PMDB vende caro o “dote”
Autor(es): Daniela Lima e Tiago Pariz | |||
Correio Braziliense - 19/02/2010 | |||
Legenda insinua boicote à oficialização de Dilma para ganhar espaço nas alianças estaduais com o PT
A participação do PMDB no lançamento da pré-campanha de Dilma foi anunciada há duas semanas como um sinônimo de força da parceria entre as siglas. Às vésperas do evento que marcará a oficialização da pré-candidatura de Dilma, no entanto, a ausência peemedebista dá contornos de crise ao acontecimento. Em tom de cobrança, uma fala do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), ilustrou o desgaste que o recuo do PMDB provocou entre os partidos. “Seria bom que Temer fosse (ao congresso do PT) e levasse com ele quem quisesse”, avisou o deputado federal. Os peemedebistas conciliadores defendem a oficialização do apoio de maneira mais intimista. Estudam a possibilidade de que Temer e integrantes da executiva nacional se encontrem com a ministra na noite de hoje, ou no fim de semana, para demonstrar a felicidade do PMDB em dividir o palanque com Dilma. Na verdade, os caciques peemedebistas estudam saídas para que a ausência no evento petista não soe como indício da fragilidade do acordo selado entre os partidos. O líder do PMDB na Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), um dos que tentam emplacar uma medida apaziguadora, defende a oficialização do apoio, mas reconhece que a ida ao congresso do PT poderia criar uma crise interna, entre a cúpula do partido e as bases. “Temos problemas graves em alguns estados e não queremos tomar atitudes que possam soar como atropelo às opiniões deles. Faremos um registro do nosso apoio, claro, mas ainda não sabemos como ele se dará”, explicou. O problema do PMDB (e do PT) é que a costura (1)para montar palanques em colégios eleitorais importantes está enrolada. Minas Gerais, o segundo maior do país, por exemplo, tem três candidatos da base de Dilma na disputa pelo comando do governo: o ministro das Comunicações, Hélio Costa, pelo PMDB; o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, pelo PT. No Rio de Janeiro, o aceno que o PT deu ao ex-governador Anthony Garotinho (PR), que quer concorrer ao Palácio da Guanabara, também incomodou Sérgio Cabral — para ficar só em dois exemplos. Pressão Fortalecendo o discurso dos que tentam amenizar o desgaste da aliança, o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) disse que não há relação entre a ausência de Temer no lançamento da pré-candidatura da ministra e as dificuldades que os dois partidos estão tendo para consolidar palanques estaduais. “Desde o início o Temer ficou receoso em comparecer. Primeiro porque é um evento deles (petistas). E segundo porque temia que o comparecimento pudesse soar como pressão pela vice-presidência (na chapa de Dilma), como se estivesse se oferecendo”, detalhou. Michel Temer é cotado para ser o vice de Dilma nas próximas eleições. O problema é que outros nomes são cogitados por algumas alas do partido, como o do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. Os caciques petistas preferem não se meter na briga. “A escolha do vice é do PMDB e só do PMDB”, afirmou o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. “Se o Temer vier ao Congresso, será muito bem recebido”, acrescentou. 1 - Efeito cascata Outros estados em que a disputa local compromete a aliança nacional são Pará, Bahia e Paraná. Na Região Norte, o presidente estadual do PMDB Jader Barbalho trava uma guerra com a atual governadora do estado, Ana Júlia Carepa (PT). Aliados do deputado admitem que, nesse caso, um acordo é improvável. Na Bahia, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira (PMDB), disputa a preferência com o governador Jaques Wagner (PT). No Paraná, a composição influi na disputa às vagas do estado para o Senado, o que causa novo impasse. |
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