ENTREVISTA
“Imparcialidade ativa não é uma posição em cima do muro”
José Fogaça, Candidato do PMDB ao governo do Estado
Distribuindo elogios tanto a José Serra (PSDB) quanto a Dilma Rousseff (PT), o candidato José Fogaça defende a adoção de uma “imparcialidade consciente” do PMDB durante a campanha ao Piratini.
Na véspera de anunciar as diretrizes de seu plano de governo – em ato marcado para as 10h de hoje –, Fogaça foi entrevistado por ZH, a exemplo do que já ocorrera com a candidata Yeda Crusius (PSDB).
Nesta entrevista, concedida ontem na casa alugada em que funciona seu comitê, no bairro Bela Vista, Fogaça antecipa o que pretende divulgar hoje e diz que a gestão da Capital será seu modelo de administração para o RS. O ex-prefeito, de 63 anos, admite dificuldade em superar divergências no partido para definir um palanque nacional de consenso, mas nega omissão.
– Imparcialidade ativa não é uma posição em cima do muro. É uma posição altamente proativa, efetiva, em favor da nossa eleição aqui no Rio Grande do Sul. Uma posição extremamente corajosa inclusive – sustenta.
Confira a síntese:
Zero Hora – Qual será o diferencial de seu plano de governo?
José Fogaça – O nosso plano está baseado em três linhas. Primeiro, a questão da sustentabilidade das contas públicas: manter capacidade de investimento por mais de quatro anos. Segundo, recomposição do setor público: investir na melhoria e na qualidade de serviços, desde a educação até a segurança. E, em terceiro lugar, mas não em último, é a estratégia centrada no desenvolvimento regional. Há regiões que são mais ativas e outras que precisam de mais investimentos para corrigir desigualdades.
ZH – Qual será a marca da sua campanha?
Fogaça – Temos uma aliança inédita. O primeiro elemento novo e importante é a força agregadora dessa coligação, isto é, a base política sólida para um projeto de mudanças. O Rio Grande do Sul precisa dar um grande passo adiante e fazer mudanças.
ZH – Qual seria a principal mudança de que o Estado precisa?
Fogaça – A base política sólida e consistente, unificadora e pacificadora, amplamente relacional do ponto de vista da realidade política do Estado e do país.
ZH – Como é ter um candidato a vice com personalidade bem diferente da sua?
Fogaça – É muito interessante e prazeroso conviver com Pompeo de Mattos (PDT), uma pessoa com características especiais. Mas a melhor característica é a sociabilidade positiva. Por ser politicamente construtivo, agregador, ele tem capacidade muito grande de articulação e mobilização.
ZH – O senhor encontra alguma dificuldade para acompanhar o ritmo de Pompeo?
Fogaça – Nenhuma. Pelo contrário, é adequado e ajustado ao meu padrão de comportamento e compatível com a minha visão de política.
ZH – Com o apoio oficial do PMDB à candidatura de Dilma, o senhor subirá no palanque dela?
Fogaça – Pretendo fazer aquilo que o partido no Estado determinar.
ZH – Qual a sua posição?
Fogaça – De seguir a linha adotada pelo partido no Estado. Temos posições divergentes dentro do PMDB.
ZH – Na sua avaliação, quem é mais preparado, Serra ou Dilma?
Fogaça – Diante de um quadro de muitas divergências e da necessidade de construção de uma unidade ativa e vencedora, isso pode levar a uma atitude de imparcialidade consciente. Imparcialidade não é neutralidade, imparcialidade não é omissão. Imparcialidade é uma conduta proativa em relação a nossa necessidade de vencer a eleição no Rio Grande do Sul.
ZH – E quem é mais preparado, Serra ou Dilma?
Fogaça – Os dois são muitos preparados. Tenho uma longa amizade pessoal com Serra, conheço perfeitamente sua prática política, a sua orientação. Ao mesmo tempo, eu devo dizer que o relacionamento com a ministra Dilma enquanto fui prefeito foi extremamente construtivo. Ela sempre manteve portas abertas e sempre procurou agir no sentido de ser parceira de Porto Alegre. Logo, uma relação com ela é positiva. Independentemente de qualquer coisa, um governador tem que estar disposto a uma ampla e consequente relação federativa.
