Ciro não pretende se envolver na eleição presidencial

Petista planeja encontro com Ciro no Ceará

Gerson Camarotti

O Globo - 22/06/2010

Deputado, no entanto, deve se engajar na campanha apenas do irmão e da ex-mulher Atendendo a um pedido da própria presidenciável do PT, Dilma Rousseff, o deputado e ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE) deverá se encontrar com ela, em breve. A tendência é que Ciro faça só uma declaração de voto protocolar na petista com o único objetivo de não prejudicar a reeleição do irmão, o governador Cid Gomes (PSBCE). Para interlocutores, Ciro disse que gostaria de ouvir o que Dilma tem para falar, mas mantém sua disposição de não se engajar na campanha presidencial. A cúpula do PSB articula essa conversa reservada para Fortaleza, embora ainda não haja previsão de nova visita da petista ao Ceará. Na última passagem dela pelo estado, em abril, houve grande contrariedade dos aliados de Ciro. Na ocasião, o deputado era pré-candidato do PSB à Presidência, e a visita de Dilma ao estado foi interpretada como falta de consideração — o Palácio do Planalto já estava fazendo pressão para tirá-lo da disputa, o que acabou ocorrendo. — Esperamos que, na primeira agenda da Dilma em Fortaleza, ela seja recebida por Ciro. Ele é um quadro do PSB e vai seguir a orientação do partido — disse o vicepresidente do PSB e ex-ministro Roberto Amaral. Mas os próprios aliados reconhecem que Ciro não fará campanha para Dilma no estado. Desde que voltou de férias dos EUA, ele deu sinal de que só cuidará das campanhas do irmão Cid e da ex-mulher, senadora Patrícia Saboya (PDTCE), que deve disputar vaga de deputado. “Imagine o estrago que Lula faria em outro palanque” Foi com base na estratégia de reeleger Cid que também ficou abalada a relação entre Ciro e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que eram aliados e amigos desde os anos 1980. Para garantir a presença de Lula no palanque do irmão, Ciro afastou-se de Tasso e não atendeu nem um telefonema do tucano. Com isso, Tasso já disse que o PSDB terá candidato ao governo estadual. — É melhor romper com Tasso do que correr qualquer risco na eleição do Cid. E o Lula é muito forte no Ceará. Imagine o estrago que Lula faria subindo em outro palanque — explicou um aliado de Ciro.