Sexta-Feira, 19 de Fevereiro de 2010 | Versão Impressa
Serra vê ''dado fajuto'' em estudo de banco
Tucano nega que haja semelhança entre gastos paulistas e da União
Silvia Amorim
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), reagiu ontem a um estudo divulgado na semana passada que classificou a política fiscal da sua gestão como semelhante à praticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Serra considerou os dados como "fajutos" e negou que haja semelhança entre os gastos paulistas e federais.
"Claro que não", respondeu, defendendo haver diferenças entre o perfil de gastos feitos em São Paulo e no País. "Os dados que publicaram na semana passada são fajutos", acusou.
Serra referiu-se a um trabalho elaborado pelo economista-chefe do Santander e ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman. Escrito em inglês, ele foi distribuído no Brasil e no exterior e conclui que o governador, provável candidato do PSDB à Presidência da República, não fez em São Paulo nada muito diferente, em termos de contas públicas, do que o governo Lula está fazendo em nível federal. Diz ainda que não haveria por que esperar dele um governo mais duro em termos fiscais, quando comparado à pré-candidata do PT, ministra Dilma Rousseff.
O trabalho aponta que os gastos correntes de São Paulo, que englobam salários e aposentadorias dos servidores e custeio da máquina, cresceram de 7,8% do PIB paulista em 2006 para 9,1%, um salto de 1,3 ponto porcentual. Já os investimentos subiram de 0,9% para 1,7% do PIB estadual - 0,8 ponto porcentual. No governo federal, os gastos correntes aumentaram de 16,2% do PIB nacional para 17,1%, avanço de 0,9 ponto porcentual, o que é maior do que a ampliação dos investimentos em 0,4 ponto porcentual do PIB, de 0,7% para 1,1%.
Divulgado às vésperas do carnaval, o relatório foi respondido pelo governo Serra somente nesta semana. E em diversas frentes. Primeiro a Secretaria da Fazenda divulgou anteontem em seu site uma nota em que contesta os números apresentados. Em resumo, diz que há uma dupla contagem de despesas referentes à previdência paulista, o que teria levado Schwartsman a "erros grosseiros". O economista não quis comentar o assunto.
Feitos os ajustes, segundo a secretaria, o aumento das despesas correntes seria insignificante, de 6,57% do PIB em 2006 para 6,61% em 2009.
Serra, perguntado sobre a comparação entre o desempenho de sua gestão e a do governo federal, sugeriu ontem aos repórteres a leitura do artigo A Serra o que é de Serra, escrito pelo economista Roberto Macedo e publicado ontem pelo Estado. Macedo chama Lula de "gastador-mor" e diz que, levando em conta os dados da secretaria, "conclui que Serra é fiscalmente mais firme que Lula".
O tema promete embates acalorados na disputa presidencial. Um dos discursos já preparados pelos tucanos é o de que parte da política econômica de Lula será uma "herança maldita", conforme noticiou o Estado. O termo foi usado no mais recente boletim de conjuntura elaborado pelo Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB.
Serra evitou criticar a política de gastos do governo federal. Apenas elogiou o desempenho da própria gestão. "A política fiscal foi bem no governo. Um crescimento muito forte dos investimentos, controle forte dos gastos correntes." "Não estou preocupado com a comparação. Isso não tem nada a ver com eleição", emendou.
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