tem mais chances de vencer o candidato tucano. “Estou disposto a dar todo o meu apoio ao Mercadante caso os resultados de uma pesquisa indicarem chances similares”, diz Suplicy. “Mas, se porventura surgir uma vantagem para o meu nome, o partido precisaria discuti-lo antes de tomar uma decisão definitiva.”
Ainda esta semana, Suplicy pretende levar a proposta da pesquisa ao diretório estadual do partido. Ele não recuou da posição nem quando soube que Lula, em sua mais recente viagem ao Uruguai, disse a Mercadante que ele era o seu preferido para a disputa paulista. Três dias antes do almoço que reuniu cinco partidos em torno de Mercadante, Suplicy também esteve na casa de Alto de Pinheiros. “Aloizio não quer disputar comigo”, relata Suplicy. “Ele gostaria de ser o candidato, desde que haja unidade no partido.” Aloizio, por sua vez, ainda não comenta o assunto em público. Tampouco fala sobre os arranjos para escolher o vice de sua chapa. De acordo com o deputado pedetista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, está “praticamente” certo que será o prefeito de Indaiatuba, Reinaldo Nogueira (PDT). Uma das preocupações do parlamentar é que a disputa seja para valer. “Não queremos apenas ser palanque para a Dilma”, completou, referindo-se à pré-candidata do PT para a sucessão presidencial. No cenário paulista há, portanto, muita aresta a ser aparada. E existem aqueles que ainda não encontraram seu lugar ao sol, como o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, potencial candidato do PSB ao Bandeirantes.
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