Dilma faz campanha ao lado de Skaf, algoz da CPMF
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No Brasil dos últimos tempos, a coerência política é uma velha maluca que faz tricô enredando-se nas linhas de suas próprias contradições.
Vem daí que, nesta segunda (23), depois de panfletar em porta de fábrica ao lado de Lula e Aloizio Mercadante, Dilma Rousseff foi ao encontro de Paulo Skaf.
Assim como Mercadante, Skaf é candidato ao governo de São Paulo. Mas Dilma não vê contradição no fato de fazer campanha para os dois:
"Nós temos candidatos muito preparados em São Paulo. E não vejo nenhum problema...”
“...Não concordo é em manter por mais quatro anos no governo um partido [PSDB] que está há 16 anos e não avançou muito na educação, por exemplo".
Tampouco Skaf parece incomodado com a dupla militância da neoaliada: "Ela mesma disse que apoia dois candidatos em São Paulo".
Recue-se, por oportuno, ao ano da graça de 2007. Tramitava no Senado a emenda constitucional que prorrogava a vigência da CPMF, o imposto do cheque.
Presidente da Fiesp, cargo do qual encontra-se licenciado, Skaf associara-se naquela época às tropas do DEM e do PSDB, contra os exércitos do governo Lula. Prevaleceu.
Hoje, não há comício de Dilma em que Lula não recorde o “golpe” da oposição. Repete à exaustão que a derrubada da CPMF tirou R$ 40 bilhões da saúde.
Mas Dilma não vê incongruência no apoio a Skaf, agora um ex-capitalista, recém-filiado ao PSB (Partido Socialista Brasileiro).
Skaf frequenta as pesquisas na condição de candidato nanico. No Datafolha, dispõe de irrisórios 2%. Interessa ao petê Mercadante, com 16%, que ele suba.
Por quê? O consórcio governista sua a camisa para impedir que o tucano Geraldo Alckmin, com 54%, feche a conta já na primeira rodada do pleito.
Assim, não há rusga que resista à conveniência da borracha quando o que está em jogo é o desejo de impor ao tucanato uma derrota em sua principal cidadela.
E a coerência, cada vez mais velha e mais maluca, segue o trançar de agulhas. Nunca antes na história desse país o suprimento de novelos foi tão abundante.
Escrito por Josias de Souza
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