Serra eleva tom em evento do PPS e critica "patrimonialismo" do PT
Pré-candidato tucano também atacou a política de desenvolvimento de Lula
BRENO COSTADA REPORTAGEM LOCAL
Diante de uma plateia composta por integrantes do Diretório Nacional do PPS, um dos partidos de sua coligação, o pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, elevou o tom das críticas ao governo Lula, em comparação com o que tem adotado em entrevistas e discursos a outros públicos.
As críticas miraram da política de desenvolvimento econômico à ética do PT. Entre elas, a de que houve, sob o governo Lula, um "tremendo aprofundamento das práticas de patrimonialismo" e que este é o "momento mais patrimonialista da nossa história", em referência ao loteamento de cargos na administração pública federal, que ele diz ser opositor.
"Acho que mesmo comparando com a República Velha, que bem ou mal era um sistema oligárquico, eu não sei se tinha um patrimonialismo selvagem como tem hoje", disse Serra.
Sobraram críticas ao PT e a um suposto desencanto gerado na sociedade por práticas de corrupção no governo.
""Se aquele que era o guardião da moral, da ética, do antipatrimonialismo toma outro rumo, o rumo oposto, para muita gente Deus morreu", afirmou o ex-governador.
A política econômica também foi alvo de críticas de Serra. Segundo ele, o Brasil adota uma política de desenvolvimento atrasada, voltada exclusivamente para o setor agrícola, para exportação.
"Nós estamos voltando rapidamente a um modelo que não atende à demanda de emprego que o país possui. Nós precisamos de uma economia que desenvolva não apenas o setor primário", disse ele.
Ao falar de "investimentos que não saem do papel", Serra usou o exemplo da ferrovia Transnordestina, obra do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) que está atrasada, para citar o que ele apelidou ironicamente de "The New Brazilian Way of Privatization" (o novo modelo brasileiro de privatização): o governo financia a construção de um empreendimento, mas o controle é da iniciativa privada.
O evento, realizado ontem à noite em São Paulo, serviu, oficialmente, para o PPS entregar propostas a serem incorporadas ao programa de governo do PSDB, em elaboração.
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