DivulgaçãoEm sua segunda viagem a Minas Gerais no intervalo de 48 horas, José Serra produziu duas imagens para sua campanha. Uma em ambiente fechado. Outra sob a Lua.
No apartamento de Aécio Neves, Serra recebeu o “apoio” do ex-presidente Itamar Franco (PPS), que nunca morreu de amores por ele.
Ao lado de Aécio, Itamar integra, como candidato ao Senado, a chapa tucana em Minas, encabeçada por Antonio Anastásia, postulante ao governo.
Como presidente, Itamar recusara-se a acomodar Serra no Ministério da Fazenda. Hoje, justificou o apoio à candidatura presidencial dele com um argumento político:
"Aqui em Minas, a gente aprende o seguinte: acima de tudo a ética, a lealdade e o comportamento que se deve ter quando se juntam em uma coligação, como agora...”
“...Eu estou nessa coligação. Cabe a mim apoiá-la".
Serra enxergou no gesto uma "enorme importância política, eleitoral e moral". Há dois dias, já havia enaltecido a biografia limpa de Itamar.
Horas depois, Serra escalou um palanque na cidade de Betim, assentada na região metropolitana de Belo Horizonte.
Foi ao microfone do lado de Aécio e Anastasia. Havia, porém, outro personagem em cena: Pedro Ivo Ferreira Caminhas, o Pinduca.
Filiado ao PP, Pinduca é deputado estadual. Candidato em 2010, recebeu a honraria de uma menção de Serra:
"Não posso aqui deixar de mencionar o Pinduca, que está aqui nessa dobrada e ganha fácil, se Deus quiser. Mas não só ganhar, levar voto para a gente também".
Para um presidenciável à procura de votos, seria uma declaração aceitável. Porém, Pinduca acaba de ser alcançado pela Lei da FichaLimpa.
Em decisão da véspera, o TRE-MG brecara a candidatura de Pinduca. A ficha do candidato carece de higienização.
Foi condenado, em julho de 2009, por “abuso do poder econômico”. Para seduzir eleitores de Betim, oferecera transporte em abulância e organzara festas.
A menos que a decisão da Justiça Eleitoral seja revertida, Pinduca não será eleito. Nem “se Deus quiser”.
Depois de tisnar a referência à “moral” de Itamar com o elogio ao “ficha suja” Pinduca, Serra lançou no comício um desafio à rival Dilma Rouseff.
Quer debater com ela uma proposta do governo Lula, encampada pela campanha petista: o trem de alta velocidade ligando o Rio a São Paulo.
Estima-se que, para por o trem-bala nos trilhos, o governo terá de gastar R$ 35 bilhões. Serra diz que a coisa não sairá por menos de R$ 50 bilhões.
"Eu gostaria de debater com a candidata do governo, com a candidata do PT. Não é melhor fazer 400, 500 quilômetros de metrô em todo o Brasil para a população trabalhadora?"
Serra terá a oportunidade de dirigir a pergunta a Dilma na próxima quinta (5), dia em que vai ao ar, na TV Bandeirantes, o primeiro debate presidencial de 2010.
Escrito por Josias de Souza