BRASIL (Veja)
Dilma Rousseff: de coadjuvante a candidata de Lula
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010 | 20:19Dos óculos para as lentes de contato; da expressão forte para um rosto com traços mais suaves; dos trajes discretos para um guarda-roupa renovado; dos bastidores para a frente das câmeras; e, enfim, da Casa Civil para a presidência da República. É essa a aposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o futuro da ministra Dilma Rousseff. A pouco menos de um ano para o fim do mandato de Lula, os partidos de situação e oposição já começaram a se mobilizar para a sucessão presidencial. Sem um candidato natural para a chapa governista, Lula decidiu tentar emplacar Dilma, que, no começo do governo, não passava de uma ministra coajuvante, nas Minas e Energia.
Com personalidade forte e fama de linha-dura, a ministra traz em seu passado um histórico de militância armada. Durante sua juventude, ela teria sido comandada pelo capitão Carlos Lamarca, ícone da guerrilha na década de 1960. Além disso, Dilma também foi citada como uma das envolvidas no famoso roubo do cofre recheado de dólares pertencente ao governador paulista Adhemar de Barros, uma das ações mais espetaculares da guerrilha urbana no Brasil.
Combatente da Vanguarda Armada Revolucionária de Palmares (VAR), Dilma teve papel relevante no assalto ao cofre paulista. No entanto, depoimentos confirmam que a ministra não estava presente no momento da ação - apenas ajudou a orquestrá-la. “A Dilma era tão importante que não podia ir para a linha de frente. Ela tinha tanta informação que sua prisão colocaria em risco toda a organização. Era o cérebro da ação”, disse à revista o ex-sargento e ex-guerrilheiro Darcy Rodrigues, que adotava o codinome “Leo”, em entrevista a VEJA no ano de 2003. Em 1970, ela foi presa e torturada. Da prisão, só sairia três anos depois.
Longa da luta armada, Dilma foi nomeada por Lula ao cargo de ministra de Minas e Energias, pasta que assumiu com um certo radicalismo, logo abandonado. Com o cargo, veio também a responsabilidade. O desafio para o crescimento do Brasil estava nas mãos dela. Cabia à ministra Dilma Rousseff a responsabilidade de dar continuidade à recuperação da produção industrial registrada nos meses anteriores. Sua missão era tão vital quanto espinhosa. Ela precisava evitar que o país repetisse o apagão de três anos antes. E tinha de fazer isso convencendo a iniciativa privada de que vale a pena investir em energia elétrica.
Longa da luta armada, Dilma foi nomeada por Lula ao cargo de ministra de Minas e Energias, pasta que assumiu com um certo radicalismo, logo abandonado. Com o cargo, veio também a responsabilidade. O desafio para o crescimento do Brasil estava nas mãos dela. Cabia à ministra Dilma Rousseff a responsabilidade de dar continuidade à recuperação da produção industrial registrada nos meses anteriores. Sua missão era tão vital quanto espinhosa. Ela precisava evitar que o país repetisse o apagão de três anos antes. E tinha de fazer isso convencendo a iniciativa privada de que vale a pena investir em energia elétrica.
Em 2005, Dilma trocou de ministério e passou a comandar a Casa Civil no lugar de José Dirceu, que deixou o cargo após o escândalo do mensalão. Aos poucos, começou a aparecer com mais frequência ao lado do presidente e também à frente de decisões importantes. Ela passava, então, por um processo acelerado de metamorfose para ser a provável candidata de Lula à presidência da República. Habitualmente reservada, de uma hora para outra ela começou a participar de festas, viagens e reuniões com jornalistas. A repaginada no visual veio logo em seguida. Quase 10 quilos mais magra, os óculos foram substituídos por lentes. O cabelo ficou ruivo, com um corte repicado que se derruba elegantemente pela testa -era o Plano de Aprimoramento Cosmético, um tipo de PAC eleitoral.
Em 2008, Dilma voltou a ser notícia. Desta vez, porém, não por conta de suas declarações polêmicas ou pela eficiência de sua gestão. Naquele ano, VEJA publicou que a assessora da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, era a principal suspeita de ter ordenado a elaboração de um dossiê com os detalhes sobre gastos pessoais e exóticos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Dilma não concordou com a denúncia e enviou carta à redação para protestar contra a interpretação que a revista fez dos dados encontrados no levantamento.
Em 2008, Dilma voltou a ser notícia. Desta vez, porém, não por conta de suas declarações polêmicas ou pela eficiência de sua gestão. Naquele ano, VEJA publicou que a assessora da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, era a principal suspeita de ter ordenado a elaboração de um dossiê com os detalhes sobre gastos pessoais e exóticos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Dilma não concordou com a denúncia e enviou carta à redação para protestar contra a interpretação que a revista fez dos dados encontrados no levantamento.
Um ano depois, a notícia do câncer. O assunto, porém, logo foi para os palanques. Desde que anunciou o diagnóstico de linfoma, um câncer no sistema linfático, a ministra Dilma Rousseff não teve o direito que assiste a toda pessoa que se descobre paciente de uma doença grave: o recolhimento e o silêncio. Estava em jogo a sucessão presidencial. A dúvida era se o tratamento do linfoma poderia reduzir a exposição pública de Dilma e congelar as articulações em torno de sua candidatura. Diante dessa ameaça, o governo partiu para uma exploração do câncer da ministra, a fim de manter o nome de Dilma na ribalta.
Em 2010, Dilma começou o ano eleitoral com uma participação inusitada no programa Superpop, da Rede TV!, apresentado pela magnética Luciana Gimenez. O ponto alto foi televisionado de uma cozinha improvisada nos bastidores, onde a ministra se propôs a fazer uma omelete. A conversa continuou no palco, diante da audiência predominantemente feminina do programa. Daquele momento em diante, Dilma fez omeletes sem quebrar ovos, prato típico do político com cargo no Executivo e que não pode perder uma chance daquelas de fazer campanha fingindo não estar pedindo votos.
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