Razões do Blog


Este blog foi criado para apoiar a candidatura de José Serra à presidência do Brasil, por entendermos ser o candidato mais preparado, em todos os aspectos pessoais, políticos e administrativos. Infelizmente o governo assistencialista de Lula e a sua grande popularidade elegeram Dilma Rousseff.
Como discordamos totalmente da ideologia e dos métodos do PT, calcados em estatismo, corporativismo, aparelhamento, autoritarismo, corrupção, etc., o blog passou a ser um veículo de oposição ao governo petista. Sugestões e comentários poderão ser enviados para o email pblcefor@yahoo.com.br .

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Jornada de Serra


Carreatas de dia, internet na madrugada - um dia de Serra 


Terra

O candidato à presidência pelo PSDB, José Serra, fez campanha em Varginha, Minas Gerais, ao lado de Aécio Neves e Antonio Anastasia. Foto: Cacalos Garrastazu/Obrito News/Divulgação
O candidato à presidência pelo PSDB, José Serra, fez campanha em Varginha, Minas Gerais, ao lado de Aécio Neves e Antonio Anastasia


MARCELA ROCHA
O candidato gravou os programas de televisão da campanha na Vila Leopoldina, zona Oeste de São Paulo, até 3 horas da madrugada e seguiu para casa. Tuitou, mandou os últimos recados para a equipe, distribuiu tarefas e foi se deitar. Ao acordar, às 9h30, comeu pera, mamão e atemoia no desjejum. Com os e-mails checados, ele se abasteceu de dados atualizados sobre o assunto do dia: tributos. Crítico contumaz da carga tributária, sua agenda teria início em uma visita ao "impostômetro", no Centro da capital. Assim começou mais uma manhã de segunda-feira de José Serra, candidato do PSDB à presidência da República.
O tucano chegou ao "impostômetro" - painel que registra a progressão dos impostos pagos no Brasil - acompanhado de sua mulher Mônica Allende. Ela num carro, ele em outro. Ante uma pane no painel do contador, o candidato temeu que as atenções da imprensa se voltassem mais para a falha no sistema do que para o que ele viesse a declarar. Guilherme Afif Domingos (DEM), vice na chapa de Geraldo Alckmin na disputa pelo governo do Estado, prometeu que iria apurar as razões da pane. "Foram hackers", esbravejou. O painel voltou a funcionar 15 minutos depois e Serra fez novo pronunciamento crítico ao governo federal.
O candidato deixou então São Paulo e foi de helicóptero a Varginha, cidade do sul de Minas Gerais conhecida pelos rumores de que apareceram alienígenas nas redondezas. Antes de decolar, agendou uma reunião para o fim do dia com o presidente de seu partido, senador Sérgio Guerra (PE). Carregou consigo calhamaços com informações, números e mais números, sobre a região que estava prestes a visitar.
A pauta seria "café", que a região cultiva e exporta. Entre as anotações que o candidato lia atentamente, dados sobre comercialização e safras, mas não só. Também atentou para o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), número de habitantes, eleitores, últimas pesquisas de intenção de voto e resultados das duas últimas eleições presidenciais na região. Ex-professor, Serra não abandonou hábitos da profissão e fez pequenas correções ortográficas na papelada (que também falava do esoterismo que envolve a cidade).
Ainda no mesmo documento, os principais problemas da região e promessas que o tucano já havia feito para Minas Gerais. De próprio punho, circundou os tópicos que falavam da falta de aeroporto, problemas em abastecimento de água e saneamento, além dos atrasos nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais bandeiras da adversária Dilma Rousseff.
Serra não costuma almoçar. A caminho de Minas, comeu bolo de fubá e uma bananinha sem açúcar. No mesmo lugar e na mesma posição que lhe é de costume em helicóptero ou avião, colocou sua máscara nos olhos, tirou os sapatos e, enfim, tentou colocar o sono em dia. Ou parte dele. A ansiedade de ter que acordar cedo no dia seguinte lhe tira o sono. Costumava ler muito antes de dormir. Literatura clássica, ou informações mais técnicas. Agora, prefere se debruçar na madrugada sobre romances leves, filmes ou algum programa na televisão.