ZH – Yeda Crusius subirá no palanque de Serra e Tarso Genro no de Dilma. Não seria estranho o senhor ficar sem palanque?
Fogaça – Eu lido com a realidade. Esses fatos não foram gerados por mim. Temos um partido no Rio Grande do Sul com 300 mil filiados, organizados em todos municípios. É essa entidade coletiva que tem de expressar o candidato.
ZH – O PMDB pretende ficar em cima do muro?
Fogaça – Considero que uma imparcialidade ativa não é uma posição em cima do muro. É uma posição altamente proativa, efetiva, em favor da nossa eleição aqui no Rio Grande do Sul. Uma posição extremamente corajosa, inclusive.
ZH – Na última campanha, costumavam lhe atacar dizendo que o senhor tinha um ritmo lento na prefeitura.
Fogaça – Isso não surgiu durante a campanha, me desculpe, não me lembro de ter esse debate. Apareceu em uma página no jornal, coisa de crítica. Mas para qualquer questão haverá resposta. Agora, há questões em que a resposta é o trabalho, o nosso resultado são as centenas e centenas de obras que foram realizadas na cidade.
ZH – Há alguma obra que possa ser replicada para o RS?
Fogaça – Só o fato de termos reorganizado do ponto de vista financeiro, isso permitiu acontecer tudo o que está acontecendo, até mesmo viabilizar ações do governo federal. Todas as obras da Copa são financiadas com recursos de Porto Alegre. Essa é uma das marcas. Os portais da cidade são a obra mais revolucionária e eficiente em termos de transporte público em toda a história da cidade, depois dos corredores.
ZH – O senhor se preocupa com a investigação envolvendo o Instituto Sollus (referente a desvio de dinheiro na Saúde)?
Fogaça – Isso não me preocupa, mas é importante dizer que todas as decisões foram tomadas no âmbito da Secretaria da Saúde, com o parecer da Procuradoria do Município. A secretaria agiu quando percebeu irregularidades. Por outro lado, incluir o prefeito (na investigação) só porque é prefeito não deixa de extrapolar o razoável.
ZH – Mas o senhor tinha conhecimento?
Fogaça – Quando tomei conhecimento, tomamos todos os procedimentos. Fomos vítimas de uma situação, não causadores.
leticia.duarte@zerohora.com.br
LETÍCIA DUARTENa véspera de anunciar as diretrizes de seu plano de governo – em ato marcado para as 10h de hoje –, Fogaça foi entrevistado por ZH, a exemplo do que já ocorrera com a candidata Yeda Crusius (PSDB).
Nesta entrevista, concedida ontem na casa alugada em que funciona seu comitê, no bairro Bela Vista, Fogaça antecipa o que pretende divulgar hoje e diz que a gestão da Capital será seu modelo de administração para o RS. O ex-prefeito, de 63 anos, admite dificuldade em superar divergências no partido para definir um palanque nacional de consenso, mas nega omissão.
– Imparcialidade ativa não é uma posição em cima do muro. É uma posição altamente proativa, efetiva, em favor da nossa eleição aqui no Rio Grande do Sul. Uma posição extremamente corajosa inclusive – sustenta.
Confira a síntese:
Zero Hora – Qual será o diferencial de seu plano de governo?
José Fogaça – O nosso plano está baseado em três linhas. Primeiro, a questão da sustentabilidade das contas públicas: manter capacidade de investimento por mais de quatro anos. Segundo, recomposição do setor público: investir na melhoria e na qualidade de serviços, desde a educação até a segurança. E, em terceiro lugar, mas não em último, é a estratégia centrada no desenvolvimento regional. Há regiões que são mais ativas e outras que precisam de mais investimentos para corrigir desigualdades.
ZH – Qual será a marca da sua campanha?
Fogaça – Temos uma aliança inédita. O primeiro elemento novo e importante é a força agregadora dessa coligação, isto é, a base política sólida para um projeto de mudanças. O Rio Grande do Sul precisa dar um grande passo adiante e fazer mudanças.
ZH – Qual seria a principal mudança de que o Estado precisa?
Fogaça – A base política sólida e consistente, unificadora e pacificadora, amplamente relacional do ponto de vista da realidade política do Estado e do país.
