25.2.2010
|14h12m
Para onde irão agora os amigos Ciro e Tasso?
Ao dar uma olhada no noticiário político sobre a campanha presidencial, sem grandes novidades nesta quarta-feira, as informações sobre dois importantes personagens, Ciro Gomes e Tasso Jereissati, chamaram-me a atenção e levaram-me a viajar no tempo até um episódio de que fui testemunha muitos anos atrás.
No final de 1993, durante um almoço na Cantina do Mário, no bairro do Ipiranga [São Paulo], perto do Instituto Cidadania, onde Lula começava a montar sua segunda campanha presidencial para o ano seguinte, foi praticamente selada uma aliança histórica entre o PT e o PSDB.
Com as bençãos de Ciro Gomes, velho amigo e aliado de Tasso, e na presença também do jornalista Egídio Serpa, meu bom amigo e assessor dos dois políticos do Ceará, uma chapa foi montada antes que fosse servido o café: era Lula para presidente e Tasso para vice.
Claro que era só uma idéia, que precisaria ser discutida pelos partidos, mas os três sairam do almoço convencidos de que aquele era o melhor caminho para o Brasil.
Àquela altura, o PSDB ainda não tinha candidato. O caminho parecia livre para esta articulação. Nem se falava no nome de Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda de Itamar Franco, que estava em dúvida se seria candidato à reeleição ao Senado ou disputava uma cadeira de deputado federal.
Poucos meses depois, surgia no cenário o projeto do Plano Real, que acabaria com a inflação de um dia para outro, e transformaria o ministro da Fazenda não só no candidato do PSDB, como em candidato imbatível, como logo se veria.
Lembrei-me deste almoço, que poderia ter mudado completamente o quadro político-partidário do país, ao ler no noticiário que Ciro Gomes pode tanto ser candidato a presidente da República como a governador de São Paulo, e que o nome de Tasso Jereissati já está sendo cogitado pelo PSDB como vice de José Serra, caso ninguém consiga convencer Aécio Neves a aceitar este papel.
Com a debacle do DEM, o aliado preferencial dos tucanos desde sempre, o PSDB pode ser obrigado a montar uma chapa puro-sangue, o que seria inédito nas eleições presidenciais do país. Entre os nomes cogitados, surgiu o de Tasso, que não tem sua reeleição assegurada para o Senado pelo Ceará.
Ciro, por sua vez, que construiu sua carreira sempre ao lado de Tasso, está numa encruzilhada em que pode querer tudo, mas corre o risco de ficar sem nada, já que não pensa em se candidatar novamente a deputado federal.
Nas voltas que a vida dá, PT e PSDB são hoje as duas forças hegemônicas e antagônicas que disputam o poder no Brasil a cada eleição.
Entre o almoço na Cantina do Mário e o surgimento do Plano Real, o destino traçou o caminho de Lula, Tasso, FHC e Ciro, do PT e do PSDB, e da história política do país nas últimas duas décadas.
Qual a surpresa que nos guardaria esta eleição de 2010, a menos de oito meses de irmos às urnas, ainda sem a definição do quadro de candidatos?
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