"Ausentes", Aécio e Richa gravam para programa de Serra na TV
As críticas à campanha presidencial de José Serra têm partido de todos os lados dentro do PSDB. Articuladores próximos ao tucano apontam para o isolamento dele dentro da agremiação como um dos fatores responsáveis pela recente queda nas pesquisas. No final de semana passada, o PSDB convocou lideranças para depor na propaganda eleitoral do candidato. Entre os convidados, o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves - que deve gravar sua participação em São Paulo, na quarta-feira (25) - o candidato ao governo de Goiás, Marconi Perillo, o candidato ao governo do Pára, Simão Jatene e o ex-prefeito de Curitiba e candidato ao governo paranaense, Beto Richa - que gravou depoimento neste domingo (22).
A ausência das lideranças acima tem chamado a atenção de dirigentes da campanha Serra, centrada apenas na figura do candidato. As reclamações mais frequentes dizem respeito à ausência dos líderes no contexto eleitoral presidencial. Por serem tucanos com projeção nacional e que estão bem nas pesquisas em seus Estados, esperava-se que viessem a público defender Serra e encabeçar os ataques à adversária petista Dilma Rousseff. Também tem sido questionada na campanha a participação do candidato a reeleição ao Senado pelo Ceará, Tasso Jereissati.
Aliados de Serra acusam os correligionários mais ausentes de individualistas e de falta de solidariedade política. Este era um dos motivos pelos quais Serra questionava se seria o candidato do partido à presidência da República, ou não.
Serra tem feito viagens-relâmpago a diversos estados e tem marcado presença em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo cerca de uma vez por semana. Diferente de sua principal adversária, a petista Dilma Rousseff, o candidato do PSDB raramente está acompanhado por líderes nacionais de seu partido.
Além da falta de material, os eventos escolhidos para sua participação também têm sido alvo de reclamações frequentes. O próprio presidenciável já manifestou seu desgosto com a falta de aparatos como bandeiras, santinhos e cartazes ao coordenador administrativo de sua campanha, José Henrique Reis Lobo.
Nem a área administrativa nem o marketing tucano aprovam aumentar as tiragens de materiais como esses. Além do orçamento apertado, avaliam que se apegar bandeiras e cartazes é traço de um modelo antigo de campanha, que já não existe mais. Defendem, como instrumentos de uma campanha moderna e eficaz, a que utiiza a televisão e na internet no papel de meios de mobilização. Ainda assim, os tucanos acabaram por dobrar a tiragem encomendada de materiais tradicionais.
A campanha na televisão de Serra tem sido atacada por membros do PSDB e dos partidos coligados. Figuras à margem do centro decisório fazem as afirmações publicamente, enquanto o alto tucanato esconde as críticas. Mas todos estão de acordo na acusação principal: a equipe de marketing de Serra não aceita opiniões dissonantes e faz uma campanha "paulista", que dialoga pouco com o resto do país.
O senador cearense Tasso Jereissati, desde o começo da corrida ao Planalto, discordou da escolha do marqueteiro paulista Luiz Gonzalez pelo candidato Serra. Fernando Henrique Cardoso também avalia que Serra precisaria de uma linguagem nova e diferente da empregada por Gonzalez, que fez todas as campanhas vitoriosas do ex-governador de São Paulo.
Na semana passada, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, encabeçou o coro de críticas à campanha dos aliados tucanos. O petebista fez uma série de avaliações negativas sobre a desagregação das lideranças da coligação "O Brasil Pode Mais". Os ataques ecoaram em Manaus (AM), onde o candidato à reeleição ao Senado Arthur Virgílio disse partilhar da mesma avaliação.
O núcleo de marketing da campanha é acusado de centralizador e de consultar pouco os membros do partido. Contudo, na semana passada, foi feita uma reunião em São Paulo entre González, Guerra e o senador Alvaro Dias (PR). No encontro, os três discutiram a aparição de Serra nos horários eleitorais pedindo votos para a legenda e a participação dele nas campanhas estaduais em rádio e TV.
Brasil a fora, muitos candidatos a deputados estaduais e federais, tanto do PSDB quanto dos demais partidos da coligação, sequer mencionaram Serra em seus horários eleitorais. Os tucanos enviarão inserções do presidenciável para que sejam acrescentadas às propagandas dos candidatos tucanos. Membros do partido criticam o coordenador nacional da campanha, senador Sérgio Guerra, e o marqueteiro pelo atraso em tomar tal medida.
Presidente do partido e candidato à Câmara, Guerra também é alvo de fogo amigo por ter usado imagens de de Geraldo Alckmin, mas não de Serra, em seu primeiro programa na TV. Embora tenha dito que a responsabilidade pelo erro foi da produtora que faz sua campanha, a atitude foi entendida como falta de confiança na vitória de Serra e necessidade de apontar uma perspectiva de poder a seus financiadores de campanha. Perspectiva esta que não estaria em Serra, mas em Alckmin, candidato ao governo de São Paulo e líder isolado em todas as pesquisas de intenção de voto.
Segundo um tucano experimentado em eleições proporcionais, colocar as inserções de Serra na propaganda dos candidatos do partido servirá como um termômetro para as demais siglas da coligação, incentivando assim que decidam por fazer o mesmo.
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