O homem da guerra contra os petistas
Daniela Lima | ||||
Correio Braziliense - 25/01/2010 | ||||
Senador pernambucano se transformou no mais ferrenho defensor das ações tucanas no Congresso. E no principal alvo de Lula
Severino Sérgio Estelita Guerra é um “babaca” na definição de Luiz Inácio Lula da Silva. Presidente do partido que representa perigo real à candidatura da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto nessas eleições, o senador pernambucano tornou-se alvo das críticas petistas. “Se for ele o porta-voz da campanha do PSDB, não podemos esperar muito da campanha”, desqualifica o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE), conterrâneo e desafeto de Guerra. Os aliados, no entanto, usam adjetivos mais honrosos para descrever o senador. Dizem que é um homem inteligente, estrategista e pragmático. Que cultiva a confiança dos que fazem política com ele. De hábitos finos, Sérgio Guerra é conhecido por gostar de bons vinhos e ternos bem cortados. Raramente anda sozinho pelos corredores do Senado. Está sempre de conversa com algum colega ou assessor, quando não está cercado de jornalistas. Foi eleito em novembro de 2007 presidente do tucanato em uma eleição de consenso. Sem oposição — faltavam nomes para suceder o também senador Tasso Jereissati (CE) — foi a escolha que hoje é celebrada pelo partido. “Um achado”, segundo o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA). Atualmente, Guerra é o responsável por dar “tom” às respostas tucanas aos ataques petistas, e vice-versa. Atacou em entrevista à revista Veja o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais plataformas da ministra Dilma. A resposta da presidenciável petista veio para detonar o partido como um todo — e a pré-candidatura de Serra. “A oposição quer acabar com o PAC”, sentenciou. As críticas descambaram para um bate-boca. Por fim, Guerra — criador de cavalos de raça — foi classificado pela cúpula petista como um “jagunço político”, por blindar os ataques ao governador paulista José Serra — pré-candidato tucano à Presidência —, e, de quebra, chamado de “babaca” pelo presidente da República. Esperto, percebeu que tinha detonado prematuramente uma troca de insultos evitável. Disse que cobraria na Justiça a conta pelos xingamentos. E, quanto ao presidente Lula, afirmou que este era conhecido por “não controlar o vocabulário”, e deu o assunto por encerrado. Sérgio Guerra sabe em quem pode — e deve — bater. A ameaça é Dilma. Um presidente com 80% de aprovação popular não deve ser alvo de ataques aleatórios da oposição. É o que vai pregar a partir de agora. O senador continuará preservando o pré-candidato tucano. Responderá como partidário aos ataques que virão da Esplanada dos Ministérios, do Planalto e de alas governistas do Congresso. Colocará líderes de bancada e estaduais ao seu lado na linha de frente da batalha para resguardar José Serra — o homem que fará o tal debate qualificado. Mesma estratégia que deve ser adotada pelos petistas. Sérgio Guerra tem 62 anos. Economista, usa um tom professoral quando fala. E tem um cacoete. Coloca um “hein” no final das frases. Usa a expressão muitas vezes para ressaltar o que diz. Em outras, para estimular o raciocínio. Também faz parte da honrosa ala de senadores de seu partido que não tingem o cabelo com tons de acaju. “Puro sangue” Foi o homem que pregou — e ainda prega — a aliança entre José Serra e o governador de Minas Gerais Aécio Neves, em nome de uma campanha vitoriosa à Presidência em 2010. Não conseguiu fechar a tal chapa “puro sangue”. Mas evitou que os dois governadores aliados se digladiassem em público. O que foi uma vitória, na avaliação de tucanos experientes. Para isso, o homem do parlamento manteve-se equidistante dos dois pré-candidatos. Conquistou a confiança de ambos, avaliam os correligionários. Confiança que mantém até hoje. “Serra e Aécio são confidentes de Guerra. Ele foi muito competente, diante de uma situação extremamente complicada. Tinha dois líderes nacionais em disputa. Trabalhou no sentido de construir convergências”, afirma o deputado José Aníbal, que liderou a bancada tucana na Câmara no ano passado. Guerra tem se dedicado à tarefa de defender o candidato do partido, e de construir palanques para ele nos estados. Tarefa que não é fácil, em parte pela própria opção de Serra de não se colocar explicitamente como o nome tucano que encabeçará a disputa ao Planalto este ano. “O senador Sérgio Guerra é um homem elegante, ponderado. Ele é aquele que faz a crítica bem colocada, que sabe ouvir. Não gosta de agressividade, de denuncismo”, define Álvaro Dias, colega de plenário e de partido. Além disso, enfrentará ele próprio disputa acirrada pela reeleição ao Senado. Serão duas cadeiras, para pelo menos quatro candidatos de peso. Além dele, concorrem ao Salão Azul por Pernambuco o ex-vice presidente e atual senador pelo estado Marco Maciel (DEM), o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Armando Monteiro, e o ex-prefeito do Recife, João Paulo, nome cotado no PT. Na espera O governador paulista reluta em dar início a uma agenda de campanha. Prega, assim como fez no ano passado, que o anúncio oficial da candidatura tucana ao Planalto saia em março. Diz que até lá o melhor que pode fazer é se debruçar sobre o governo de São Paulo. Acredita que o estado pode ser o espelho de suas capacidades como gestor. Tamanha cautela já trouxe problemas a Sérgio Guerra, que teve que contornar uma crise entre tucanos e Democratas. Caciques do segundo partido, o maior aliado do PSDB contra o PT, disseram que enquanto eles estavam sem nome oficial, a ministra Dilma já estava buscando votos pelo país, ao lado de Lula. Guerra é um homem elegante. Ele é aquele que faz a crítica bem colocada. Não gosta de agressividade, de denuncismo Álvaro Dias (PSDB), senador Se for ele (Guerra) o porta-voz da campanha do PSDB, não poderemos esperar muito da campanha Fernando Ferro (PT), deputado |
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