Enviado por Ricardo Noblat -
18.12.2009
| 14h49m
A moda e a candidata
A ex-ministra do Meio Ambiente leva uma vantagem importante sobre os corredores que hoje lideram: enquanto Dilma e Serra precisarão cada um fazer a própria campanha, a de Marina é feita pelos outros

Do blog do Alon:
A aritmética dos estrategistas no governismo calcula, com razão, que Ciro Gomes fora do páreo presidencial conduz a uma grande chance de a eleição ser decidida no primeiro turno.
Nas contas deles, a ministra Dilma Rousseff capturaria três em cada quatro eleitores que hoje estão satisfeitos com o governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Chegaríamos assim aos cerca de 60% que Lula fez em 2002 e quatro anos depois. Ou um pouco menos, mas suficiente para estourar champanhe já na primeira rodada.
Na oposição também se avalia que a coisa pode mesmo ser resolvida de cara, mas a favor do candidato do PSDB. Que partiria do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste com uma margem impossível de reverter no Norte e no Nordeste.
A oposição não é tão otimista quanto o governo, tampouco afunda no pessimismo. Para ela, Lula e Dilma falam sozinhos, e quando o candidato tucano alçar voo a coisa vai mudar.
Como a estratégia do PT está mais do que anunciada, tempo de preparação é que não terá faltado, em meados do ano que vem, para o desafiante do PSDB entrar bem no debate.
Mas há uma variável que preocupa os dois lados hoje favoritos, e cuja dimensão ninguém consegue ainda medir precisamente: Marina Silva. A senadora vai tocando sua pré-campanha em quase silêncio.
De vez em quando aparecem notícias sobre conversas com o PSol. E agora na Conferência do Clima, como era previsível, a ex-ministra do Meio Ambiente ganha mais um bom espaço na imprensa. E só.
A aparente debilidade da postulação chega a suscitar especulações, palacianas e tucanas, de que o volume dos recursos necessários na campanha presidencial levará Marina a desistir.
Considerando a biografia dela, talvez não se trate de uma boa aposta. Até porque Marina leva uma vantagem importante sobre os corredores que hoje lideram: enquanto Dilma e Serra precisarão cada um fazer a sua própria campanha, a de Marina é feita pelos outros.
Sei que é uma impossibilidade, mas e se algum especialista de agência de propaganda calculasse na ponta do lápis o tanto de mídia, espontânea ou não, obtida pela pauta ambiental nos últimos meses? O tanto que se falou em aquecimento global. O sentido de urgência urgentíssima atribuído à missão de, aqui e agora, salvar o planeta.
No Brasil, falou em meio ambiente, pensou em Marina Silva. Até porque o sucessor dela no ministério, Carlos Minc, tem sido politicamente suprimido. Não há alguém no governo que dispute a simbologia. Nem na oposição.
O governador de São Paulo, José Serra, vem trabalhando para ocupar a área, como se viu em Copenhague. E Dilma deu um jeito de pegar o assunto a unha. Mas ambos entraram bem depois na corrida, e quem chega antes bebe água limpa, diz o ditado.
Quantos votos terá Marina num eventual primeiro turno? Ela não precisa de muitos, basta a quantidade suficiente para provocar o segundo e virar o fiel da balança, arrancando compromissos vitais para a agenda verde.
Mas eleição não é raio em céu azul. Ela costuma ser preparada bem antes, nos discursos, nos programas, na ênfase dada aos assuntos, nos alinhamentos — ainda que potenciais.

Daí que Serra esteja a fazer a corte de Marina desde já, enquanto Dilma busca cortejar os eleitores da senadora. Pelo andar da carruagem, o tucano confia mais em sua capacidade de atrair a ex-ministra, enquanto Dilma, dado o histórico de disputas áridas entre ambas, sai em desvantagem.
Outro detalhe fundamental para Serra: numa eleição em que os adversários trabalharão para rotulá-lo de “conservador”, não há hoje vacina melhor do que a identificação com a agenda verde, transformada universalmente em sinônimo de “progressismo”.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.