Lula diz que faltou ‘gentileza’ a Bonner em entrevista
Em agenda casada, Lula ‘Cabo Eleitoral’ da Silva e Dilma ‘Lulodependeente’ Rousseff foram a Minas Gerais.
Apartados durante o dia, reuniram-se na noite passada, em comício realizado numa praça de Belo Horizonte.
Discursaram para platéia estimada em 10 mil militantes. Ao levar os lábios ao microfone, Lula dirigiu-se à pupila. Entregou-lhe uma rosa vermelha.
Uma homenagem, ele explicou, pela calma que Dilma exibira na entrevista concedida na véspera ao “Jornal Nacional”.
Sem mencionar-lhe o nome, Lula queixou-se do editor e apresentador do telejornal da Globo, Willian Bonner.
"Esperava que o entrevistador tivesse um pouco mais de gentileza, pelo fato de você ser mulher e de ser candidata". Dirigiu a Dilma um conselho:
"Não perca as estribeiras nunca, não perca a calma. [...] Tem muita gente com medo de que uma mulher faça o que muito homem não foi capaz de fazer".
Pôs-se, em seguida, a vociferar contra o tucanato. Caprichou nas críticas ao presidenciável José Serra e ao candidato ao Senado Aécio Neves.
Recordou que, à época em que governavam São Paulo e Minas, diziam ser contrários à derrubada da CPMF. Contou que ambos lhe telefonaram.
Disse ter aconselhado à dupla que agisse junto à bancada oposicionista no Senado. Mas, na hora da votação, "todo mundo votou contra".
E o dinheiro que iria para a Saúde –R$ 40 bilhões— virou fumaça. Esquivou-se de recordar que o tributo não teria descido à cova não fosse pelos votos da dissidência governista.
Preferiu pular esse pedaço da crônica. Foi à página seguinte, ainda em construção: Conclamou a audiência a negar votos aos oposicionistas que concorrem ao Senado.
O discurso de Lula destoou da tática de seus aliados mineiros, que evitam se contrapor a Aécio Neves, dono de alta popularidade no Estado.
Dilma discursou nas pegadas do patrono. Para recordar sua condição de mineira, como que brandiu, metaforicamente, a certidão de nascimento.
"Tive que sair de Minas, mas Minas não saiu de mim, da minha forma de fazer política e do meu coração...”
“...Carreguei o espírito do mineiro e da mineira, que sempre têm que dar a volta por cima".
Decidida a atenuar o passado guerriheiro que orna sua biografia, a candidata comparou-se a dois mineiros que costumavam utilizar como arma apenas a lábia.
Dilma postou-se ao lado de Juscelino Kubitschek e, para desassossego do neto Aécio, de Tancredo Neves.
Realçou o espírito “desenvolvimentista” de Juscelino. Chamou Tancredo de “modelo de democrata”.
Quanto a si mesma, disse cultivar valores que soaram dicotômicos: "Guerreiros, mas pacíficos".
Na passagem por Minas, Lula e Dilma revelaram-se afinados mesmo quando separados por 140 km de asfalto.
Durante o dia, ainda disfarçado de presidente, Lula estivera em Divinópolis. Inaugurara dois campi universitários. E entregara as chaves de 102 casas populares.
Enaltecera o programa Minha Casa, Minha Vida, uma das principais peças da vitrine eleitoral da candidata.
Em Belo Horizonte, em meio a caminhadas e compromissos políticos, Dilma entoava o mesmo cântico da moradia. Prometia contratar 2 milhões de novas casas caso seja eleita.
Uma eleição que, à noite, já uniformizado de cabo eleitoral, Lula deu como favas contadas: "Eles ficavam falando: onde o Lula foi arrumar essa mulher...”
“...De onde ele tirou essa candidata? Agora eles sabem que essa mulher é a futura presidente do Brasil".
Escrito por Josias de Souza
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