Dilma em cima do muro na Bahia

Na Bahia, Dilma evita falar em candidato preferido

Com Agência Estado

 

Tentando o equilíbrio entre dois palanques, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, voltou hoje a Salvador para a convenção que oficializou o nome do governador petista Jaques Wagner para a disputa da reeleição. Na segunda-feira, Dilma esteve na cidade para o lançamento da candidatura rival, a do ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, do PMDB, partido aliado do PT no plano nacional.

Na segunda, Dilma elogiou o ex-colega de governo e disse que não poderia indicar preferência, em respeito a Jaques Wagner. Hoje, aos jornalistas, voltou a dizer que não tem candidato predileto. "Até porque não voto na Bahia", justificou-se. No palanque, porém, mostrou outra postura. "Eu, você (Wagner) e o presidente Lula somos irmãos de alma, participamos do mesmo projeto de transformação da Bahia e do Brasil", disse, durante o discurso. Para não pedir votos explicitamente para o atual governador, Dilma disse ter ligado, antes da convenção, para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teria pedido para repassar o recado de apoio a Wagner.

De acordo com Jaques Wagner, não há razão para o eleitorado ficar confuso com o apoio de Dilma a ele e a Geddel. "Não verdade, não é ela quem pede votos a nós, somos nós que pedimos votos a ela", ponderou. Para não deixar dúvida, porém, Wagner lançou mão de alguns artifícios, como assumir o apelido Galego - como Lula o chama - na campanha e colocar uma fala do presidente em seu jingle. Diz o trecho da canção, em ritmo de forró: "Lula deu o recado / Desse galego, eu não abro mão / (Voz do presidente): 'Esse galego é meu irmão de fé. O povo vai votar em Wagner governador da Bahia'." O governador, porém, não concorda com a tese de que sua campanha tenta vincular sua imagem à do presidente. "Não se trata de 'colar imagem', mas de tocar um projeto político que estamos construindo há 30 anos", disse. Wagner terá, como candidato a vice, Otto Alencar (PP) e, como candidatos ao Senado, os deputados Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB).

Salto alto - Dilma Rousseff afirmou em Salvador que o resultado da pesquisa Ibope divulgada nesta semana, que a coloca à frente do ex-governador paulista José Serra (PSDB) na corrida eleitoral - 40% a 35% -, não interfere nos os rumos da campanha. "Não é prudente subir no salto alto ou sentar antes na cadeira. Vocês lembram bem que quem sentou antes perdeu a eleição", disse, em referência à disputa entre Fernando Henrique Cardoso e Jânio Quadros pela Prefeitura de São Paulo, em 1985. À época, FHC, à frente nas pesquisas, Fernando Henrique foi fotografado na cadeira do prefeito, mas acabou perdendo a disputa. Dilma viajou até Salvador para a convenção do PT na Bahia, que oficializou a candidatura à reeleição do governador Jaques Wagner.

Já o candidato tucano ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), declarou hoje que a campanha petista subiu sim "no salto alto antes da hora". Ele rebateu as ironias de ministros governistas, que ontem afirmaram que os tucanos estão "batendo cabeça" para a definição do vice do presidenciável José Serra. "Eu acho que estão com salto alto antes da hora. A eleição nem começou ainda", afirmou. Ontem, durante a convenção paulista do PT, que oficializou a candidatura de Aloizio Mercadante ao governo do Estado, o ministro do Esporte, Orlando Silva, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, criticaram o "lado de lá", comparando a oposição à seleção francesa ("vive batendo cabeça"). "A seleção do povo vai dar uma goleada no time dos tucanos", disse Orlando Silva. O candidato tucano participou na manhã deste domingo da convenção paulista do Partido Humanista da Solidariedade (PHS), na Assembleia Legislativa de São Paulo, que confirmou apoio ao PSDB na corrida ao Palácio dos Bandeirantes. O PHS é o sétimo partido a aderir à coligação de Alckmin, que tem entre as principais siglas o PMDB. A sigla que aderiu hoje, porém, não irá agregar tempo de TV, já que não conta com cadeiras no Congresso.