Escolha de Serra afeta disputa no Paraná
Marli Lima, de Curitiba |
Valor Econômico - 28/06/2010 |
A escolha do senador Alvaro Dias (PSDB) para ser vice do tucano José Serra na candidatura à presidência complicou ainda mais a disputa política no Paraná. PT e PMDB saíram de encontros ontem sem definição dos nomes que vão concorrer ao governo, após meses de negociações para uma aliança que deveria incluir o irmão de Alvaro, o também senador Osmar Dias (PDT), o primeiro a demonstrar interesse pelo cargo. Em meio a essas indefinições, de sexta para domingo dois fatos fortaleceram a candidatura ao governo do ex-prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), principal articulador de Serra no Estado, e complicaram o cenário para a campanha da ex-ministra Dilma Rousseff (PT) na região. O primeiro é que, com Alvaro na vice de Serra, Osmar pode abandonar a ideia de concorrer ao governo em lado oposto. Para os apoiadores de Dilma, uma saída seria uma aliança do PT com o governador Orlando Pessuti (PMDB), também interessado na vaga. No fim de semana, contudo, Pessuti foi alvo de reportagem da revista Veja, que diz que ele seria funcionário fantasma da Assembleia Legislativa, em mais um desdobramento de uma série de denúncias recentes de contratações irregulares naquela casa. Enquanto os outros partidos ainda buscam acordos, Richa faz campanha pelo interior do Paraná. Se ele tiver Alvaro e Osmar ao seu lado, sai fortalecido na disputa e Serra também ganha espaço no Estado. Em fevereiro, Richa e Alvaro disputaram a indicação para a candidatura ao governo. Como o então prefeito foi o escolhido, o senador mostrou descontentamento e os dois se afastaram. E se Osmar fosse mantido como candidato, Alvaro havia dito que não poderia trabalhar contra o irmão. Recentemente, o PSDB chamou Osmar para formar uma aliança e ele chegou a consultar a direção nacional do partido, que teria desaconselhado a união. Mas na ocasião o nome de Alvaro como vice ainda não havia sido anunciado. "Não me lembro de período tão conturbado em época de eleição", disse ao Valor uma fonte que acompanha as negociações. No meio do caminho foram dadas pistas para facilitar a campanha de Richa, tirando Osmar da disputa. Na sexta-feira, pouco após as primeiras informações de que Alvaro seria o vice de Serra, a assessoria do tucano divulgou texto em que o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, elogia o ex-prefeito e diz que sua candidatura "fortalece sobremaneira" a campanha de Serra. "O Paraná tem uma importância estratégica na eleição presidencial", teria dito Guerra. "Como Beto Richa lidera as pesquisas de forma consistente, sua candidatura indica a possibilidade concreta de o PSDB conquistar o governo de um Estado de grande importância no cenário político e econômico do País", completa o texto. Guerra e Serra teriam telefonado na quinta-feira para Richa para falar da escolha do vice. Em 2002, quando disputou a presidência, Serra perdeu no Paraná no primeiro e no segundo turno para Lula. Alvaro, 65 anos, fez carreira política no Paraná, mas nasceu em Quatá (SP). Ex-PMDB, ele exerce o terceiro mandato como senador, após ter sido vereador em Londrina, deputado estadual, deputado federal e governador do Paraná, de 1987 a 1991. Em 2002 ele disputou novamente o governo, mas perdeu para Roberto Requião (PMDB), que quatro anos mais tarde derrotou também seu irmão, Osmar. |
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