José Serra vai a Belo Horizonte cortejar Aécio Neves
CATIA SEABRA
da Folha de S.Paulo
Convencido do peso de Minas Gerais na corrida presidencial deste ano, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), dedicará a noite de quarta (3) e o dia de quinta-feira (4) a corte ao mineiro Aécio Neves.
Num jantar reservado, Serra deverá, no mínimo, pregar a importância de Aécio para o projeto eleitoral do PSDB. Segundo tucanos, um convite formal para que o governador de Minas ocupe a vice para chapa para a Presidência dependeria, porém, da acolhida de Aécio.
Os dois jantarão na noite de quarta-feira. No dia seguinte, Serra irá à inauguração da Cidade Administrativa presidente Tancredo Neves. O roteiro foi acertado num telefonema de Serra para Aécio.
Em Belo Horizonte, Serra --para quem a participação de Aécio é fundamental nessas eleições-- assistirá à comemoração do centenário do nascimento de Tancredo Neves. Na semana seguinte, deverá prestigiar o aniversário de Aécio, que completará 50 anos.
Incentivado pelo comando do PSDB --especialmente do presidente do partido, Sérgio Guerra, e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso-- o gesto é uma tentativa de sensibilizar Aécio não só para que aceite compor a chapa "puro-sangue", mas para que anuncie essa decisão antes de abril.
Entre os adeptos da candidatura de Serra à Presidência, uma declaração de Aécio representaria um fato positivo na agenda do PSDB, num momento de exposição da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Embora não rechace categoricamente a ideia de ocupar a vice de Serra, Aécio tem repetido, porém, que só pretende se manifestar sobre seu futuro político depois de abril.
Como não pode concorrer à reeleição, Aécio se afastará do governo agora, mas terá até junho para decidir se disputa a cadeira ao Senado ou cede aos apelos do PSDB.
O prazo de Serra é bem mais reduzido. Ele tem até o dia 2 de abril para anunciar se disputa a Presidência ou tenta a reeleição. Para Serra, o ideal seria que Aécio anunciasse sua escolha até abril. Na vice, Aécio é garantia de um bom desempenho eleitoral em São Paulo e Minas Gerais.
A estratégia de Aécio é outra. Ainda contando com a possibilidade de desistência de Serra, o mineiro diz que só tomará sua decisão depois de abril. Nesse caso, Serra teria que se lançar candidato sem a certeza de que terá Aécio ao seu lado.
Com a exposição de Dilma e a mobilização de petistas, a tendência é que cresça a pressão sobre Aécio para que aceite a vice do PSDB.
Serra, por sua vez, também tem sofrido pressão: para que antecipe o anúncio de candidatura, afastando a ideia de que esteja hesitante. Num jantar na segunda-feira, Guerra sugeriu a Serra, mais uma vez, que se manifeste.
Como Serra insiste que a dedicação ao governo de São Paulo hoje é considerada sua melhor estratégia, Guerra antecipou-se e, em entrevista à Reuters, disse que ele é o candidato do PSDB. Ontem, Serra preferiu não comentar a declaração.
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