Conselho político de Dilma já discute vitória no 1º turno
O crescimento da candidatura de Dilma Rousseff na pesquisa do Datafolha se aproxima do cenário traçado pelo conselho político da campanha petista, reunido na última segunda-feira, 9 de agosto, em Brasília. Segundo apurou o Terra, os representantes dos partidos da coligação foram municiados sobre o avanço de Dilma nas sondagens - beirando os dez pontos de margem - e a possibilidade de vitória no primeiro turno.
Aguardava-se a confirmação do novo cenário eleitoral com as pesquisas realizadas às vésperas do início do horário gratuito de rádio e TV. Divulgado nesta sexta-feira, 13/08, o resultado do Datafolha aponta Dilma com uma vantagem de oito pontos sobre José Serra (PSDB): 41% x 33%. Ficou a três pontos de vencer no primeiro turno. A candidata Marina Silva (PV) estacionou nos 10%. Na última sondagem do mesmo instituto, realizada entre 20 e 23 de julho, Serra tinha 37% e Dilma, 36%.
Na reunião do conselho político (composto por PT, PMDB, PDT, PR, PCdoB, PTB, PP e PRB), o publicitário João Santana Filho analisou a hipótese de vitória no primeiro turno, a partir de projeções que demonstram o crescimento ininterrupto da candidata do PT em 2010. Alinhado aos que acreditam na derrota precoce de Serra, o ex-ministro Roberto Amaral, representante do PSB na cúpula da campanha, avalia que "não há fato no horizonte que possa reverter essa tendência".
Amaral argumenta: "Isso vai se fortalecer por dois motivos. Primeiro, o início do programa de TV. Ela vai ter mais tempo que Serra e contará com a presença massiva de Lula. Segundo, há uma tradição de o candidato favorito conquistar mais votos". O socialista enfatiza que "o crescimento de Dilma vem nesse ritmo há quatro meses e dificilmente será revertido". A maioria dos conselheiros segue esse otimismo.
No horário eleitoral, Dilma utilizará 10min38s, contra os 7min18s de Serra. Marina ficará restrita a 1min23s, um tempo semelhante ao de Plínio de Arruda Sampaio (Psol), que tem direito a 1min1s.
Com sua cautela sergipana, o presidente do PT, José Eduardo Dutra, prefere não fazer "profecias de vitória no primeiro turno". "Sou adepto da máxima mineira: eleição e mineração, só depois da apuração", brinca, em conversa com o Terra.
Dutra avalia "com otimismo" os oito pontos de frente no Datafolha, mas logo retorna à mineirice: "O valor da pesquisa é dar entusiasmo à militância. A evolução dos números aponta um sentimento de continuidade. Agora, a campanha vai começar pra valer a partir da terça-feira (17/08), com o horário eleitoral na TV", garante o presidente do PT.
"A tendência é vencer logo", diz o deputado federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), um dos articuladores da indicação de Michel Temer para a vice de Dilma. Confiante na conquista do poder federal em 3 de outubro, o peemedebista elenca os motivos do voto na sucessora de Lula: "A continuidade do avanço na economia, a auto-estima elevada do País e a satisfação do brasileiro com o nível do salário".
Para o deputado, a oposição ficou sem discurso. "Com todo respeito, Serra vai para o debate e fica tratando da Apae, Apae, Apae... É importante, mas não é um discurso nacional", critica Alves, referindo-se à entrada da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais na pauta do debate da Rede Bandeirantes. "Nosso discurso está sendo fácil: Dilma é a continuidade, Dilma foi a gestora do governo Lula nos últimos anos", acrescenta.
Os aliados da ex-ministra da Casa Civil farejam a vitória em todos os Estados do Nordeste. Há pessimismo em relação ao Pará, São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Como recompensa, voltou a confiança em bons resultados no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Para acertar os ponteiros nordestinos, Dilma precisa apenas visitar o Ceará, terra do aliado e ex-candidato à presidência Ciro Gomes (PSB).
"Só temos três problemas: São Paulo, onde Michel (Temer) está atuando; Santa Catarina, pois (o governador) Luiz Henrique era contra Lula, mas Michel fez uma belíssima reunião lá; e Rio Grande do Sul, onde tem se intensificado as visitas", traça Henrique Alves.
Outro membro do conselho político, o presidente do PDT, Manoel Dias, reforça que "Serra atingiu um teto e é viável ganhar num primeiro turno". "Mais de 70% da população apoia Lula, mas Dilma não conseguiu agregar esse nível de apoio. Está por volta de 75% dessas pessoas. Ainda há mais de 20% pra navegar", avaliou o pedetista, antes do resultado do Datafolha.
Programa de governo
A versão final do programa de governo de Dilma Rousseff pode ser entregue no início da próxima semana, em Brasília. Reuniões setoriais (educação, saúde, ciência e tecnologia, comunicações, cidades e gestão pública) revisam e engordam os 13 compromissos firmados pela campanha presidencial.
A versão final do programa de governo de Dilma Rousseff pode ser entregue no início da próxima semana, em Brasília. Reuniões setoriais (educação, saúde, ciência e tecnologia, comunicações, cidades e gestão pública) revisam e engordam os 13 compromissos firmados pela campanha presidencial.
"As coisas estão indo bem. As divergências dos partidos da coligação foram superadas e as energias são dirigidas à campanha", sustenta o ex-governador do Rio de Janeiro Moreira Franco, representante do PMDB no staff dilmista.
Peemedebistas e lideranças do PT desbotaram os pontos polêmicos da carta programática, principalmente as críticas ao monopólio dos meios de comunicação e a defesa das ocupações de terras. "Defendemos que a lei seja cumprida, respeitada, mas isso não significa a inibição dos movimentos sociais. Eles devem se manifestar, mas dentro dos limites da leis do País. Se esses limites são ruins, vamos mudar a legislação no Congresso", defende Moreira Franco. Ele acredita que os trabalhos do grupo do programa de governo serão finalizados nesta segunda-feira, 16.
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