Temer tenta explicar frase sobre ‘partilha do governo’
José Cruz/ABr
O repórter político é cotidianamente submetido a dois tipos de frases: as oficiais e as que são ouvidas sem querer. As segundas são mais valiosas que as primeiras.
O repórter político é cotidianamente submetido a dois tipos de frases: as oficiais e as que são ouvidas sem querer. As segundas são mais valiosas que as primeiras.
Ao erguer um brinde em almoço oferecido a Dilma Rousseff, o vice Michel Temer disse a um grupo de 38 senadores:
"A campanha nos Estados está com vocês. Estamos partilhando o pão. E queremos partilhar o próximo governo".
Feita a portas fechadas, a declaração foi ouvida, do lado de fora, pelos repórteres mobilizados para acompanhar o repasto.
Traído pela acústica do ambiente, Temer tenta agora se explicar: "Eu sou um vice muito discreto. Fiz essa brincadeira lá".
Ele diz que a partilha de cargos num eventual governo Dilma não depende dele:
"Vai depender muito da Presidência da República, que vai dizer quais são os espaços eventualmente distribuíveis e não distribuíveis. Quem vai comandar é ela".
A explicação de Temer, por oficial, vale menos que a frase da véspera, ouvida sem querer.
Em caso de vitória, a partilha será regida pela chantagem dos aliados no Congresso, não pela vontade da Presidência.
Escrito por Josias de Souza
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