"República sindicalista" ou "Cosa Nostra"?
Paulo Renato Souza
A ascensão de uma nova casta de sindicalistas a postos estratégicos introduziu na máquina estatal o que há de mais nefasto no velho sindicalismo, caracterizado pelo “peleguismo”: seus métodos escusos - entre eles a pura e simples chantagem, com vistas à ampliação de seus espaços. Até agora, a arte de produzir dossiês por petistas só vinha sendo utilizada contra adversários. Mas, segundo a Folha de São Paulo, um grupo de bancários aninhados no poder e historicamente vinculados a um ex-presidente do PT, inovou ao montar um dossiê apócrifo para atingir o ministro da Fazenda, com acusações de “tráfico de influência” praticado por sua filha.
Está descartada a hipótese de que a “República dos sindicalistas” tenha agido por amor à pátria ou por seus altos valores morais. O apelo a métodos próprios da “Cosa Nostra” se deu por motivos bem mais comezinhos: o comando do Fundo de Pensão do Banco do Brasil (Previ) um colosso de 150 bilhões de reais e um dos irrigadores financeiros do capitalismo burocrático que Lula vem implementando. Até recentemente o comando do Previ estava nas mãos de um grupo de bancários paulistas, berço político e reduto eleitoral do ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini. O Previ não é uma exceção. Sindicalistas petistas também ocuparam, ou ocupam, cargos de comando em outros fundos de pensão estratégicos.
Segundo a denúncia da Folha, ao sentir que a presidência do Previ sairia de suas mãos, pois o ministro pretendia indicar um nome que não pertencia ao grupo, a turma dos bancários partiu para a ofensiva, divulgando uma carta anônima, na qual apontou atuações heterodoxas de uma das filhas do ministro da Fazenda. Não é a primeira vez que sindicalistas e bancários participantes do governo Lula se veem envolvidos na produção de dossiês.
Se mergulharmos no tempo, vamos verificar que, em 2006, a Polícia Federal apreendeu R$ 1.7 milhão nas mãos de petistas suspeitos de montar um falso dossiê contra José Serra, então candidato ao governador de São Paulo. Entre os acusados – chamados de “aloprados” pelo Presidente - estavam um antigo companheiro de Lula na diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e um petista que ocupava posto de direção no Banco do Brasil. Como se observa, o gangsterismo vem de longe.
O inusitado do mais recente “dossiê” é que ele se destina a produzir o chamado “fogo amigo”. Mesmo assim, a cúpula do PT reage à moda antiga, minimizando o caso ou tratando-o como café requentado. Para a candidata Dilma, se é uma carta anônima, não tem problema, pois não se pode chamá-la de dossiê. Segundo o presidente do PT, Eduardo Dutra, esse é um “assunto velho”. Tudo é jogado para debaixo do tapete e não há, sequer, uma defesa veemente do ministro da Fazenda. Pasmem, quem o defendeu como um homem honesto foi o candidato José Serra!
A “República dos sindicalistas” tem prestado relevantes serviços ao presidente Lula, em retribuição à sua generosidade, que propiciou aos sindicalistas o acesso ao paraíso: o comando de fundos de pensões. Isto explica em grande medida o jogo sujo das cinco centrais que fizeram um manifesto com calúnias contra José Serra. Sordidamente, as centrais alardearam que o tucano, se eleito, acabaria com o 13º salário, as férias e outros direitos trabalhistas.
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O lulo-petismo vibrou quando as centrais trouxeram para a disputa presidencial métodos típicos do submundo do crime, assim como tem feito vistas grossas ao gangsterismo utilizados pelas centrais, para definir quem terá um maior número de sindicatos filiados e, assim, ter maior participação no butim do imposto sindical. Nesta disputa, muitas vezes a burocracia sindical chega às vias de fato e parte para a violência. Até aí, tudo bem para os petistas. O problema é que o dossiê contra o ministro Guido Mantega trouxe um novo ingrediente.
Para o lulo-petismo, passou a existir o perigo de a “República dos sindicalistas” fugir do controle e utilizar contra membros do governo as mesmas armas com as quais o neo peleguismo denigre e calunia a oposição. Ou seja, nem mesmo os petistas estão livres de serem vítimas de práticas criminosas que se assemelham em muito ao que fazia o sindicalismo de Chicago nos anos trinta, ou o de Nova York no final do século dezenove.
