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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Dilma com sérios problemas no Rio


Quinta-Feira, 18 de Fevereiro de 2010 | Estadão

Garotinho embaralha palanques no Rio

Cabral não aceita ideia de Dilma subir em palanque de principal rival
Alfredo Junqueira e Luciana Nunes Leal
A perspectiva de ampla aliança e eleição tranquila no Rio, terceiro maior colégio eleitoral do País, está cada dia mais distante para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Candidato à reeleição, o governador Sérgio Cabral (PMDB) não aceita a presença da ministra no palanque de seu principal adversário, o ex-governador Anthony Garotinho (PR). Na noite de segunda-feira, Cabral foi taxativo na cobrança de fidelidade de Dilma. Disse que a ministra perderá até o voto da mulher dele se insistir em subir no "palanque da oposição". Ele ainda elogiou o principal adversário da petista, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), dizendo que o adorava e eram amigos pessoais. As declarações criaram constrangimento entre dirigentes do PT.
















Na avaliação de Cabral e de outras lideranças do PMDB fluminense, a presença de Dilma em palanques adversários vai confundir o eleitorado do Rio e fará com que ela perca votos no Estado. A animosidade entre o governador e Garotinho, que foram aliados até o início da gestão de Cabral em 2007, é tão radical que a campanha deverá se transformar numa guerra. O peemedebista disse que explicou a situação à ministra no domingo, quando a recebeu para assistir ao primeiro dia de desfile das escolas de samba do Rio, na Marques de Sapucaí.

A veemência do governador, no entanto, pode ter atrapalhado seus planos. Além de terem sido criticadas pelo PT, as declarações praticamente inviabilizaram a operação que vinha sendo liderada por alguns de seus aliados para tentar convencer Garotinho a desistir da disputa.

"Achei deselegante e infeliz o Cabral querer dizer à ministra o que ela tem de fazer. Ele quer disputar a eleição sozinho e ganhar por w.o. Já tirou o Lindberg da disputa e quer fazer o mesmo comigo", afirmou Garotinho, referindo-se ao prefeito petista de Nova Iguaçu, que, muito pressionado por Cabral e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, retirou sua pré-candidatura ao governo do Rio no fim do ano passado.

O ex-governador disse ainda que não definiu se vai participar da eleição. Ressaltou, porém, que a pressão de Cabral não vai interferir em sua decisão. "Ela não depende da vontade do Cabral, mas de questões familiares", explicou. Ele anunciará sua decisão no fim de março.

Os peemedebistas do Rio atribuem a ministros como Alexandre Padilha e Franklin Martins a ideia de que dois palanques favorecem Dilma na disputa com Serra, que terá "meio palanque" no Estado, já que apoiará o deputado Fernando Gabeira, do PV, partido da pré-candidata presidencial Marina Silva.

O presidente da Assembleia do Rio e do PMDB local, deputado estadual Jorge Picciani, afirmou que será impossível para Dilma somar votos em dois palanques tão opostos. "Se for criado um movimento de intranquilidade desnecessário, não vai atrapalhar o PMDB. Com ou sem Garotinho, vamos ganhar no primeiro turno. Mas a instabilidade pode custar a vitória de Dilma no Estado", avaliou.

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