Mercadante pode ir para o sacrifício

Mercadante candidato!?





O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) reafirmou hoje, na abertura do 4º Congresso do PT, em Brasília, que não é candidato ao governo paulista, mas deu sinais de que pode vir a atender a um pedido de Lula
nesse sentido, desde que seja feito de maneira explícita. “O Lula não me pediu para ser candidato”, afirmou o senador. Mas admitiu, na sequência, que o presidente da República disse a ele, pessoalmente, considerá-lo o melhor nome para a disputa, caso o ex-ministro Ciro Gomes não queria mesmo concorrer ao cargo em São Paulo.

O PT praticamente não tem mais esperanças de que Ciro aceite a proposta. “Ele já deu reiteradas afirmações de que deseja ser candidato a presidente”, disse o deputado Ricardo Berzoini, que deixa a presidência nacional do partido durante o congresso.


Mercadante quer a reeleição no Senado. Avalia ser essa disputa muito mais segura. Na avaliação de petistas, porém, ele pode aceitar a candidatura ao governo se Lula lhe pedir formalmente e se for lhe apresentado um projeto “de futuro”. Ou seja: caso não seja o eleito para comandar o Palácio dos Bandeirantes, gostaria de ter a certeza de que seria o candidato do PT a prefeito na capital paulista em 2012. “Mesmo se
perdesse agora, ele se fortaleceria – e muito – para concorrer à prefeitura. Com todo esse desgaste do Kassab, ele estaria praticamente eleito”, avalia um deputado petista de São Paulo.

Entre os entusiastas do lançamento do nome de Mercadante ao governo estão os militantes e parlamentares ligados ao grupo da ex-prefeita Marta Suplicy. Ela gostaria de concorrer ao Senado, mas numa chapa ao lado do atual senador (o partido até pode lançar dois nomes), um deles automaticamente seria alijado nas eleições. O partido também não aprovaria essa ideia.

Questionado sobre a afirmação de Lula de que o partido deve repetir o mesmo nome nas eleições em São Paulo – para que consiga se fortalecer eleitoralmente e marcar posição -, Mercadante foi claro: “Pois é, fui eleito senador e devo me candidatar a senador novamente”.


Partidários de Marta Suplicy também dizem que a afirmação de Lula é contraditória. “Quando a Marta quis disputar o governo pela segunda vez, em 2006, o Lula não deixou e impôs o nome do Mercadante, que acabou derrotado”, critica um deputado martista.

Caso Ciro e Mercadante realmente rejeitam a indicação, restará ao PT os nomes da própria Marta Suplicy, do prefeito de Osasco, Emídio de Souza - pouco conhecido -, e do ministro da Educação, Fernando Haddad,
que volta a ser citado. Se Haddad eventualmente ganhar força – por causa da falta de interesse dos outros possíveis candidatos -, Marta, integrante da tendência Novo Rumo, poderia aceitar a disputa para barrar Haddad e impedir o crescimento de sua corrente, a Mensagem ao Partido.