Novo vice de Serra acalma crise, mas não a elimina
Fernando Rodrigues
A escolha do deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ) (post abaixo) para ser o candidato a vice-presidente na chapa com José Serra (PSDB) acalma, porém não resolve totalmente a crise entre demistas e tucanos. Feridas ainda estão abertas. Não serão cicatrizadas facilmente –ainda mais agora que as taxas nas pesquisas eleitorais não têm sido favoráveis ao candidato do PSDB.
O DEM foi humilhado na última 6ª feira ao saber pelo Twitter de Roberto Jefferson que o vice de Serra seria o senador Álvaro Dias (PSDB-PR). Nos últimos 5 dias, vários demistas deram declarações ácidas. Não há como apagá-las. Num momento de fúria, o presidente nacional dos Democratas, o deputado federal Rodrigo Maia (RJ) chegou a admitir para o jornalista Ilimar Franco: “A eleição nós já perdemos. Não podemos perder o caráter. Tentaram me isolar, mas não conseguiram apoio”. Em resumo, Maia disse que a oposição já estaria derrotada na disputa presidencial.
Ao saber que o DEM estava sendo deixado para trás na escolha do vice, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) disparou: “O poder do Serra de desorganizar as coisas é fora do comum”.
O fato é que o tentar resolver o palanque tucano no Paraná, com a escolha de Álvaro Dias para vice de Serra, o PSDB saiu-se pior do que entrou. Agora, o irmão de Álvaro, o também senador Osmar Dias (PDT-PR), vai concorrer ao governo daquele Estado com o apoio do PT –e de Dilma Rousseff e de Lula. Vamos admitir que Álvaro Dias não estará também muito animado para fazer campanha pró-Serra depois de ter sido ejetado da chapa. Aliás, Álvaro Dias já fez campanha a favor de Lula em 2002 –contra Serra.
Por fim, ficou no ar o recado dado por José Serra ao Democratas: preferia não ter esse partido ao seu lado formalmente, pois acredita que o DEM está com uma imagem péssima por causa de escândalos recentes, como o “mensalão” em Brasília.
Aí encontrou-se o deputado federal Índio da Costa. Trata-se de um político em seu primeiro mandato. Com pouco passado, não apresenta um grande óbice à imagem a ser projetada pela chapa presidencial de Serra. Índio da Costa notabilizou-se como grande defensor da Lei dos Fichas Limpas. Aqui, a biografia que o próprio divulga em seu site.
Do ponto de vista da densidade eleitoral, Costa não dará a Serra nenhum caminhão de votos no Rio. A sua presença na chapa tucana visa a amalgamar a aliança entre PSDB e DEM e assim garantir todos os minutos das duas siglas para Serra durante o horário eleitoral.
Mas nos Estados haverá ainda muitos demistas torcendo o nariz para a forma pouco agregadora como Serra conduziu o processo da escolha do vice. Se o tucano disparar nas pesquisas e virar favorito, tudo passa. Mas se o cenário continuar cinza para os tucanos, como mostram as últimas pesquisas, é enorme a chance de não se materializar o apoio real do DEM a Serra nos Estados.
ES - Discordo dos comentários do jornalista. O maior problema de Serra no DEM estava no Rio, com os Maia's (César e Rodrigo, por via de consequência), que se achavam desprestigiados na campanha. Índio da Costa é pessoa da confiança de César Maia, do qual foi secretário de administração municipal. Sei disso porque fui também secretário de administração na mesma época e tive uma certa convivência com Indio e com o seu staff. A escolha vai deixar o DEM mais agregado a Serra, exatamente o contrário do que diz o jornalista. Embora extemporânea, Indio foi uma boa saída para o PSDB.
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