A ameaça que vem das ditas “democracias plebiscitárias”
Por Wilson Tosta, no Estadão:
No painel O futuro da democracia e o jornalismo, na abertura do 8.º Congresso Brasileiro de Jornais, o sociólogo e colunista do Estado Demétrio Magnoli disse ontem que a imprensa não se deu conta de que virou pauta em razão do momento político da América Latina. Segundo ele, a emergência de “democracias plebiscitárias” na região cria a teoria de que a imprensa não é um mediador, mas um partido político, um jogador da política.
No painel O futuro da democracia e o jornalismo, na abertura do 8.º Congresso Brasileiro de Jornais, o sociólogo e colunista do Estado Demétrio Magnoli disse ontem que a imprensa não se deu conta de que virou pauta em razão do momento político da América Latina. Segundo ele, a emergência de “democracias plebiscitárias” na região cria a teoria de que a imprensa não é um mediador, mas um partido político, um jogador da política.
Essa concepção, segundo ele, é a base de projetos de jornalismo estatal feito por empresas que não são de comunicação e estão se associando ao Estado - como as teles brasileiras - para dizer o que o Estado quer que seja dito.
“O projeto da tirania plebiscitária exige a eliminação do mediador, que é, no fundo, a eliminação da opinião pública”, afirmou. Isso significa, segundo ele, “eliminar a imprensa e fazer com que o Estado converse diretamente com os cidadãos”.
Magnoli citou como exemplo o Blog da Petrobrás. “Não tenho nada contra nenhuma empresa ter o blog da sua empresa. O problema é a teoria de que estava na hora de o Estado fazer a notícia, a empresa vai dizer a verdade diretamente, passando por cima dessa gente que quer manipular a verdade e não quer deixar o povo ouvir a voz do Estado.”
Segundo Magnoli, o projeto gerado pela teoria da imprensa como partido tem “como epítome a Telesur, da Venezuela”, e, no Brasil, o canal estatal TV Brasil. Ele explica que a ideia, nesses casos, é criar uma imprensa alternativa feita basicamente por empresas de telecomunicações “que se associam politicamente ao Estado para produzir notícias” e para “dizer aquilo que o Estado quer que seja dito”.
O diretor de Redação do jornal Folha de S. Paulo, Otavio Frias Filho, manifestou preocupação com a ação de presidentes plebiscitários sul-americanos, como Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador). Segundo ele, o principal perigo que ronda as democracias é o da ditadura da maioria. Para ele, exercer jornalismo crítico é mais difícil quando se está sob um governo popular, com maior capacidade de intimidar. “Não vejo uma reação muito diferente entre o general Figueiredo, na época em que era presidente, e o presidente Lula hoje, no que diz respeito à insatisfação cada vez que são objeto de algum tipo de crítica.”
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