Gabeira cogita excluir Cesar Maia de coligação no Rio
Fotos: ABr e Folha
Num instante em que tudo parecia acertado, reabriu-se o debate sobre a composição do bloco partidário que dará suporte à candidatura de Fernando Gabeira no Rio.
Discute-se nos subterrâneos a hipótese de excluir da coligação o DEM, partido do ex-prefeito carioca Cesar Maia.
Filiado ao PV, Gabeira reuniu em torno de si as três legendas que, no plano nacional, apóiam o presidenciável tucano José Serra, contra a petista Dilma Rousseff.
O PSDB indicou o vice de Gabeira: Márcio Fortes, atual presidente da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano).
O PPS levou à coligação um dos candidatos ao Senado: o ex-deputado Marcelo Cerqueira.
E os ‘demos’ acomodaram ao lado de Gabeira o segundo postulante ao Senado: Cesar Maia.
Súbito, inaugurou-se uma discussão sobre os “inconvenientes” da presença de Cesar Maia na chapa.
O presidente do PV-RJ, Alfredo Sarkis, jamais deglutiu a parceria com o DEM. Traz o ex-prefeito atravessado na traquéia.
A vereadora tucana Andrea Gouvêa Vieira, ferrenha opositora das gestões de Cesar Maia na prefeitura, tampouco se mostra confortável.
Ao farejar o cheiro de queimado, o próprio Gabeira passou a flertar com a ideia de excluir Cesar Maia da coligação.
Em privado, Gabeira diz que lhe causou espanto a reação a um comentário que fizera dias atrás.
Dissera que Cesar Maia tem mais experiência política, eleitoral e administrativa que seus adversários na corrida ao Senado.
Gabeira contou a um amigo que a menção elogiosa ao futuro parceiro ‘demo’ lhe rendeu uma onda de protestos “indignados”.
O candidato colecionou reclamações vindas sobretudo de pessoas da classe média, justamente a base do seu eleitorado.
Desde então, passou a ruminar reflexões sobre a relação custo-benefício. Acha que a companhia de Cesar Maia pode produzir mais prejuízos do que ganhos.
Segundo apurou o blog, Gabeira já compartilhou seu desconforto com o PSDB. Falou com o vice tucano Marcio Fortes. Pretende reunir-se com José Serra
De resto, Gabeira agendou para 10 de abril um encontro com eleitores que se dispõem a trabalhar como voluntários de sua campanha.
Na internet, os “voluntários” são contados em 15 mil. Espera-se que pelo menos 150 dêem as caras no tête-à-tête com o candidato.
Entre quatro paredes, Gabeira diz que vai submeter ao grupo o debate sobre Cesar Maia. Prevalecendo a aversão, caminhará para a exclusão.
Segundo a última pesquisa feita no Rio pelo Vox Populi, Gabeira (18%) já roça os calcanhares do rival Anthony Garotinho (20%), do PR.
Acha que são grandes as chances de passar para um segundo turno no qual mediria forças com Sérgio Cabral (38%), do PMDB.
Gabeira receia que o fio desencapado que enxerga na parceria com Cesar Maia acabe por empurrá-lo para a defensiva.
Confirmando-se a exclusão do DEM, a coligação do PV perde valiosos minutos de propaganda.
O tempo de TV de Gabeira cairia de cerca de 6,5 minutos para algo em torno de 3,5 minutos.
Tomado por seus comentários privados, Gabeira considera que “é melhor perder três minutos de TV do que desperdiçar 30 horas da campanha com explicações”.
De resto, embora seja mal visto pelo eleitorado de Gabeira na Capital, Cesar Maia desfruta de prestígio junto ao eleitor do interior do Estado.
O ex-prefeito ‘demo’ exerceria um contraponto a Garotinho, que recolhe nos fundões do Rio o grosso dos seus votos.
Mas Gabeira parece considerar que, mesmo sem Cesar Maia, pode irradiar para o interior a mensagem renovadora de que se julga portador.
No mais, ponderam os aliados verdes de Gabeira, o interior (3 milhões de eleitores) corresponde a escassos 25% dos votos da região metropolitana do Rio (12 milhões).
Resta responder: mandado a escanteio no Rio, o DEM, presidido por Rodrigo Maia, filho de Cesar, permanecerá impassível na coligação nacional de Serra?
Privadamente, Gabeira diz que Cesar Maia, por profissional, saberá entender as suas razões.
Pode manter a candidatura ao Senado, lançando um candidato do DEM ao governo e oferecendo um segundo palanque para Serra no Rio.
De concreto, por ora, apenas a impressão de que vem barulho pela frente.
Escrito por Josias de Souza
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