ZH – Como é ter um candidato a vice com personalidade bem diferente da sua?
Fogaça – É muito interessante e prazeroso conviver com Pompeo de Mattos (PDT), uma pessoa com características especiais. Mas a melhor característica é a sociabilidade positiva. Por ser politicamente construtivo, agregador, ele tem capacidade muito grande de articulação e mobilização.
ZH – O senhor encontra alguma dificuldade para acompanhar o ritmo de Pompeo?
Fogaça – Nenhuma. Pelo contrário, é adequado e ajustado ao meu padrão de comportamento e compatível com a minha visão de política.
ZH – Com o apoio oficial do PMDB à candidatura de Dilma, o senhor subirá no palanque dela?
Fogaça – Pretendo fazer aquilo que o partido no Estado determinar.
ZH – Qual a sua posição?
Fogaça – De seguir a linha adotada pelo partido no Estado. Temos posições divergentes dentro do PMDB.
ZH – Na sua avaliação, quem é mais preparado, Serra ou Dilma?
Fogaça – Diante de um quadro de muitas divergências e da necessidade de construção de uma unidade ativa e vencedora, isso pode levar a uma atitude de imparcialidade consciente. Imparcialidade não é neutralidade, imparcialidade não é omissão. Imparcialidade é uma conduta proativa em relação a nossa necessidade de vencer a eleição no Rio Grande do Sul.
ZH – E quem é mais preparado, Serra ou Dilma?
Fogaça – Os dois são muitos preparados. Tenho uma longa amizade pessoal com Serra, conheço perfeitamente sua prática política, a sua orientação. Ao mesmo tempo, eu devo dizer que o relacionamento com a ministra Dilma enquanto fui prefeito foi extremamente construtivo. Ela sempre manteve portas abertas e sempre procurou agir no sentido de ser parceira de Porto Alegre. Logo, uma relação com ela é positiva. Independentemente de qualquer coisa, um governador tem que estar disposto a uma ampla e consequente relação federativa.
ZH – Yeda Crusius subirá no palanque de Serra e Tarso Genro no de Dilma. Não seria estranho o senhor ficar sem palanque?
Fogaça – Eu lido com a realidade. Esses fatos não foram gerados por mim. Temos um partido no Rio Grande do Sul com 300 mil filiados, organizados em todos municípios. É essa entidade coletiva que tem de expressar o candidato.
ZH – O PMDB pretende ficar em cima do muro?
Fogaça – Considero que uma imparcialidade ativa não é uma posição em cima do muro. É uma posição altamente proativa, efetiva, em favor da nossa eleição aqui no Rio Grande do Sul. Uma posição extremamente corajosa, inclusive.
ZH – Na última campanha, costumavam lhe atacar dizendo que o senhor tinha um ritmo lento na prefeitura.
Fogaça – Isso não surgiu durante a campanha, me desculpe, não me lembro de ter esse debate. Apareceu em uma página no jornal, coisa de crítica. Mas para qualquer questão haverá resposta. Agora, há questões em que a resposta é o trabalho, o nosso resultado são as centenas e centenas de obras que foram realizadas na cidade.
ZH – Há alguma obra que possa ser replicada para o RS?
Fogaça – Só o fato de termos reorganizado do ponto de vista financeiro, isso permitiu acontecer tudo o que está acontecendo, até mesmo viabilizar ações do governo federal. Todas as obras da Copa são financiadas com recursos de Porto Alegre. Essa é uma das marcas. Os portais da cidade são a obra mais revolucionária e eficiente em termos de transporte público em toda a história da cidade, depois dos corredores.
ZH – O senhor se preocupa com a investigação envolvendo o Instituto Sollus (referente a desvio de dinheiro na Saúde)?
Fogaça – Isso não me preocupa, mas é importante dizer que todas as decisões foram tomadas no âmbito da Secretaria da Saúde, com o parecer da Procuradoria do Município. A secretaria agiu quando percebeu irregularidades. Por outro lado, incluir o prefeito (na investigação) só porque é prefeito não deixa de extrapolar o razoável.
ZH – Mas o senhor tinha conhecimento?
Fogaça – Quando tomei conhecimento, tomamos todos os procedimentos. Fomos vítimas de uma situação, não causadores.
leticia.duarte@zerohora.com.br
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