No Ceará, prefeitos do PMDB pedem voto para Tasso
José Cruz/ABrUma aliança informal de prefeitos do PMDB com o grão-tucano Tasso Jereissati eletrifica a relação da legenda de Michel Temer com o PT do Ceará.
Na eleição cearense, PMDB e PT, sócios majoritários da aliança de Dilma Rousseff, compõem a coligação do PSB, partido do governador Cid Gomes.
Candidato à reeleição, Cid carrega em sua chapa dois postulantes ao Senado: Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT), hoje deputados federais.
O problema é que, às vésperas de viagem que Lula planeja fazer ao Ceará, prefeitos do PMDB roem a corda.
Recusam-se a arregaçar as mangas pelo petê Pimentel. Pedem votos para o pemedebê Eunício e para o tucano Tasso, que tenta renovar o mandato.
Antes um tema subterrâneo, o dar de ombros do PMDB-CE agora é exposto em manchete.
Por ora, três prefeitos pemedebês frequentam o noticiário como operadores da dobradinha informal “EuniTasso”.
São eles: Agenor Neto, do município de Iguatu; Valterno Nogueira, de Solonópole; e José Hélder de Carvalho, de Várzea Alegre.
No último domingo (21), Michel Temer, presidente do PMDB federal e candidato a vice na chapa de Dilma, esteve na Iguatu do insurreto Agenor Neto.
Num ato público de campanha, Temer testemunhou a encrenca. A seu lado, o pemedebê Agenor pediu votos para Eunício e Tasso. Nem sinal de Pimentel.
A aliança cearense PSB-PMDB-PT veio à luz na última hora, a fórceps. Irmão de Ciro Gomes, velho amigo de Tasso, Cid urdira um acerto com o tucano.
Lançaria em sua chapa apenas um candidato ao Senado: Eunício. Para a segunda vaga de senador, faria, informalmente, campanha para Tasso.
O PT subiu nas tamancas. Ameaçou dar as costas para a Cid, negondo-lhe o tempo de TV da legenda.
Puxa daqui, estica dali, os irmãos Gomes viram-se compelidos a ceder. Iniciada a campanha, Tasso foi ao topo das pesquisas de opinião.
Com índices que superam os 60%, o tucano é visto como favorito ao Senado. Abaixo dele, medem forças os pseudoaliados Eunício e Pimentel.
Em meio ao lufa-lufa, a harmonia entre PMDB e PT, alardeada na cena nacional, foi ao beleléu no Ceará.
Os prefeitos pró-Tasso recusam a pecha de infiéis. O de Várzea Alegre, José Hélder, declara:
''Tenho um respeito grande pelo PT, mas a opção pelo Tasso é uma forma de reconhecimento pelo que ele fez ao Estado”.
O de Solonópole, Valterno, realça: contando-se os postulamntes a todas as vagas –de governador a deputado estadual— “estamos votando para seis candidatos”.
“Até agora, não me sinto infiel”, diz ele. “É difícil você ter líderes políticos votando em todo mundo do mesmo partido ou coligação”.
Há no mapa do Ceará 184 municípios. Pelas contas do tucanato, cerca de 160 prefeitos estão fechados com Tasso. Gente de vários partidos, inclusive do PT.
Apontado como adepto da combinação “PimenTasso”, o prefeito petista da cidade de Aracaú, Pedro Fonteles dos Santos, diz coisas assim:
“O povo tá livre. Eu não vou mentir. No Acaraú, o povo tem uma simpatia muito grande pelo Tasso”.
Empenhado em prover um Senado dócil para Dilma, Lula joga o seu prestígio contra senadores que lhe fizeram oposição. Tasso é um deles.
Escrito por Josias de Souza
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