Lula no Rio: a ‘imbecilidades’, ‘mentirada’ e ‘babacas’
Como em toda “tribo”, há na política o culto e o cabotino. O primeiro sabe o que o estudo lhe permitiu saber. O segundo sabe muito mais. Que o diga Lula.
Nesta segunda (31), o presidente pousou no Rio. Como de hábito, falou pelos cotovelos. Em cada sílaba, uma lição. Em cada palavra, uma admoestação.
Falou de “mobilidade urbana” num fórum promovido por uma empresa que conspira a favor dos congestionamentos, a fabricante de pneus Michelin.
A certa altura, pôs-se a discorrer sobre os acertos de seu governo e os equívocos do mundo à sua volta.
Disse que, a despeito da “imbecilidade” de certos economistas, provou que o país pode crescer a taxas vigorosas:
"Nós aprendemos a gostar da estabilidade, ...do controle da inflação, ...da distribuição de renda...”
“...Acabamos com o PIB potencial, que era uma imbecilidade de alguns economistas, que achavam que o país não podia crescer mais de 3%...”
“...Aprendemos que é gostoso crescer 4%, 5%, 6%. Não queremos crescer demais porque não queremos ser sanfona, vai a 10% e volta...”
“...Queremos crescimento sustentável que dure 10, 15 anos".
Declarou que, se os países ricos estão desnorteados com a crise, deveriam desembarcar no Brasil, para tomar lições:
"Se o mundo desenvolvido tem dúvida sobre o que fazer..., vivia nos dando lição de moral...”
“...Devia agora, com humildade, vir aprender a fazer política econômica, ... acombinar controle de inflação com distribuição de renda".
Afirmou que o país se livrou de um lero-lero encontradiço na era militar: a tese de que era preciso, primeiro, esperar o bolo crescer para, só depois, dividir.
“Sempre aparecia um engraçadinho para comer o bolo antes, e para o pobre só sobrava migalha".
Tratou de trazer à conversa o nome de José Serra, o rival tucano de sua pupila Dilma Rousseff.
Recordou a ordem que deu ao Banco do Brasil para que comprasse a Nossa Caixa, instituição que, sob Serra, o governo paulista decidiu vender.
“Disseram que o BB não deveria comprar a Nossa Caixa para não dar dinheiro para o Serra, eu respondi: Eu não estou preocupado, o BB tem que ser o maior".
Fez pouco do poder de influência da mídia: “O povo brasileiro ficou mais sério, tá mais esperto, tá mais inteligente...”
“...Não acredita na mentirada que ele ouve e que ele vê todo santo dia. Teve um tempo que se criou no Brasil o tal de formador de opinião publica...”
“...Ele cantava na televisão e o pobre, lá embaixo, fazia. Agora não. Agora o pobre pensa pela sua cabeça...”
Agora o pobre “...anda pelos seus pés, enxerga com os seus olhos e vê claramente o que está acontecendo neste país”.
Além de prestigiar o encontro da “mobilidade”, Lula foi à inauguração de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento de Saúde).
Para fugir à imobilidade do trânsito carioca, o presidente moveu-se de helicóptero. Saboreou a vista, como informaria depois, em mais umdiscurso.
"Hoje, quando eu voei de helicóptero, nós passamos ali em Pavão-Pavãozinho e eu vi um elevador alto, bonito para fazer o povo lá de cima pegar o metrô..."
"...Certamente alguém vai olhar e vai dizer: esse [governador] Sérgio Cabral, esse Lula e esse [prefeito] Eduardo Paes são uns babacas...”
“...Em vez de gastar dinheiro em um centro de música fino, ficam fazendo elevador para pobre. Pobre tem mais é que engrossar a canela e andar".
A menção ao “centro de música fino” teve endereço. Foi uma referência à Cidade da Música.
Uma obra erigida na gestão do ex-prefeito Cesar Maia (DEM). Coisa inacabada, sob investigação do Tribunal de Contas e do Ministério Público.
Escrito por Josias de Souza
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