O candidato foi despertado dez minutos antes de aterrissar em Varginha, ao final de um cochilo de meia hora. Os olhos ainda vermelhos de quem acabou de acordar o fizeram pingar duas gotas de colírio. Serra foi recebido por seus correligionários Aécio Neves, Antonio Anastasia e Rodrigo de Castro - e, para o incômodo do candidato, pela imprensa. Serra prefere sentir o clima do local onde visita antes de dar entrevistas coletivas. Ele driblou os jornalistas e seguiu ao centro da cidade, cumprimentou eleitores, concedeu a coletiva e falou no carro de som.
Em seguida, partiu para Itajubá no helicóptero, com Aécio Neves. Questionado pelo paulista, o mineiro garantiu que está trabalhando para reverter os resultados em Minas Gerais. No Estado, o segundo maior colégio eleitoral do País, Dilma saiu de 41% na semana retrasada para 48% na passada, segundo o Datafolha. Serra caiu de 34% para 29%. Alguns tucanos comentam que as pesquisas qualitativas do partido mostram que o eleitor não sabe quem é o candidato à presidência de Aécio. O mineiro argumenta que mais de 40% tampouco sabem que Anastasia, em trajetória crescente nos levantamentos, é o candidato dele na eleição estadual.
Em Itajubá, Serra participou de uma carreata e fez mais um discurso, novamente em cima de um carro de som. Tudo breve. O helicóptero tinha que deixar a cidade antes do pôr do sol. O relógio já marcava 17h30. Enquanto caía a tarde atrás das montanhas mineiras - devidamente registradas pelo fotógrafo oficial do candidato - Serra comia meio sanduíche e uma banana para enganar a fome.
O candidato foi alertado de que concederia, no dia seguinte, uma entrevista ao Jornal da Globo, às 23h30. Seria uma boa notícia ao notívago, não fosse o fato de que seria gravada pouco antes do noticiário ir ao ar. Experimentado em situações eleitorais, Serra prefere dar entrevistas ao vivo para explorar a comparação com sua adversária Dilma Rousseff que, segundo integrantes do PSDB, pode escorregar mais facilmente se submetida à pressão do "ao vivo". Esta é a primeira eleição da petista.
Segundo membros da coordenação da campanha tucana, a gravação atende ao pedido feito pela candidatura adversária. A emissora se comprometeu a não editar o material.
O retorno a São Paulo lhe consumiu 50 minutos. Ele chegou à capital paulista e seguiu em direção a seu escritório, em Pinheiros, para a reunião marcada com Sérgio Guerra. O dia não acaba aí. Integrantes da equipe do candidato não conseguiam esconder o cansaço, mas o candidato ainda se mostrava animado.
Os resultados das últimas pesquisas, que apontaram o crescimento de sua adversária, parecem ter abalado mais os políticos que o rodeiam do que a ele próprio. Uns pedem a ele mais agressividade. Outros defendem que a campanha seja mantida como está. Serra já tem gravados mais trechos de programas de TV. Neles, o tucano faz críticas e destaca o contraditório em sua adversária. Tudo sem citá-la nominalmente porque, na estratégia previamente desenhada, a subida de tom nas propagandas deve ser gradual. De imediato, a única alteração prevista é a sua pronúncia paulistana da letra "R", que deve ser menos rascante nas próximas aparições do candidato na TV.
O candidato à presidência acabou sua maratona diária em reunião com o que chama de "grupo de estudos", o círculo de políticos mais próximos que discute com ele propostas e programa de governo. O documento elaborado a várias mãos e organizado por Francisco Graziano já está pronto e aguarda o lançamento. Mas parte da equipe prefere que os petistas exponham o programa de Dilma para, daí então, divulgarem o da coligação "O Brasil Pode Mais". Isto porque os tucanos acusam os adversários se apropriarem de suas propostas.
A 33 dias do pleito, a maratona do candidato terminou - como de costume - no Twitter, onde dialoga com os internautas noturnos, assim como ele. À 1h da manhã ele ainda estava em frente ao computador.


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