Razões do Blog


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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Bons companheiros

Em Cuba, Lula lamenta que o preso ‘se deixe morrer’

Ricardo Stuckert/PR

Enquanto Lula brincava de fotógrafo, dissidentes cubanos eram detidos em Havana

No início da madrugada desta quinta (25), a Presidência da República divulgou a íntegra de uma entrevista concedida por Lula em Cuba.

O presidente abriu a conversa discorrendo sobre os investimentos do Brasil na ilha de Fidel e Raúl, os irmãos Castro. Em seguida, foi instado a dizer meia dúzia de palavras sobre o tema da hora: a morte do preso político cubano Orlando Zapata Tamoyo.

“Lamento profundamente que uma pessoa se deixe morrer por uma greve de fome.


Eu, depois da minha experiência de greve de fome, pelo amor de Deus, ninguém que queira fazer protesto peça para eu fazer greve de fome que eu não mais”.


Zapata, um pedreiro negro, 42 anos, morrera na véspera, horas antes da chegada de Lula a Havana. Estava em greve de fome havia 85 dias. Descera ao cárcere em 2003, ano em que Lula ascendera à Presidência. Fora condenado a 32 anos de cana.

Por quê? Ativista da causa dos direitos humanos, Zapata havia sido acusado pela ditadura cubana de “desacato” ao governo e promoção da “desordem pública”.

Lula poderia ter lamentado a tirania de um regime que, velho de 51 anos, se deixa viver em pleno século 21. Preferiu lamentar que o preso “se deixe morrer”. Lamentou não como presidente, mas “como ser humano”.

Não estivesse em Havana, Lula talvez enaltecesse o gesto do pedreiro que deu a vida por uma crença. Mas estava em Cuba. E optou por não arriscar as relações com a ditadura companheira a pretexto de defender os valores democráticos.

Em vez de investir contra a brutalidade, Lula falou contra a privação alimentar: “Sou contra porque fiz, sou contra porque parei a greve de fome a pedido da Igreja Católica brasileira, que não admitia a greve de fome”.

Disse que não recebeu a carta que um grupo de dissidentes cubanos lhe endeçara. Manso com os Castro, ficou bravo com os missivistas:

“Se eles já são dissidentes de Cuba e, agora, querem ser dissidentes do Lula, não tem problema nenhum. Eu não recebi nenhuma carta. As pessoas precisam parar com o hábito de fazer carta, guardar para si e depois dizer que mandaram para os outros”.


Àquela altura, o teor da carta já ganhara o noticiário. Mas Lula não se dera por achado: “Quando uma pessoa manda uma carta para um presidente, no mínimo a pessoa só pode dizer que o presidente recebeu a carta se essa carta for protocolada”.

Malditos dissidentes! Além de se deixar morrer, não protocolam suas cartas. “Se eles tivessem pedido para mim para conversarem comigo, eu teria conversado com eles, acho que qualquer presidente teria conversado com eles”.

O que diria no encontro? “Se essas pessoas tivessem falado comigo ontem, eu teria pedido para eles pararem a greve de fome”.

Evocando o passado militante de Lula, um repórter perguntou se uma morte no calabouço, por greve de fome, não mexia com ele.


Enganchou na primeira indagação uma segunda: “Isso não pode mover o senhor a tentar intermediar essa situação [dos presos políticos cubanos]?

E Lula: “Veja, você tem que intermediar quando você é pedido para intermediar”. Recordou uma passagem de 2001.

Disse que intercedera em favor dos sequestradores do empresário Abílio Diniz. Tocara o telefone para o então presidente FHC e para o ministro da Justiça dele, Renan Calheiros (!?!?!). Visitara os bandidos, em São Paulo.

“Fui ao presídio conversar com os sequestradores, os convenci de não entrar na greve [de fome] seca. E, depois que terminou o Natal, nós conseguimos um processo de liberação deles”.

Mas e quanto aos dissidentes cubanos? “Ora, essas coisas a gente só pode ajudar quando as pessoas pedem intermediação da gente. [...] Você tem tempo de articular e de conversar, você pode ajudar. E eu não me negarei a ajudar qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, desde que eu seja pedido”.

Injetou na desconversa o caso de um brasileiro condenado à morte na Indonésia depois de ter sido pilhado com uma prancha de surf recheada de cocaína. Telefonou duas vezes para o presidente indonésio. Mandou carta pedindo “clemência”. Invocou questões humanitárias para “salvar esse companheiro”.

Sim, mas e quanto aos dissidentes de Cuba? “Ora, se as pessoas procurassem a embaixada brasileira, o Ministério das Relações Exteriores, se tentassem entrar em contato comigo, eu jamais deixaria de atendê-las...”

“...O que eu não posso é chegar em um país, me deparar com um artigo de pessoas que dizem que falaram comigo, quando não falaram. Não é o jeito correto de pedir solidariedade...”

“...E quem me conhece sabe que essa alma aqui pode ser tudo, menos uma alma que não faça solidariedade. Isso faz parte da minha vida. [...] Eu não deixo de discutir esses assuntos em lugar nenhum do mundo, desde que seja pedido para mim”.

Durante o primeiro dia da visita de Lula a Cuba, o dissidente Zapata desceu à cova. Para impedir que o enterro desaguasse em protesto, o governo prendeu ou manteve em prisão domiciliar dezenas de opositores. EUA e União Européia protestaram contra a morte do dissidentes.

E Lula, cara-a-cara com a encrenca, ora calou ora disse coisas que não lhe diginificam a biografia. Para recordar: lamuriou-se do preso que “se deixa morrer”, desancou a greve de fome e discorreu sobre a irrelevância das cartas não-protocoladas.

Moral: Se quiserem afirmar seus direitos, os dissidentes cubanos devem esquecer Lula. Melhor organizar uma greve de fome coletiva.

- Serviço: pressionando aqui, você chega ao áudio da entrevista de Lula.

Escrito por Josias de Souza às 04h30

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