Estratégia do PSDB tropeça no Ibope
Ibope põe em xeque estratégia tucana
Raymundo Costa, de Brasília
Valor Econômico - 24/06/2010
Raymundo Costa, de Brasília
Valor Econômico - 24/06/2010
O resultado da pesquisa Ibope divulgada ontem - Dilma Rousseff à frente, com 38,2% das intenções de voto, e José Serra com 32,3% - contraria todos os prognósticos da campanha presidencial do PSDB, põe em xeque a estratégia dos tucanos para a sucessão e deve levar a um endurecimento no discurso de Serra em relação ao presidente da República, o governo, o PT e sua candidata.
A avaliação no PSDB era que Serra entraria em julho com cerca de 6 pontos percentuais à frente de Dilma. Os mais otimistas falavam em 12. Mas a campanha tucana, em junho, esteve permeada de assuntos negativos. A demora na escolha do candidato a vice na chapa do PSDB, por exemplo, indica insegurança e dificuldades internas para a definição. A pesquisa também atrapalha as últimas conversas sobre o vice e a montagem dos palanques regionais. O PSDB encontra dificuldade na formatação do discurso para enfrentar um governo que administra crescimento econômico, desemprego em queda e inflação estável.
O resultado da pesquisa Ibope divulgada ontem contraria todos os prognósticos da campanha presidencial do PSDB, põe em xeque a estratégia dos tucanos para a sucessão presidencial de 2010 e deve levar a um endurecimento no discurso do candidato José Serra em relação ao presidente da República, o governo, o PT e sua candidata, a ex-ministra Dilma Rousseff.
Após um mês de intensa exposição de José Serra no rádio e na televisão, os tucanos esperavam, pelo menos, que o ex-governador de São Paulo repetisse o desempenho de Geraldo Alckmin nas eleições de 2006. À época, Alckmin entrou no fim de maio com 22%, segundo o Datafolha, e na última semana de junho estava com 29% das intenções de voto para presidente.
No início de junho, na primeira pesquisa realizada pelo Ibope após o programa e as inserções partidárias do Democratas, Serra aparecia empatado em 37% com Dilma Rousseff. Mesmo percentual registrado pelo Datafolha nos dias 20 e 21 de maio.
No período, além do programa e das inserções do DEM, Serra também foi atração nos programas do PPS e do PSDB - até o final do mês ainda será personagem de inserções tucanas e do programa e comerciais do PTB. No total, só do PSDB, serão 40 comerciais na televisão, todos dedicados a Serra como foi também o programa do último dia 16.
Com tamanha exposição, a avaliação no PSDB era que Serra entrasse em julho com cerca de 6 pontos percentuais à frente de Dilma. Os mais otimistas falavam em 12. A base (do otimismo) com relação a Serra era o desempenho de Alckmin em junho de 2006. O atual Ibope põe em dúvida até a suposta capacidade do PSDB de abrir uma vantagem de 4 milhões de votos em São Paulo, avaliação baseada também na votação de Alckmin, que fez uma frente de 2,9 milhões de votos sobre Lula no primeiro turno da última eleição.
A exemplo do que ocorreu em 2006, a pesquisa reabre uma discussão antiga entre os tucanos: bater ou não no presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há quatro anos, ficou a dúvida se Alckmin crescera por causa dos programas ou porque passara a bater em Lula, contrariando seu estilo.
O jornalista Luiz González, o publicitário da campanha, é contrário a campanhas com ataques a adversário, que considera improdutivas. Serra também, mas o fato é que o tucano vem lentamente elevando o tom das críticas ao presidente. Na convenção de Salvador ele cunhou a frase: "Luis XIV achava que o Estado era ele. Nas democracias e no Brasil, não há lugar para luíses assim".
Serra procura demonstrar convicção sobre a linha escolhida. Mas a campanha tucana, em junho, esteve permeada de assuntos negativos. A demora na escolha do candidato a vice na chapa do PSDB, por exemplo, indica insegurança e dificuldades internas para a definição do nome. Serra prefere fazer de conta que se trata de uma aflição de jornalistas, mas o fato é que o debate alimenta o noticiário negativo sobre a campanha. A pesquisa também atrapalha as últimas conversas sobre o vice e sobre a montagem dos palanques regionais - Serra entra mais fraco do que estava nas negociações.
Serra tem procurado seguir à risca a estratégia que traçou para sua campanha. O tucano, por exemplo, pouco ou quase nada tem se importado com a mídia impressa nacional. Prefere privilegiar a mídia regional (o presidente Lula faz a mesma coisa há mais tempo). A agenda quase sempre sai de última hora. Resultado: as viagens do candidato tucano aos Estados em geral levam a marca do improviso.
O tucano encontra-se na defensiva: Serra irrita-se e tenta responder boatos típicos de campanha, como o de que vai acabar com o Bolsa Família, demitir funcionários concursados, acabar com o décimo terceiro salário e as férias, é contra a Zona Franca de Manaus e que vai arrochar os salários dos funcionários. O tucano "queimou" um de seus comerciais só para dizer que não só vai manter, como também ampliar o Bolsa Família. Acha que não deve deixar prosperar uma mentira.
O PSDB encontra dificuldade na formatação do discurso para enfrentar um governo que administra crescimento econômico, desemprego em queda e inflação estável. Serra, por exemplo, tentou vários assuntos de interesse do Rio de Janeiro. Mas a repercussão que os tucanos esperavam no Estado só ocorreu quando o ex-governador de São Paulo assistiu a uma das partidas da Copa do Mundo na companhia de Patrícia Amorim, presidente do Flamengo, o clube mais popular do país.
Apesar da virada que levou nas pesquisas, Serra procura manter o moral da tropa elevado: o tucano tem dito a interlocutores que Dilma é uma candidata "fabricada" e que ela vai "perder a eleição". Não deixa de ser um prenúncio do que ainda pode vir quando a campanha começar oficialmente, muito embora o candidato deva negar qualquer mudança ou correção de curso na campanha.
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