Serra se mobiliza antes de decidir candidatura
SÃO PAULO (Reuters) - Mesmo sem assumir formalmente a candidatura à sucessão presidencial, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), esboça uma movimentação para atuar como candidato, decisão que só deve sair em abril.
Esta tendência dos últimos dias está presente em algumas declarações públicas e em articulações para os palanques nos Estados. A atitude é regida em grande parte pela desistência do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (MG), de disputar a vaga de candidato à Presidência pelo partido, anunciada há quase um mês.
"Agora a bola está com ele (Serra)", disse à Reuters o deputado Rodrigo de Castro (PSDB-MG), secretário-geral do partido e um dos principais interlocutores de Aécio.
A disponibilidade recente de Serra, acredita o líder do partido na Câmara, deputado José Aníbal (SP), reflete o apoio que o governador conta para disputar a sucessão.
"As pessoas sabem que ele é o candidato do PSDB e que conta com apoiamentos entre os políticos. Se alguém tem essa atribuição, logo pensa no que vai fazer em termos de acordos e entendimentos. Não vai ficar de braços cruzados", analisa.
Nesta semana, Serra, líder nas pesquisas de intenção de voto, interveio na consolidação de um palanque para o PSDB no Rio de Janeiro. Serra se comunicou com o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, um dos líderes do aliado DEM, para construir os apoios à candidatura do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) ao governo do Estado do Rio.
Ainda há diversos entraves a serem resolvidos nesta estratégia, como Gabeira receber no palanque tanto Serra quanto a pré-candidata de seu partido à Presidência, a senadora Marina Silva (PV-AC). As negociações estão em curso.
Cesar Maia, que disse à Reuters por email que houve "troca de informações e coincidência entre elas" na conversa com Serra pelo telefone, confirma a entrada em cena do governador paulista. "Não tenho dúvida nenhuma quanto a isso", afirmou Maia, que é pré-candidato ao Senado pelo DEM.
Uma semana antes, o ex-prefeito dizia à reportagem que "nada, rigorosamente nada" havia mudado na atitude de Serra depois do anúncio de Aécio.
Para o presidente do PSDB paulista, deputado Antonio Carlos Mendes Thame, o partido agora não tem mais que conviver com o problema da duplicidade de candidaturas. "Facilitou" para a sigla e para Serra, avalia Thame, que tem a missão de reforçar a estrutura da sigla no Estado para garantir a vitória de Serra.
Sobre o perfil discreto de Serra, José Aníbal lembra que ele é cuidadoso e objetivo e busca convergências em cima de propósitos. "Ele não tem que falar muito, suas realizações no Estado é que contam."
AGENDA FORTE
PSDB e DEM permaneciam em ritmo de pressão com o objetivo de enfrentar desde logo a campanha na rua da pré-candidata petista Dilma Rousseff. Mesmo a senadora Marina Silva já ostenta o título de pré-candidata de forma oficial.
Serra mantém os "nervos de aço", em sua própria definição, e, no pós-Aécio, reafirmou que a decisão sairá apenas em abril, mês em que precisará se desincompatibilizar do cargo de governador para concorrer à Presidência.
"Serra não vê necessidade de anunciar já. Será no momento apropriado", acredita Roberto Freire, presidente do aliado PPS.
No dia-a-dia da administração do Estado, o governador intensificou a agenda neste início de ano, cumprindo até três compromissos públicos por dia, muitos ligados a solução para enchentes. Ele nega que as ações estejam vinculadas à eleição.
"Tudo o que você faz na vida pública que dá certo conta a seu favor, mas não faço por causa da eleição", disse Serra na quinta-feira, segundo a mídia, durante assinatura de convênios para tratamento de esgoto em 19 municípios do interior do Estado, que atingirá 400 mil pessoas.
Faltando nove meses para a eleição, também o PSDB tem mostrado que está maior o debate interno, mas ainda aquém da movimentação quase diária do PT e da ministra Dilma.
Almoço realizado na última segunda-feira na residência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso -que reuniu Aécio, o senador Sergio Guerra (PE), presidente da legenda, e o senador Tasso Jereissati (CE)- se seguiu a encontro no Rio no dia 4.
No Rio, se tratou de elevar as críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, resultando em ações na Justiça Eleitoral por propaganda antecipada pelo PT. Ainda este mês a cúpula estará em Minas Gerais para novos acertos.
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