Alckmin esquiva-se de 2 luvas e livra-se de ‘nocaute’
UOL
Realizou-se nesta terça (17), em São Paulo, um inédito debate eleitoroal na internet. Promoveram-no a Folha e o UOL.
Realizou-se nesta terça (17), em São Paulo, um inédito debate eleitoroal na internet. Promoveram-no a Folha e o UOL.
Reuniu os três candidatos mais bem postos na disputa pelo governo de São Paulo: Geraldo Alckmin (PSDB), Aloizio Mercadante (PT) e Celso Russomano (PP).
Deu-se uma espécie de luta de boxe de dois contra um. Em curiosa dobradinha, Mercadante e Russomano jabearam Alckmin durante duas horas.
No topo das pesquisas, candidato à vitória em primeiro turno, o tucano esquivou-se das investidas, devolveu os jabs e saiu do ringue sem arranhões. Portou-se com rara frieza.
No somatório dos pontos, verificou-se um empate. Uma igualdade que serve mais a Alckmin, já que tende a manter inalteradas as inteções de voto.
A distribuição dos púlpitos sobre o ringue teve, por assim dizer, uma lógica ideológica. Alckmin ao centro, Mercadante à esquerda e Russomano à direita.
Fustigado dos dois lados, Alckmin como que ignorou os ataques de Russomano. Só reagiu naquilo que era essencial.
Dedicou mais atenção às investidas de Mercadante, que realçou a longevidade da hegemonia tucana em São Paulo –16 anos— e iluminou os problemas irresolvidos.
Falou-se um pouco de tudo. Segurança, educação, saneamento e privatizações, por exemplo. Aqui, você encontra um bom resumo.
Como Mercadante se esforçou para grudar sua imagem à de Lula, o debate acabou ganhando contornos nacionais.
Curiosamente, Alckmin destoou do presidenciável de seu partido, José Serra, nas críticas ao governo Lula.
Serra, como se sabe, é capaz de tudo, menos de confrontar Lula. Alckmin disse que o governo Lula sonegou verbas educacionais a são Paulo.
Fez referência à falta de de investimentos federais nos aeroportos, entre eles o de Cumbica, assentado em Guarulhos (SP).
Em reação, Mercadante disse que seu antagonista não assume suas próprias responsabilidades, transferindo todas as culpas para Lula e terceiros.
Creditou o aumento do vaivém nos aeroportos à pujança que a economia adquiriu sob Lula. E levou a era FHC à roda.
Insinuou que os viveriam melhorias dias se FHC tivesse feito a parte dele. "Vocês são lentos e perderam a perspectiva de crescimento do Brasil".
Sem mencionar o nome de Serra, Mercadante disse que o governo de São Paulo assumiu compromissos em relação à Copa do Mundo e não honrou.
"Nós precisamos trazer a Copa do Mundo para cá, para São Paulo. O paulista adora futebol...”
“...Por que as obras prometidas não estão sendo feitas? Vocês foram lentos, só foram atrás de pedágios, do resto, nada".
A despeito de ter sido realizado na internet, uma plataforma mais liberalizada que o rádio e a TV, o debate foi limitado pelas regras impostas pelos comitês eleitorais.
Réplicas e tréplicas, só entre os próprios candidatos. Três jornalistas, entre eles o signatário do blog, dirigiriam perguntas aos candidatos. Mas sem direito à réplica.
Assim, quando questionado sobre o caso da Alstom, a multinacional francesa investigada por pagar propinas a políticos e servidores de São Paulo, Alckmin flanou.
A pergunta mencionava o bloqueio de contas no estrangeiro atribuídas a pessoas ligadas ao PSDB e as suspeitas que rondam o Metrô e a ex-estatal Eletropaulo.
Citava o bloqueio imposto pelo tucanato às tentativas de apuração feitas na Assembléia Legislativa de São Paulo.
Incluía uma questão assessória: tendo sido vice-governador e governador, Alckmin teve a preocupação de inteirar-se das suspeitas de malfeitos?
Ao responder, Alckmin não disse palavra sobre as contas bloqueadas. Nenhum comentário específico sobre Metro e Eletropaulo.
Quanto ao bloqueio à apuração legislativa, disse que a Assembléia é um poder independente e ele não é deputado.
Ensaiou uma defesa de Mario Covas, como se as suspeitas estivessem restritas à gestão do ex-governador morto.
No mais disse, guiando-se por conselhos recebidos do pai, não entrou na política para enriquecer. Proibida a réplica, a coisa ficou nisso.
Quanto a Mercadante, foi inquirido sobre o contraste do apoio de Lula à sua candidatura e à de Dilma Rousseff. No caso dele, ineficaz. No de Dilma, o crescimento nas pesquisas.
O petista utilizou a pergunta como escada para enaltecer o crescimento de Dilma e a perspectiva de vitória. Quanto à sua inanição nas sondagens eleitorias, limitou-se a dizer que o PT tem "tradição de chegada" e a exortar a "militância".
Para não deixar Serra ao relento, Alckmin dedicou 30 segundos de suas "considerações finais" ao presidenciável de seu partido. Recobriu-o de elogios. E pediu votos aos internautas.
- Serviço: Aqui, os vídeos dos seis blocos que compuseram o debate.
Escrito por Josias de Souza
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