Para a democracia, isto é o um grande risco. É como alertou Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, “se eles fazem contra eles, imaginem o que podem fazer contra nós.” Realmente, estamos diante do imponderável. Damos razão à nota do PPS, segundo a qual “ os métodos próprios da Cosa Nostra do governo constituem algo de estarrecer.”
Está descartada a hipótese de que a “República dos sindicalistas” tenha agido por amor à pátria ou por seus altos valores morais. O apelo a métodos próprios da “Cosa Nostra” se deu por motivos bem mais comezinhos: o comando do Fundo de Pensão do Banco do Brasil (Previ) um colosso de 150 bilhões de reais e um dos irrigadores financeiros do capitalismo burocrático que Lula vem implementando. Até recentemente o comando do Previ estava nas mãos de um grupo de bancários paulistas, berço político e reduto eleitoral do ex-presidente do PT, Ricardo Berzoini. O Previ não é uma exceção. Sindicalistas petistas também ocuparam, ou ocupam, cargos de comando em outros fundos de pensão estratégicos.
Segundo a denúncia da Folha, ao sentir que a presidência do Previ sairia de suas mãos, pois o ministro pretendia indicar um nome que não pertencia ao grupo, a turma dos bancários partiu para a ofensiva, divulgando uma carta anônima, na qual apontou atuações heterodoxas de uma das filhas do ministro da Fazenda. Não é a primeira vez que sindicalistas e bancários participantes do governo Lula se veem envolvidos na produção de dossiês.
Se mergulharmos no tempo, vamos verificar que, em 2006, a Polícia Federal apreendeu R$ 1.7 milhão nas mãos de petistas suspeitos de montar um falso dossiê contra José Serra, então candidato ao governador de São Paulo. Entre os acusados – chamados de “aloprados” pelo Presidente - estavam um antigo companheiro de Lula na diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e um petista que ocupava posto de direção no Banco do Brasil. Como se observa, o gangsterismo vem de longe.
O inusitado do mais recente “dossiê” é que ele se destina a produzir o chamado “fogo amigo”. Mesmo assim, a cúpula do PT reage à moda antiga, minimizando o caso ou tratando-o como café requentado. Para a candidata Dilma, se é uma carta anônima, não tem problema, pois não se pode chamá-la de dossiê. Segundo o presidente do PT, Eduardo Dutra, esse é um “assunto velho”. Tudo é jogado para debaixo do tapete e não há, sequer, uma defesa veemente do ministro da Fazenda. Pasmem, quem o defendeu como um homem honesto foi o candidato José Serra!
A “República dos sindicalistas” tem prestado relevantes serviços ao presidente Lula, em retribuição à sua generosidade, que propiciou aos sindicalistas o acesso ao paraíso: o comando de fundos de pensões. Isto explica em grande medida o jogo sujo das cinco centrais que fizeram um manifesto com calúnias contra José Serra. Sordidamente, as centrais alardearam que o tucano, se eleito, acabaria com o 13º salário, as férias e outros direitos trabalhistas.
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O lulo-petismo vibrou quando as centrais trouxeram para a disputa presidencial métodos típicos do submundo do crime, assim como tem feito vistas grossas ao gangsterismo utilizados pelas centrais, para definir quem terá um maior número de sindicatos filiados e, assim, ter maior participação no butim do imposto sindical. Nesta disputa, muitas vezes a burocracia sindical chega às vias de fato e parte para a violência. Até aí, tudo bem para os petistas. O problema é que o dossiê contra o ministro Guido Mantega trouxe um novo ingrediente.
Para o lulo-petismo, passou a existir o perigo de a “República dos sindicalistas” fugir do controle e utilizar contra membros do governo as mesmas armas com as quais o neo peleguismo denigre e calunia a oposição. Ou seja, nem mesmo os petistas estão livres de serem vítimas de práticas criminosas que se assemelham em muito ao que fazia o sindicalismo de Chicago nos anos trinta, ou o de Nova York no final do século dezenove.
Para a democracia, isto é o um grande risco. É como alertou Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, “se eles fazem contra eles, imaginem o que podem fazer contra nós.” Realmente, estamos diante do imponderável. Damos razão à nota do PPS, segundo a qual “ os métodos próprios da Cosa Nostra do governo constituem algo de estarrecer.”
Paulo Renato é Deputado Federal licenciado (PSDB-SP) e Secretário da Educação do Estado de São Paulo. Foi Ministro da Educação no governo de Fernando Henrique, quando criou o ENEM, o Provão, o Fundef e o Bolsa-Escola.
Defende a prioridade para o ensino básico, o crescimento econômico, a geração de empregos e a democracia.
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